Eduardo da Cunha Serrão e os anos 60-70, na arqueologia do Sul de Portugal

Autores

  • Francisco Sande Lemos

Resumo

A década de setenta é um período charneira na história recente da arqueologia nacional. Nos primeiros anos da década persiste o universo institucional erguido à sombra do Estado Novo. A partir de 1974, reflectindo as mudanças que se operaram no conjunto da sociedade portuguesa, verificam-se rupturas na estrutura da arqueologia, extinguem-se organismos e criam-se novos pólos de actividade.
Em anteriores trabalhos (LEMOS 1987, 6-7; 1989, 93) evocámos o estado em que jazia a arqueologia portuguesa no final dos anos sessenta, produto de várias décadas de estagnação. O reduzido número de instituições científicas, os limitados efectivos de praticantes, as escassas verbas, constituíam dificuldades sublinhadas na própria época (ALARCÃO 1971, 7). A irregular periodicidade e o grande espaçamento dos Congressos Nacionais reflectiam profundas debilidades (I Congresso celebrado em Lisboa em 1958; II Congresso em Coimbra em 1970; III Congresso no Porto em 1973).
Mas, nos primeiros anos de setenta, já se distinguiam sinais de mudança na arquitectura institucional e no quadro científico construído sob o arcaico regime de Salazar.
Entre os arqueólogos que contribuiram para alterar esse panorama arcaizante figurava Eduardo da Cunha Serrão, recentemente falecido em Lisboa, no mês de Abril de 1991, com a idade de 85 anos. Economista na vida profissional, quadro superior do CTT-TLP, E.C.S. não estava ligado às entidades oficiais, ou oficiosas, que pontificavam no mundo arqueológico da capital, no início da década de setenta. Pôde assim ser um factor de mudança.
Como forma de homenagear a sua memória vamos recordar com certo pormenor esse tempo, tentando historiar o contributo de Cunha Serrão para a reorganização das problemáticas científicas e o seu papel na emergência de uma nova geração, numa determinada conjuntura institucional. 

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Publicado

1991-07-01