Evocação de João Penha

Autores

  • Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos
  • Manuel José Silva

Resumo

"Que saudosas recordações me não desperta esta simples palavra: Coimbra!
Saudosas e longínquas recordações que bem fundo se enraizam num passado de não há menos de sessenta anos, mas que por vezes tão intensamente revivem que nem parecem de tão afastados tempos. ( ... )" - eis o início de Por estradas e atalhos, da autoria de Bettencourt-Rodrigues (da Academia de Ciências de Lisboa e do Instituto de Coimbra), memorialista insigne da geração académica a que pertenceu João Penha. Ainda na mesma obra, conta Bettencourt-Rodrigues que, estando muito tempo sem nada receber da pensão que lhe fora votada pelo Parlamento, o poeta Gomes Leal havia publicado, no Diário de Notícias, as seguintes quadras: "( ... ) Salvé, João Penha Fortuna,! Oue fortuna alguma tens,! Oue és um rico de intelecto,! Mas
'magriço' de vinténs.! Salvé, ó meu velho João Penha,! Ó fraterno amigo meu, ! Oue hás-de obter uma pensão! De S. Pedro, lá no Céu!. .. I" 2. Irmanando o seu infortúnio ao de João Penha, que se encontrava em Braga, tal como ele próprio em Lisboa, doente e quase octogenário, em confrangedora situação de pobreza envergonhada, o poeta Gomes Leal alertava, num grito mal contido de desespero, para a injusta ausência de ventura, falaciosamente entressonhada, pelas duas 'glórias' nacionais, em tantos e tão aventurados dias de inesquecível mocidade. E, todavia, a vida e a obra legada pelo Dr. João Penha, nascido em Braga no ano de 1839 e licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1873, não auguravam desdita similar.

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Publicado

2020-09-16

Edição

Secção

Documentação e Vária