https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/issue/feed Diacrítica 2025-03-10T08:05:24+00:00 Maria do Carmo Lourenço-Gomes | Márcia Oliveira diacritica@elach.uminho.pt Open Journal Systems <p>A Diacrítica é uma revista científica de cariz multidisciplinar dedicada aos estudos literários, artísticos, culturais e linguísticos. São publicados três números anualmente que integram um dossiê temático (com abertura de chamada) e as secções varia, recensão e entrevista (com submissões em fluxo contínuo). É editada pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM) desde 1986 e subsidiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desde janeiro de 2017 é publicada também em formato eletrónico.</p> <p>ISSN 2183-9174 (formato eletrónico)</p> <p> </p> https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5783 Sobre derivas e travessias: restos de um sertão feito de letras em Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha 2025-03-10T08:05:05+00:00 Cintia Borges cintiaborgesaf@gmail.com <p>Leitor de Guimarães Rosa e de Euclides da Cunha, o cineasta Glauber Rocha retorna à região do sertão para explorar seus escombros e escutar o silêncio das palavras mudas na longa-metragem <em>Deus e o Diabo na Terra do Sol</em> (1964). Atravessando páginas e paisagens, o cineasta decanta referências teóricas, restos de leituras, anotações esparsas e depoimentos de moradores para produzir a alegoria de um sertão em transformação em um país à beira de um golpe de estado.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Cintia Borges https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5585 O romance ibérico e uma estória de Guimarães Rosa 2025-03-10T08:05:19+00:00 Maria Alice Ribeiro Gabriel rgabriel1935@gmail.com <p>O escritor brasileiro João Guimarães Rosa (1908-1967) conciliou as culturas erudita e popular, recriando vários géneros literários, de provérbios a contos populares, fábulas, formas da poesia oral, canções e poemas narrativos. Considerando que muitos estudiosos reconhecem na obra de Guimarães Rosa referências a romances de cavalaria e ao romanceiro ibérico, este artigo objetiva analisar motivos e temas das baladas tradicionais <em>Conde Flores</em>, <em>A volta do navegante</em> e <em>O regresso do marido</em> presentes em “A volta do marido pródigo”, conto de <em>Sagarana</em> (1946).</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Maria Alice Ribeiro Gabriel https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5470 Identidade cultural e competência intercultural do Padre Joaquim Guerra: partindo da micro-história de um tradutor e do modelo de competência intercultural 2025-03-10T08:05:24+00:00 Qingxian Liang liangqingxian1206@outlook.com <p>Sendo a coleção poética mais antiga da China, o <em>Shijing</em> é um clássico da literatura chinesa. A sua tradução para outras línguas ajuda os leitores estrangeiros a compreender a vida e os aspetos sociais do povo da China antiga e a apreciar a cultura chinesa de então. O Padre Joaquim Angélico de Jesus Guerra S. J. (1908-1993) foi o primeiro, e até agora o único, a traduzir os 305 poemas do <em>Shijing</em> para português. O presente artigo parte do cruzamento entre a micro-história de tradução e a competência intercultural, tomando como objeto de estudo o perfil bibliográfico do Padre Joaquim Guerra e as suas principais estratégias de tradução do<em> Shijing</em>. Este artigo pretende mostrar a identidade cultural e competência intercultural de Guerra e manifestar a aplicabilidade do modelo de competência intercultural ao tradutor literário.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Qingxian Liang https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5676 Dos géneros sexuais para os géneros artísticos em Almada Negreiros 2025-03-10T08:05:12+00:00 João Pedro Carvalho joaoprcarv@gmail.com <p>Este ensaio analisa algumas teorizações de Almada Negreiros sobre géneros sexuais, focando-se no diálogo interartístico entre a conferência “Direcção Única” e a peça de teatro “Deseja-se Mulher”, contextualizando o pensamento almadiano dentro das suas teorias estéticas sobre a relação entre géneros artísticos, e pela sua tentativa geral de harmonizar a tensão entre diversos géneros e um Todo. A análise toma como exemplo estruturante os pensamentos intergénero de Jacques Derrida e Hélène Cixous.</p> <p style="font-weight: 400;"> </p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 João Pedro Carvalho https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/6034 Antonio Monegal (2024). Como o ar que respiramos. O sentido da cultura. Lisboa: Objectiva. 199 pp. (Trad. de Gonçalo Neves) 2024-11-11T19:31:00+00:00 Carlos Pazos-Justo carlospazos@elach.uminho.pt <p>Catedrático de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na Universitat Pompeu Fabra, Antonio Monegal tem desenvolvido uma intensa carreira académica (doutorado por Harvard, docente na Cornell University) e liderou o Consell de la Cultura de Barcelona. O livro agora em análise, que recebeu (na edição em espanhol) o Premio Nacional de Ensayo em 2023, aborda de diferentes perspetivas o complexo construto que denominamos cultura ao longo de um Preâmbulo, 15 capítulos, aos quais o A. acrescenta uma nota de agradecimentos e uma bibliografia selecionada que a seguir sintetizamos.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Carlos Pazos-Justo https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/6292 Introdução (Vol. 38.3/2024). Divino Masculino, Divino Feminino, Divino Outro 2025-02-26T09:53:58+00:00 Guilherme Borges Pires guilhermeborgespires@fcsh.unl.pt Isabel Gomes de Almeida icalmeida@fcsh.unl.pt Isabel Araújo Branco iabranco@fcsh.unl.pt <p>O volume 38.3 da <em>Diacrítica</em> reúne o dossiê temático <em>Divino Masculino, Divino Feminino, Divino Outro: Teorias, Práticas e Expressões Generizadas do Fenómeno Religioso</em>, que explora as intersecções entre género e religião sob múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas. Resultado de uma reflexão plural e conjunta, inicialmente espoletada pelo colóquio <em>Género e Religiões</em> (2022) e pelo subsequente ciclo de conferências homónimo, que visaram fomentar um debate interdisciplinar em torno das implicações do género no fenómeno religioso em diversos contextos históricos, culturais e sociais, este volume apresenta estudos de caso referentes a diferentes temáticas, cronologias e geografias. Para além de uma apresentação sumária dos contributos, a presente introdução oferece um breve enquadramento conceptual, ao mesmo tempo que traça um panorama sintético da evolução das abordagens ao género e à religiosidade, destacando o impacto do aparato crítico pós-moderno e feminista, e enfatizando a contribuição dos aportes académicos ibero-americanos para o tema. Além disso, sublinha-se o caráter dinâmico e permanentemente (re)negociado do género e da religião, vistos como construções sociais interligadas, realçando-se a importância das abordagens interseccionais. Em suma, o volume não apenas reflete os debates académicos prévios, como também se propõe como um passo adicional num diálogo contínuo, promovendo olhares plurais que transcendem os limites cronológicos, geográficos e teóricos tradicionais.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Guilherme Borges Pires, Isabel Gomes de Almeida, Isabel Araújo Branco https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5852 De preconceitos a reconstruções: os estudos de resquícios humanos ao longo dos séculos 2025-03-10T08:04:46+00:00 Luana Batista-Goulart luanabg@gmail.com <p>O estudo de resquícios humanos começou no XIX, quando os trabalhos publicados reforçavam os preconceitos de etnia e de gênero comuns na sociedade da época. Desde então houve muitas transformações nos objetivos e nas metodologias da disciplina, devido aos avanços na Ciência, mas também à participação de mulheres e de pessoas negras e indígenas na produção do conhecimento. Durante esse processo surgiu uma nova abordagem, a bioarqueologia, que integra elementos da arqueologia, da antropologia biológica e de outras áreas do conhecimento. A bioarqueologia nos permite fazer um estudo mais detalhado sobre as condições de vida em sociedades do passado. Diversos elementos vão determinar o acesso de indivíduos a recursos em quantidade e qualidade suficientes para a sobrevivência, dentre eles o gênero e a religião. Nesse artigo discutimos como os conceitos de gênero e de religião eram tratados desde o início da disciplina até o período atual, e como eles podem ser empregados como elementos da análise interseccional em bioarqueologia.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Luana Batista-Goulart Goulart https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5851 Virgindade e (in)visibilidade em textos da literatura religiosa da Idade Média 2025-03-10T08:04:50+00:00 Ana Paiva Morais anapm@fcsh.unl.pt <p>Na literatura religiosa da Idade Média, desenvolveram-se estratégias de diversa ordem que visavam definir ou controlar âmbitos, contextos e modalidades das representações simbólicas do género feminino. Neste artigo são analisados alguns conceitos que integraram este universo de representações do género nos séculos XIII e XIV. Examina-se, em particular, a noção de “Virgindade” com base em dois textos da literatura hagiográfica, “Vida de Eufrosina” e “Vida de Santa Maria Egipcíaca”, a partir do códice alcobacense 266. Procura-se, através da análise das suas articulações com a questão da visibilidade/invisibilidade, demonstrar o alcance hermenêutico da problemática da virgindade.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Ana Paiva Morais https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5650 A viagem do silêncio. Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli 2025-03-10T08:05:16+00:00 Maria João Castro mariajoaocastro@fcsh.unl.pt <p>Santa Maria <em>Scala Coeli</em> foi o último mosteiro da Ordem da Cartuxa em Portugal. Durante séculos o espaço foi um mundo acessível apenas aos monges que nele habitaram. Com a partida dos últimos religiosos em 2019, o complexo foi temporariamente visitável até voltar a encerrar ao público para acolher as irmãs da Ordem do Verbo Encarnado. A mudança de paradigma (da ordem masculina para a feminina) trará uma nova vivência ao icónico mosteiro alentejano mas a atmosfera certamente permanecerá imutável, assente numa comunidade religiosa estruturada a partir do silêncio e do isolamento. Esta reflexão pretende reproduzir um olhar dicotómico entre espaço e tempo religioso numa poética a traduzir, momentaneamente, o espírito do lugar.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Maria Joao Castro https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5797 O parangolé após as experiências: ressignificação de ritos e participação em vanguardas brasileiras 2025-03-10T08:04:57+00:00 Matteo Gigante giga.matteo91@gmail.com <p>Ao observar exemplos de participação do público na cocriação de iniciativas culturais, artistas como o modernista Flávio de Carvalho, com as suas <em>Experiências</em>, e Hélio Oiticica (HO), com os seus <em>Parangolés</em> mostram expressões do que chamaremos ‘arte do acontecimento’. Apelando à participação ativa do público a arte conjuga-se de forma inesperada, orientando-se na incerteza de cada instante, aproveitando da cultura popular e da ressignificação de elementos religiosos para a desconstrução de dogmas. Assim, analisando o texto que narra a <em>Experiência nº 2</em>, bem como como a <em>Experiência</em> nº 3, observamos como alguns dos pressupostos intelectuais deste modernista heterodoxo influenciarão o projeto estético e ideológico tropicalista de HO. Neste sentido, através de alguns <em>Parangolés</em> e do <em>heliotexto</em> “O herói anti-herói e o anti-herói anônimo” (1968), analisaremos estas obras numa perspetiva literária, interpretando as subjacentes leituras decoloniais do cenário cultural brasileiro. A marginalidade e as turbulências mentais junto ao questionamento da violência hegemónica e contra-hegemónica serão elementos inspiradores de obras que, reivindicando a participação de categorias oprimidas, permitem planear a desconstrução de mitos e ritos da civilização eurocêntrica.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Matteo Gigante https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5819 O divino feminino na arte de Ana Mendieta e Clara Menéres 2025-03-10T08:04:53+00:00 Teresa Lousa teresa.lousa@gmail.com José Eliézer Mikosz antarm@gmail.com <p>Este trabalho evidencia, através da obra das artistas Ana Mendieta e Clara Menéres, as ações que floresceram nos anos 1960 e 1970. Um período rico em transformações sociais que envolviam questões políticas, de género, raciais, culturais, religiosas e que repercutem até na atualidade. Estas artistas lutaram contra a visão engessada da sombra patriarcal ainda forte no período, posicionando-se e ressignificando tradições ancestrais onde o feminino tinha um protagonismo ligado à fertilidade, à terra, à criatividade e aos cuidados com a natureza. Vê-se assim o surgimento de obras de arte provocadoras e transformadoras de significado profundo e actual que tiveram por base o ecofeminismo, enquanto forma de ativismo, luta pelos direitos da sensibilidade e visão feminina e pelo cuidado com a natureza, que ainda se encontram tão aviltados por interesses capitalistas e de explorações patriarcais. Partindo de uma metodologia qualitativa documental e semiótica, foram analisadas iconograficamente obras das artistas, em particular a série <em>Silueta</em>s de Ana Mendieta e <em>Mulher-Terra-Viva</em> de Clara Menéres, à luz de ideias filosóficas de autoras como Stengers e Starhawk, de palavras das próprias artistas, bem como dos contextos sociais e religiosos das mesmas. Este artigo pretende contribuir para lançar mais luz sobre o lado místico da obra artística de duas mulheres hispânicas da mesma época que, nunca se tendo cruzado, têm tanto em comum e cuja relação merece ser articulada.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 José Eliézer Mikosz, Teresa Lousa https://revistas.uminho.pt/index.php/diacritica/article/view/5861 O terror imaculado no cinema de terror contemporâneo 2025-03-10T08:04:34+00:00 Patricia Saldarriaga psaldarr@middlebury.edu <p>Partindo de uma perspetiva global, este artigo examina uma série de filmes que exploram a manipulação das narrativas religiosas em torno dos corpos femininos em termos de reprodução (abortos, gravidezes), violência (estupros e feminicídios) e uma imaginação deficiente frequentemente atribuída às mulheres. Destaca-se a conexão entre religião e capitalismo. Do mesmo modo, grande parte do cinema contemporâneo de terror expõe a ocupação dos corpos femininos por forças divinas ou demoníacas e rejeita o consentimento parcial imposto a esses corpos, especialmente quando a agência, subjetividade e desejos das mulheres foram restringidos. Filmes como <em>La Inmaculada</em> revelam-se como obras iconoclastas que procuram restaurar a agência feminina.</p> 2024-12-28T00:00:00+00:00 Direitos de Autor (c) 2025 Patricia Saldarriaga