Carrington da Costa pedagogo, autodidacta e cientista

Autores

  • Justino Magalhães

Resumo

Tendo tido oportunidade de passar várias horas, concentrado, reflectindo e fazendo pesquisas, na Biblioteca Carrington, que retoma, em parte a integridade de um scriptorium humanista, com cadeirões episcopais, forrados de veludo/ púrpura, uma mesa central, as paredes inteiramente revestidas de livros, apoiados numa estantaria em madeira de castanho, situada num salão terminal, com Janelas, em duas paredes a que não falta a providencial lareira, assalta-me uma representação do Senhor de Montaigne, deambulando no torreão da sua casa da Gasconha, acompanhado dos "seus livros", exorcizando as verdades e as efabulações que não tinham tradução na realidade, deixando para depois os livros que constituíam uma dificuldade acrescida, porque ou ainda os não podia entender, ou seguramente jamais os entenderia, numa sobranceria intelectual sobre a complexa e animada realidade envolvente. Muito provavelmente Carrlngton da Costa não pôde dispor do mesmo distanciamento em relação às suas fontes, nem de um deambulatório para as suas cogitações. Provavelmente também as suas obras nunca estiveram arrumadas com a disposição que hoje apresentam, protegendo esse espaço de mediação/ distanciação entre o investigador e os livros, que as actuais instalações permitem. Mas muito provavelmente ainda, as figuras de Carrington da Costa e de Montaige não deixariam de cruzar-se, percorrendo idênticos passos na busca de verdade.

Downloads

Publicado

2021-02-25

Edição

Secção

Artigos