O absurdo desconcertante no conto “Os homens que se transformavam em barbantes” de Ignácio de Loyola Brandão
DOI:
https://doi.org/10.21814/2i.6006Palavras-chave:
Fantástico; Humor; Crítica social; Conto brasileiro contemporâneo.Resumo
O conto “Os homens que se transformaram em barbantes” (1976) é marcado pela confluência entre o fantástico e a crítica social, legitimando um drama grotesco sustentado pelo poder atribuído a um objeto, o que nos remete a Calvino (1990, p. 47) que diz: “numa narrativa um objeto é sempre um objeto mágico”. O desvio natural e social na composição da figura humana se apropria metaforicamente de motivos perenes na literatura fantástica como a metamorfose física, o absurdo e a sátira para evocar a decadência humana e um mundo em desagregação. No relato, um homem na normalidade do seu cotidiano experimenta a anormalidade da transformação do seu corpo em barbante. A metamorfose física enaltece a libertação do corpo humano de suas propriedades naturais. Por esse viés, o objetivo desse trabalho é analisar o conto selecionado, acatando como linha de força a condição bizarra da coisificação humana, que se desvela pelo insólito, na linhagem da sátira e do exagero. Nesse sentido, são oportunos os postulados teóricos de Bergson (1983), Propp (1992), Roas (2001, 2014), Campra (2001, 2016) e outros.
Downloads
Referências
Bakhtin, M. (2010). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais (trad. Yara Frateschi Vieira). Hucitec.
Bessière, I. (2001). El relato fantástico: forma mixta de caso y adivinanza. In D. Roas (Eds), Teorías de lo fantástico (pp. 83-104). Arco Libro.
Bessière, I. (2012). O relato fantástico: forma mista do caso e da adivinha. Revista FronteiraZ, 305-319. Consultado em https://adamo.pucsp.br/index.php/fronteiraz/article/view/12991/9481
Bergson, H. (1983). O riso: Ensaio sobre a significação do cômico. (2. ed, trad. Nathanael C. Caixeiro). Rio de Janeiro: Zahar editores.
Brandão, I. de L. 1987). “De onde nascem as histórias”. In O homem do furo na mão e outras histórias (pp. 72-29). São Paulo: Ática.
Brandão, I. de L. (2002a). Cadeiras Proibidas. (9. ed). Global Editora.
Brandão, I. de L. (2002b). Cadernos de Literatura Brasileira. Instituto Moreira Sales.
Brandão, I. de L. (2008). Entrevista por Steen, Edla van. Viver e escrever. (2. ed, pp.180-203). L&PM.
Campra, R. (2001). Lo fantástico: una isotopía de la transgresión. In D. Roas (Eds), Teorías de lo fantástico (pp. 153-191). Arco Libros.
Campra, R. (2016). Territórios da ficção fantástica (trad. Flávia Pestana). Dialogarte Publicações.
Calvino, I. (2004). Introdução. In I. Calvino (Eds). Contos fantásticos do século XIX: O fantástico visionário e o fantástico cotidiano (pp. 45-65). Companhia das Letras.
Ceserani, R. (2006). O fantástico ( trad. N. C. Tridapalli). Curitiba: UFPR.
Dalcastagnè, R. (1996). O Espaço da Dor: O regime de 64 no romance brasileiro. Editora da Universidade de Brasília.
Freud, S. (1996). O estranho. In S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (v. 18, pp. 237-269), (trad. e ed. geral Jayme Salomão) Imago.
García, F. (2007) O “insólito” na narrativa ficcional: a questão e os conceitos na teoria dos gêneros literários. In F. García (Eds), A banalização do insólito: questões de gênero literário – mecanismos de construção narrativa. (pp. 10-22). Dialogarts.
Gama-Khalil, M. M.; Santos, J. da S. (Eds). (2018). Nos labirintos do medo: Estudos sobre o medo na ficção. Bonecker.
Kayser, W. J. (2013). O grotesco: configuração na pintura e na literatura. (trad. J. Guinsburg). Perspectiva.
Moraes, E. R. (2017). O corpo impossível: A decomposição da figura humana, de Lautréamont a Bataille. Iluminuras.
Propp, V. (1992). Comicidade e riso (trad. Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade). Ática.
Roas, D. (Eds). (2001). Teorías de lo fantástico. Arco Libros.
Roas, D. (2014). A ameaça do fantástico: Aproximações teóricas. (trad. J. Fuks). UNESP.
Santos, F. R. da S. (2009). Grotesco: um monstro de muitas faces. In F. R. da S. Santos, Lira dissonante: considerações sobre aspectos do grotesco na poesia de Bernardo Guimarães e Cruz e Sousa [online]. São Paulo: Editora UNESP; Cultura Acadêmica. Consultado em http://books.scielo.org
Simões, M. J. (2004). Metamorfoses do corpo no fantástico e no grotesco românticos. In H.C. Buescu; J. F. Duarte; F. F. da Silva (Eds), Corpo e paisagem românticos. (pp. 433-445). Colibri.
Sodré, M.; Paiva, R. (2002). O império do grotesco. Mauad.
Todorov, T. (1975). Introdução à literatura fantástica (trad. de Maria Clara Correa Castelo). Perspectiva.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Antonia Marly Moura da Silva

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.