Paul Morand e Portugal 1924-1975
Resumo
Trabalhávamos então, o Victor de Sá e eu, em Paris, sob direcção do professor Bourdon, eminente historiador, especializado em história de Portugal e luso-orientalismo, que tinha sido director do Instituto Francês em Lisboa, e conhecia admiravelmente as coisas do nosso país, especialmente a nossa Universidade, a nossa sociedade e o povo que somos. Extremamente rigoroso, agarrado ao facto e ao documento, inimigo da ênfase, da extrapolação, da frase vácua, Bourdon sujeitava-nos a tratos de polé. Não fazia política, mas era um homem das direitas. Victor de Sá era, como sempre seria, um homem das esquerdas, coerente, com uma visão da História, de que deduzia um sentido e um futuro melhor para a humanidade. Nos seus raros momentos de confidência, Bourdon discutia das minhas deficiências com o Victor de Sá, e comprazia-se em falar dos progressos do Victor de Sá comigo mesmo.