Abel Salazar, a Universidade e a Cultura

Autores

  • Lúcio Craveiro da Silva

Resumo

Os homens grandes são grandes mas cada um à sua maneira e é impossível, por isso, avaliá-los "numa balança ou entre os ponteiros de um compasso" para usar uma expressão de Teixeira de Pascoais. De facto, geralmente, na Universidade, apreciamos sobretudo os especialistas, aqueles que dedicam a sua vida e a sua obra ao aprofundamento dum tema ou dum assunto e, a priori, desconfiamos daqueles que se dispersam por vários assuntos ou vários ramos do saber. Ora, Abel Salazar, universitário ilustre, ultrapassando este critério que aliás tem a sua razão de ser, conseguiu ser grande em vários campos das ciências, das artes e das humanidades. Neste aspecto, cremos, por isso, que ele é um génio talvez mais para admirar do que para imitar pois geralmente um homem de cultura não possue ao mesmo tempo, a inteligência, a arte, o talento e a capacidade humana que cintilaram no perfil cultural de Abel Salazar. Ele foi eminente na medicina, na arte, na filosofia e na literatura, sempre em diálogo vivo com as correntes contemporâneas da cultura. É certo que não se pode alcançar a mesma estatura intelectual em todos esses campos. E Abel Salazar, nalgum deles, foi vítima de ideias feitas no seu tempo ou de uma cultura menos aprofundada. Mas mesmo nesses casos surge a sua original capacidade de reflexão e as suas perspectivas pessoais da concepção e missão da cultura que o tornaram sempre interessante mesmo quando os elementos de que parte ou estão ultrapassados, como no caso do Positivismo, ou não passavam de lugares comuns sem grande consistência histórica. Mas além de ser excepcionalmente eminente na medicina e na arte, mesmo nos outros campos mantém um lugar de relevo que merece o nosso estudo e admiração.

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Publicado

1990-01-01

Edição

Secção

Conferências