António de Araújo de Azevedo: Um limiano que foi o 1.° Conde da Barca

Autores

  • Eurico de Ataíde Malafaia

Resumo

A riqueza da vida está, inúmeras vezes, naquilo que de bom vamos descobrindo nela. Tendo feito, em circunstâncias diversas, algumas dezenas de intervenções culturais, a que chamo palestras, no sentido de que procuro conversar com quem me escuta, e participando hoje numa assembleia de matriz laudatória, sinto-me enriquecido com o intróito musical, de muita qualidade, que pudemos escutar. Para além da justificação cultural própria, essa delicada intervenção trouxe nobreza ao acontecimento e, provavelmente, transmitiu a todos um clima de paz e de serenidade, que é propício à aproximação entre esta esclarecida assembleia e aqueles que assumiram o encargo de fazer uso da palavra. Foi a primeira nota gratificante desta jornada.

Biografia Autor

Eurico de Ataíde Malafaia

Licenciado em engenharia têxtil, em França, por Instituto Superior dependente da Universidade de Nancy, onde concluiu o curso, com distinção, no ano de 1955. Fez vida fabril durante dez anos, em postos de direcção geral ou técnica tendo actividade em todos os ramos da indústria têxtil, com excepção da confecção.
Durante esse período trabalhou como consultor do então Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), núcleo governamental de apoio ao sector. Porém cedo se apercebeu, por comparação com os coeficientes de produtividade de grandes empresas europeias onde havia estagiado, que a falta de formação da mão de obra nacional e a rotina instalada que levaria décadas a corrigir, colocavam no plano de inviabilidade e de uma forma irreversível em Portugal a indústria têxtil nacional, com excepção daquela que enveredasse por uma sólida especialização. Deste modo, e pela experiência adquirida, transferiu a sua actividade para o domínio da administração de empresas, nas mais diversas áreas, mas sobretudo na imobiliária, deixando o seu nome ligado a diversos e modelares empreendimentos na zona Lisboa-Cascais, de iniciativa de empresa luso-sueca, da qual, durante muitos anos foi administrador-delegado. Posteriormente, aproveitando o conhecimento alargado que tinha na área industrial, foi-lhe possível corresponder, com êxito, ao convite que lhe foi feito para efectuar "análises de risco" para Empresas Seguradoras, tarefa sem carácter permanente e que decorreu durante vários anos. E um trabalho que exige experiência, sensibilidade, seriedade e grande sentido de investigação. Tratava-se de analisar instalações, procurar definir o local provável onde poderia ocorrer um acidente (incêndio) e quantificar "o prejuízo mínimo provável para a Seguradora". Foi uma tarefa feita com muito agrado pois permitiu-lhe estudar, antes de cada visita, a tecnologia própria da actividade, para depois chegar ao terreno e analisar com um mínimo de conhecimentos específicos. A confirmação pelo gosto de investigar, junta-se o já antigo e obcecado apreço pelas ciências humanas, nomeadamente pela História, à qual se dedicou com mais determinação, porque com mais tempo disponível, mas colocando-se sempre na posição de investigar para saber, e não para se promover. Com este espírito nasceu (1997) a obra Pelourinhos Portugueses - Tentâmen de Inventário Geral, editado por inspiração alheia pela INCM e que, agora, entra na segunda edição, naturalmente revista e actualizada. Este livro teve grande
importância no estímulo que criou para a recuperação dos Pelourinhos, como se verá na nova edição. A circunstância de a INCM terem grande e legítimo apreço a existência na obra de um prefácio do Ex. mo Senhor Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão - como veio a suceder -Ievou-o ao contacto com ele e com a Academia Portuguesa da História, onde teve a honra se ser admitido como Académico Correspondente. Em Novembro de 1998 apresentou ali a sua primeira comunicação desenvolvendo, a pedido, o tema Os Pelourinhos no Mundo Português. A partir daqui a vida intelectual passou a ser dominada pela sua ligação à Academia, a qual determinou uma motivação nova na ocupação do tempo. Todos os anos apresentou comunicações sobre temas diversos, sobretudo ligados à História Luso-Brasileira. Teve frequentes intervenções na Academia, em manifestações em que ela tomou parte, quer em Portugal e no Estrangeiro (Espanha e Brasil) ou noutras circunstâncias, fazendo palestras, comunicações ou escrevendo, quase sempre homenageando pessoas ou Instituições, trabalhos que prepara com grande sentido de responsabilidade. Em 22.10.2003 foi eleito por unanimidade Secretário-Geral da Academia, cargo a que teve de renunciar seis meses mais tarde, porque havia sido submetido a uma intervenção cirúrgica vascular na perna direita. Participou de um modo destacado e entusiástico na colaboração prestada ao Arquivo Distrital de Braga/Universidade do Minho nas comemorações dos 250 anos decorridos sobre a data do nascimento de António de Araújo de Azevedo - Conde da Barca e dos 200 anos passados sobre a data da sua chamada ao governo (D. João VI). Foi apresentado um livro de sua autoria, suportado por um longo período de investigação, editado pelo Arquivo, fazendo quatro conferências, sendo uma no Brasil, no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Duas delas encontram-se publicadas na revista FORUM, do Conselho Cultural da Universidade do Minho. Em Setembro de 2001 havia sido eleito Académico de Número da Academia Portuguesa da História e, desde 16.7.2003 é Académico Correspondente do Instituto Histórico-Geográfico da Bahia.

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Publicado

2019-10-14

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Artigos