O Marquês de Fronteira e o teatro do seu tempo
Resumo
São abundantes as referências pelo Marquês de Fronteira nas suas Memórias ao teatro do seu tempo. Pretende-se com este texto detectar a importância relativa que a arte teatral- tanto lírica, como declamada - vai assumindo ao longo dos diferentes estádios da vida de D. José Trazimundo, tal como a documentam as Memórias. Desde a primeira ida ao teatro na infância, até à frequência "social" do S. Carlos, sucedem-se diferentes tipos de relação com o teatro: o divertimento dos entremezes e farsas, as representações amadoras, os boicotes aos tenores, a agitação revolucionária na plateia do S. Carlos, a admiração pelo teatro visto nas cidades estrangeiras, a integração numa companhia cómica de aristocratas e diplomatas, as dificuldades para reabrir o S. Carlos quando exerceu o cargo de Inspector-Geral dos Teatros face à incompreensão do Ministro responsável, etc. Procurar-se-á integrar esta visão pessoal na evolução conhecida do teatro deste tempo, e compará-la, por outro lado, à visão de um burguês da mesma época, Francisco José de Almeida, autor dos "Apontamentos da vida de um homem obscuro".