Memórias de um bibliófilo amador

Autores

  • Artur Anselmo

Resumo

Não conheço ninguém que tenha começado a amar os livros sem primeiro exercitar o gosto da leitura. No meu caso, devo às excelentes freiras franciscanas que me ensinaram as primeiras letras, no Colégio Português de Valença do Minho, esse gosto infinito com que desejaria acabar os dias desta vida. Ler, soletrar, decorar, era também manusear o livro, cheirar-lhe as folhas, escrever nas margens, encapá-lo com papel azul acetinado, olhar para ele sobre a carteira, levá-lo para o recreio, tê-lo, possuí-lo, devassá-lo, correr-lhe as folhas do fim, antever o momento em que fosse chamado a prestar contas dos meus conhecimentos, encaixá-lo na pasta para o exame final. "Abra o livro ao acaso" - pedia o examinador aos alunos que iam sendo chamados. O meu livro de leitura abria-se automaticamente na Venda dos Bois, de Gonçalves Crespo, que eu sabia de cor.

Downloads

Publicado

2019-10-25

Edição

Secção

Artigos