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Revista Ibero-Afro-Americana de Geografia Física e Ambiente

Iberian-African-American Journal of Physical Geography and Environment

Vol. 2, nº 1, 2020, 14-31. ISSN: 2184-626X

https://doi.org/10.21814/physisterrae.2618

Caracterização de solos no núcleo de desertificação de Gilbués, Piauí, Brasil, e sua relação com os processos de degradação

Soils characterization in the desertification nucleus of Gilbués, Piauí, Brazil, and their relationship with degradation processes

Gustavo Souza Valladares, Coordenação de Geografia, Universidade Federal do Piauí, Brasil, valladares@ufpi.edu.br

 https://orcid.org/0000-0002-4884-6588

Agenor Francisco Rocha Júnior, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Piauí, Brasil, agenorrochabsbpi@hotmail.com

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp https://orcid.org/0000-0003-3164-5058

Cláudia Maria Sabóia de Aquino, Coordenação de Geografia, Universidade Federal do Piauí, Brasil, cmsaboia@gmail.com

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp https://orcid.org/0000-0002-3350-7452

Resumo: No Brasil foram definidos quatro núcleos de desertificação: Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Seridó (PB) e Cabrobó (PE). No núcleo de desertificação de Gilbués, localizado no sudoeste do estado do Piauí da região Nordeste do Brasil, os solos são degradados por erosão hídrica, processo que se inicia com erosão laminar e evolui até formar voçorocas. O clima da região é considerado tropical úmido, mas tem vários meses de déficit hídrico e ocorrência de chuvas torrenciais. A geologia é representada pelo Grupo Areado, correspondendo a pelitos e arenitos. O objetivo perseguido neste trabalho foi o de caracterizar e classificar os solos de áreas degradadas no núcleo de desertificação de Gilbués. Foi selecionada uma topossequência com seis perfis de solos representativos das principais paisagens no entorno das áreas degradadas no município de Gilbués. Foram realizadas análises morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas. Os solos foram classificados e calculado o fator K de erodibilidade. A degradação dos solos está diretamente relacionada ao material de origem, em que solos originários de pelitos se mostraram mais erodíveis e em maior grau de degradação. Os diversos atributos indicaram relação com a degradação dos solos, em que a relação silte/argila, a atividade da argila, os teores de bases, a mineralogia esmectítica e a matéria orgânica indicam os solos mais frágeis.

Palavras-chave: Pedologia; Topossequência; Fragilidade ambiental; Erosão.

Abstract: In the Brazil, four desertification nuclei were defined, Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Seridó (PB) and Cabrobó (PE). In the Gilbués desertification nucleus located in the southwest of Piauí state, in North Eastern of Brazil, the soils are degraded by hydric erosion, a process that begins with laminar erosion until forming gullies. The region's climate is considered humid tropical, but it has several months of water deficit and torrential rain. Geology is represented by the Areado Group, corresponding to pelites and sandstones. The objective of this work was to characterize and classify soils from degraded areas in the Gilbués desertification nucleus. A toposequence with six soil profiles representative of the main landscapes surrounding the degraded areas in the municipality of Gilbués was selected. Morphological, physical, chemical and mineralogical analyzes were performed. The soils were classified and the erodibility K factor was calculated. Soil degradation is directly related to the parent material, where soils originating from pelites were more erodible and had a higher degree of degradation. The different attributes indicated a relationship with soil degradation, in which the silt / clay ratio, clay activity, base contents, smectitic mineralogy and organic matter indicate the most fragile soils.

Keywords: Pedology; Toposequence; Environmental fragility, Erosion.

Introdução

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972, impulsionou a I Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação (UNCD), em Nairóbi, em 1977, que conceituou desertificação como um fenômeno provocado pela degradação dos solos nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de diversos fatores como clima e atividades humanas. Este processo leva a muitas perdas para a humanidade e à degradação ambiental, sendo reconhecida internacionalmente como um problema mundial e que necessita de políticas de controle (Silva, 2019).

No nordeste brasileiro foram delimitados quatro núcleos de desertificação pelo Ministério do Meio Ambiente: Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Seridó (PB) e Cabrobó (PE) (Santana, 2007). No estado do Piauí está localizado o núcleo de Gilbués, sendo o de maior área contínua desertificada no país, atingindo direta ou indiretamente 15 municípios ao todo (Macambira, Monteiro, 2019). Em 2008 a área estimada de degradação era de aproximadamente 1.676 km2, sendo que a área total dos municípios afetados é de 7.760 km2 (Silva, 2008). O levantamento sobre a desertificação realizado no nordeste brasileiro indica fragmentação da vegetação nativa e alerta para a redução do bem-estar humano (Shulz et al., 2017).

Os solos degradados em áreas susceptíveis à desertificação geralmente sofrem por déficit hídrico, salinidade/sodicidade, baixos teores de matéria orgânica, baixos teores de nitrogênio, baixa reserva de nutrientes, alta erodibilidade, pedregosidade e rochosidade (Thomas, Middleton, 1993; Lal, 2001; Valladares et al., 2017, Corti et al., 2020). Vários atributos dos solos têm influência na erodibilidade, incluindo atributos físicos, químicos e mineralógicos (Almeida et al., 2010; Wei et al., 2019). É de fundamental importância o conhecimento dos processos pedogenéticos atuantes em áreas sujeitas a desertificação para melhor planejar o controle da degradação dos solos (Corti et al., 2020).

A degradação dos solos do núcleo de desertificação de Gilbués se inicia com erosão laminar, que se intensifica para sulcos e posteriormente para ravinamento intenso, levando à perda das camadas superficiais do solo mais ricas em nutrientes e que têm maiores condições de sustentar a biodiversidade (Crepani, 2009). O processo ocorre devido à remoção da cobertura vegetal nativa, que passa de arbórea para herbácea, sendo intensificado por eventos de chuvas intensas na região (Crepani et al., 2004; Crepani, 2009).

O conhecimento dos solos das terras degradadas no núcleo de desertificação de Gilbués é escasso. Existe um levantamento exploratório/reconhecimento realizado na escala 1:1.000.000 (Jacomine et al., 1987) e um mapeamento realizado também em nível exploratório, porém na escala 1:250.000 (CREN, 2014). Nesses trabalhos os solos descritos como predominantes são Latossolos Amarelos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Luvissolos crômicos e Neossolos litólicos. O presente trabalho objetivou caracterizar e classificar os solos de áreas degradadas do núcleo de desertificação de Gilbués, estado do Piauí, no Nordeste brasileiro.

1. Material e Métodos

Os solos caracterizados foram coletados no município de Gilbués, PI (Figura 1). O município localiza-se no sudoeste do estado do Piauí, próximo às nascentes do Rio Parnaíba. A região apresenta clima de transição entre clima tropical subúmido e semiárido, caracterizado por chuvas mal distribuídas, com precipitação anual variando de 800 a 1200 mm (Macambira, Monteiro, 2019). O tipo climático é o tropical subúmido, segundo Andrade Júnior et al. (2004), utilizando a classificação de Thornthwaite e Mather (1955). A vegetação é de Cerrado Sensu Stricto (França et al., 2017). Como principais feições geomorfológicas destacam-se chapadas, morros testemunhos e rampas longas (Sousa-Silva, 2014).

Figura 1: Localização dos solos estudados no município de Gilbués, PI.

A área de estudo está inserida na bacia sedimentar do Parnaíba, onde ocorrem rochas do Grupo Areado (Aguiar, Gomes, 2004; CPRM, 2006; Crepani, 2009), Formação Quiricó (Campos, Dardene, 1997; Crepani, 2009) com argilas expansíveis 2:1 (Sgarbi, 1991) e altos teores de matéria orgânica (Campos, Dardene, 1997) nas cotas inferiores e influência de arenitos e siltitos intemperizados nas camadas mais superiores das chapadas da Formação Três Barras (Sgarbi, 2000).

Foram coletadas 20 amostras de horizontes superficiais e subsuperficiais pertencentes a seis perfis de solos, distribuídos na área de estudo. O critério de amostragem foi a observação no campo de solos que ocorrem em diferentes posições na paisagem, localizados no topo da chapada (P1), na borda da chapada (P2), na encosta dissecada, nos terços médio e inferior (P3 e P4) com grau extremo de denudação, e em área de colinas com forte denudação (P5 e P6), com diferentes graus de degradação e de pedogênese, representativos dos principais pedoambientes da área de estudo aqui estudados em topossequência/litossequência. Os solos foram coletados, descritos e caracterizados analiticamente em laboratório, seguindo as recomendações adotadas pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Santos et al., 2005; Teixeira et al., 2017; Santos et al., 2018).

Na terra fina seca ao ar (TFSA) foram analisados os seguintes atributos: pH em água, pH em KCl 1N, K+, Na+, Ca2+, Mg2+, acidez potencial (H++Al3+), Al3+, Valor T (CTC do solo), Valor S (soma de bases), V% (saturação por bases), saturação por alumínio, carbono orgânico (C), P assimilável, areia fina, areia grossa, silte, argila, argila natural, grau de floculação e relação silte/argila (Teixeira et al., 2017). Em amostras indeformadas foi analisada a densidade do solo para cada horizonte (Teixeira et al., 2017).

O fator K é determinado pelos atributos do solo e está relacionado aos efeitos integrados de chuva, escoamento e infiltração, sendo responsável pela perda de solo durante eventos de chuvas intensas (Renard et al., 1997). Foi calculado através da equação experimental (Equação 1) (Wischmeier, Smith, 1978).

K = 2,1 x 10-6 x M1,14 x (12-OM) + 0,035 x (P-2) + 0,025 x (S-3)          (Equação 1)

Onde: M = (%silte + %areia fina)(100-%argila); OM= % de matéria orgânica; P= classe de permeabilidade; S = classe de estrutura.

As análises de difração de raios-X (DRX) foram realizadas no Laboratório Interdisciplinar de Materiais Avançados (LIMAV), na Universidade Federal do Piauí. As amostras foram separadas por fração em pó. As análises foram realizadas através do equipamento SHIMADZU XRD-6000 com radiação Cu-Ka, com os parâmetros de análise de varredura de 3-75°, voltagem padrão de 40KV/ 30mA e o passo de 1°/ min. Foram separadas as frações areia, silte e argila dos solos conforme Teixeira et al. (2017).

Foram efetuadas análises de correlação de Pearson. Os coeficientes de correlação tiveram sua significância testada pelo teste t de Student a 5% de probabilidade.

2. Resultados e Discussão

A topossequência tem 3763 m de extensão, um desnível de 112 m e caracteriza-se por representar uma chapada contornada por uma encosta dissecada, seguida por sua vez por um setor rebaixado constituindo o fundo de vale local. Os perfis de solos amostrados na topossequência e suas características ambientais são apresentados nas Figuras 2 e 3, e na Tabela I. Tais solos representam sistemas pedogenéticos representativos de diferentes pedoambientes e riscos de degradação por erosão no núcleo de desertificação de Gilbués.

Figura 2: Croqui da topossequência/litossequência representativa dos perfis de solos estudados em Gilbués, com corte geológico esquemático.

Tabela I: Localização e características dos pedoambientes.

Perfil

Localização/ ambiente

Rochosidade/ pedregosidade

Formação geológica

Erosão

P1- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico abrúptico

459958 W, 8910764 S, 436 m. Topo de chapada em relevo plano, com cobertura de cerrado senso strito.

Não rochoso e não pedregoso.

Produto do intemperismo de Arenitos da Formação Três Barras.

Não aparente.

P2-CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico plintossólico

459843 W, 8910815 S, 435m.

Borda de chapada em barranco de voçoroca, com relevo plano, com cobertura de campo cerrado ou solo exposto (decaptado pela erosão).

Não rochoso e não pedregoso.

Produto do intemperismo de Arenitos e Siltitos da Formação Três Barras.

Laminar moderada a forte e voçorocas na adjacência.

P3-NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário

459724 W, 8910641 S, 430 m. Terço superior de vertente em relevo suave ondulado com cobertura vegetal herbácea e solo exposto.

Não rochoso e ligeiramente pedregoso.

Folhelhos da Formação Quiricó.

Laminar forte.

P4- NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário

459599 W, 8910701 S, 424 m.

Terço inferior de vertente em barranco de voçoroca relevo suave ondulado com cobertura vegetal herbácea e solo exposto.

Não rochoso e ligeiramente pedregoso

Folhelhos da Formação Quiricó.

Laminar forte e voçorocas.

P5- PLINTOSSOLO HÁPLICO Eutrófico vertissólico

462261 W, 8908049 S, 430 m. Terço médio de colina em relevo suave ondulado e cobertura de campo cerrado ou solo exposto (decaptado pela erosão).

Não rochoso e não pedregoso.

Folhelhos da Formação Quiricó.

Laminar forte e voçorocas.

P6- LUVISSOLO CRÔMICO Pálico vertissólico

462270 W, 8908077 S, 430 m. Terço médio de colina em relevo suave ondulado e cobertura de campo cerrado ou solo exposto (decaptado pela erosão).

Não rochoso e não pedregoso.

Folhelhos da Formação Quiricó.

Laminar forte e voçorocas..

Figura 3: Imagens dos perfis de solos estudados e suas respectivas paisagens (A a K); folhelho do Grupo Areado, Formação Quiricó, com fendilhamento característico de argilas expansíveis 2:1, imagem da camada R do perfil P3 (L).

Dos seis perfis caracterizados dois são Plintossolos, um Cambissolo, um Luvissolo e outros dois Neossolos Litólicos (Tabela I e Figura 2). O perfil P1 foi coletado no topo da chapada, com vegetação de Cerrado preservada, presença de serapilheira e erosão não aparente, portanto com menor nível de degradação entre os perfis amostrados. O perfil P2, localizado na borda da chapada, marginando uma voçoroca com cobertura vegetal de Cerrado mais ralo do que o P1, apresenta erosão laminar forte no ponto da coleta, apesar do relevo local plano, mas, ao lado, o pedon foi completamente degradado devido ao solapamento das águas durante as chuvas intensas que drenam a encosta pela voçoroca, apresentando, portanto, alto risco de degradação. Vale destacar que os dois perfis citados, P1 e P2, são originários de arenitos da Formação Três Barras. O P3, localizado no terço médio da encosta dissecada com relevo suave ondulado, representa solo raso e incipiente, desenvolvido de saprolitos de folhelhos da Formação Quiricó, onde a cobertura superficial de material da Formação Três Barras já foi totalmente removida. O solo encontra-se em frágil equilíbrio entre a pedogênese e a morfogênese, com alto grau de degradação e cobertura vegetal muito rala ou ausente. O P4 é o mais raso e incipiente de todos, composto por fina camada de solo, sobreposta a rocha friável e pouco coerente de folhelho e, como está posicionado na borda da voçoroca, apresenta altíssimo grau de degradação (Tabela I e Figura 2). Os perfis P5 e P6 também são originários de pelitos da Formação Quiricó e, apesar de muito frágeis e degradados, em ambiente de forte erosão contendo ravinas e voçorocas, são mais espessos e geneticamente mais desenvolvidos que os P3 e P4.

Os perfis P3 e P4, mais degradados e erodidos, também são os mais incipientes, com menor densidade de cobertura vegetal e com relevo mais frágil, devido à maior declividade e dissecação. Como fragilidade litológica apresentam os folhelhos (Figura 3L) com mineralogia 2:1 expansível (Sgarbi, 1991) e a consistência muito friável. Todos os perfis tem predomínio de argila de alta atividade e alta relação silte/argila na maior parte do perfil de solo, indicadores do baixo grau de intemperismo dos solos (Santos et al., 2018) e de fragilidade (Tricart, 1977; Clemente et al., 2009; Ferreira et al., 2011). O conjunto desses fatores explica o alto grau de degradação dos solos no núcleo de desertificação de Gilbués.

Os atributos morfológicos dos solos estudados (Tabela II) mantêm estreita relação com os seus respectivos materiais de origem. Os perfis P1 e P2 são originários dos produtos da decomposição de arenitos da Formação Três Barras e apresentam cores de matizes amarelados, ou seja, 7,5 YR ou mais amarelos. E os perfis P3, P4, P5 e P6 são mais avermelhados com matizes 2,5 YR ou 5 YR, matizes essas semelhantes às do material de origem.

Os teores de areia variaram de 118 a 735 g kg-1, os de silte de 155 a 704 g kg-1 e os de argila de 40 a 384 g kg-1 (Tabela II). Os solos, em sua maioria, apresentaram textura média, com apenas um único horizonte argiloso. As classes de textura foram franco-arenosa, franco-argiloarenosa, franca, franco-siltosa, siltosa e argiloarenosa.

Os resultados indicam que a degradação dos solos não se deve à textura arenosa, como em outros locais com solos degradados, onde o processo de degradação é conhecido por arenização (Suertegaray, 1987; Suertegaray et al., 2005; Gass et al., 2019), em que estes mesmos autores se referem a esses solos como areais. A arenização é definida como:

o retrabalhamento de depósitos arenosos pouco ou nada consolidados e que promove, nessas áreas, uma dificuldade de fixação de vegetação devido à constante mobilidade dos sedimentos. (Suertegaray, 1987).

Sousa-Silva (2013, 2016, 2017) classifica o processo de degradação dos solos de Gilbués como arenização, ou formação de areais, porém, essa classificação é contraditória com o conceito de arenização, pois o mesmo está associado a material de textura arenosa, o que não é observado nos solos característicos de Gilbués, como exposto. Os resultados ora apresentados são corroborados pelos outros trabalhos sobre solos de Gilbués, que indicaram textura média ou argilosa para os mesmos (Veloso et al., 2011; Branco et al., 2013; Santos et al., 2013). Portanto, a degradação dos solos de Gilbués não resulta de processo de arenização.

Tabela II: Atributos morfológicos e físicos dos solos de Gilbués, PI.

Hor.

Prof.

Areia

Silte

Argila

Silte/ Argila

Classe textural

Estrutura

Cor úmida (Munsell)

Grossa

Fina

cm

g kg-1

Perfil 1 – PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico abrúptico

A

0-24

292

442

165

102

1.62

Franco-arenosa

Blocos subangulares, moderada, pequena e média

10YR 2/2

E

24-75

434

301

160

105

1.52

Franco-arenosa

Blocos angulares, fraca, grande

10YR 5/4

Btf

75-130

253

217

230

300

0.77

Franco argilo-arenosa

Prismática, moderada, grande

10YR 5/3 e 2,5YR 3/6

Perfil 2 – CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico plintossólico

A

0-12

313

196

170

321

0.53

Franco argilo-arenosa

Blocos angulares, moderada, pequena e média

7,5YR 3/3

Bi1

12-30

279

183

155

384

0.40

Argiloarenosa

Prismática, moderada, média e grande

7,5YR 4/6

Bi2

30-46

283

173

204

339

0.60

Franco argilo-arenosa

Prismática, moderada, média e grande

7,5YR 5/6

Bic

46-85

300

154

241

304

0.79

Franco argilo-arenosa

Prismática, moderada, média

7,5YR 5/6, mosqueado (7,5 YR 3/4)

Bf

85-135

263

173

507

57

8.89

Franco-siltosa

Prismática, forte, grande

5Y 7/2, mosqueado (7,5 YR 3/6)

Cf1

135-197

282

212

419

103

4.82

Franca

Maciça

5Y 7/2, mosqueado (7,5 YR 3/6)

Cf2

197-230

223

239

487

70

9.50

Franca

Maciça

Variegado 5Y 5/1, 2,5YR 4/6, 10YR 5/1

Perfil 3 – NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário

A

0-3

249

133

555

63

8.80

Franco-siltosa

Prismática, fraca, muito pequena

2,5YR 3/4

Cr

3-45

137

417

397

49

8.06

Franco-arenosa

Grãos simples

2,5YR 5/4

R

45+

Perfil 4 – NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico fragmentário

A

0-2

254

276

247

223

1.11

Franco argilo-arenosa

Grãos simples

2,5YR 3/4

R

2-60+

Perfil 5 - PLINTOSSOLO HÁPLICO Eutrófico vertissólico

A

0-13

150

330

446

74

6.01

Franca

Prismática, forte, muito pequena

5YR 4/6

CA

13-40

178

257

526

40

13.22

Franco-siltosa

Maciça

5YR 4/6, mosqueado (5Y 7/1 e 2,5YR 4/8)

Cf

40-110

130

128

693

49

14.27

Franco-siltosa

Maciça

5YR 4/6, mosqueado (5Y 7/1 e 2,5YR 4/8)

Perfil 6 – LUVISSOLO CRÔMICO Pálico vertissólico

A

0-15

88

30

704

178

3.95

Franco-siltosa

Prismática, moderada, média e grande

5YR 3/4

Bt1

15-45

87

33

677

203

3.34

Franco-siltosa

Prismática, moderada, média e grande

5YR 3/4

Bt2

45-80

129

124

484

263

1.84

Franca

Prismática, moderada, média e grande

5YR 3/4

Bt3

80-150

120

147

536

197

2.72

Franco-siltosa

Prismática, forte, média e grande

5YR 4/4

O perfil P1 (Figura 3 A e B, Tabela II) foi classificado como Plintossolo Argilúvico Distrófico abrúptico, A moderado, apresentando sequência de horizontes A, E e Btf. O perfil apresenta textura média, porém o gradiente textural é de 2,9, muito alto e associada à transição clara do horizonte E para o Btf confere ao solo mudança textural abrupta, propriedade que associada à drenagem imperfeita, representada por cores variegadas compostas também por cores de redução com croma igual a 3 e matiz 10YR (Santos et al., 2018), representam solos com susceptibilidade à erosão significativa. Por outro lado, a estrutura do horizonte superficial é moderada e o mesmo tem espessura de 24 cm. A morfologia do perfil indica que os principais processos de formação do solo são argiluviação, plintitização e elutriação (Ker et al., 2015). Argiluviação e elutriação indicados pela presença de horizonte E e elevado gradiente textural, com mudança textural abrupta. Plintitização pelas cores variegadas e presença de plintita, associadas a restrições de drenagem do perfil (IBGE, 2007). Azevedo e Bueno (2016), estudando o potencial agrícola de solos do Maranhão, alertaram para o risco de saturação por água no período chuvoso nos plintossolos argilúvicos, o que pode favorecer o escoamento superficial e causar erosão dos solos a jusante. A formação de plintita ocorre em clima tropical em ciclos de umedecimento e secagem (Eze et al., 2014). A Figura 4 apresenta a perspectiva de visada do perfil P3 para a borda da chapada e onde se localizam os perfis P1 e P2 é perceptível que as águas pluviais que escoam da chapada provocam o voçorocamento das encostas a jusante. A Figura 3D apresenta a perspectiva da borda da chapada para a encosta com forte erosão.

O perfil P2 (Figura 3 C e D, Tabela II), classificado como Cambissolo Háplico Ta Eutrófico plintossólico, A moderado com estrutura de grau moderado, tem sequência de horizontes A, Bi, Bf e Cf. Para ser Plintossolo, o horizonte com plintita deveria ocorrer até 40 cm de profundidade, o que ocorreu apenas a 46 cm (Santos et al., 2018), evidenciando que, por um critério estritamente taxonómico, o solo não se enquadrava na ordem dos Plintossolos, mas tem propriedades representativas da ordem. No quarto nível categórico os autores estão sugerindo a inclusão do plintossólico para os Ta Eutróficos, visto que em Santos et al. (2018) também está previsto para os Tb Eutróficos. O solo tem textura média, com exceção do horizonte Bi1 que tem textura argilosa. As cores têm croma elevado até 85 cm de profundidade, mas, dessa profundidade até 230 cm, as cores tornam-se cromadas ou variegadas, caracterizando a presença de plintita e horizonte plíntico, tornando o perfil imperfeitamente drenado, como o perfil P1. No horizonte Bic (46 a 85 cm de profundidade) ocorrem petroplintitas na fração cascalho, em volume inferior a 15%, não indicando ser horizonte plíntico típico (Santos et al., 2018).

A petroplintita forma-se em solos tropicais devido a sucessivos ciclos de umedecimento e secagem (Eze et al., 2014). Estes autores afirmam ainda que a plintitização pode ter ocorrido em situação de relevo rebaixado na paisagem onde sua presença pode gerar maior estabilidade e, subsequentemente, o processo de inversão do relevo. A estrutura prismática moderada e grande no horizonte B diagnóstico incipiente, seguida da presença de horizonte plíntico, limita a infiltração da água e favorece o escoamento superficial no período chuvoso (runoff), causando os processos erosivos intensos nas adjacências, como relatado para o perfil P1.

Os perfis P3 e P4 (Figura 3 E, F, G e H, Tabela II) foram classificados como Neossolo Litólico Eutrófico fragmentário, A fraco, com estrutura pouco desenvolvida, textura média cascalhenta. Os horizontes superficiais em ambos os perfis têm menos de 5 cm de espessura devido à decapitação dos solos e apresentam contato lítico fragmentário a menos de 50 cm de profundidade. O perfil P3 tem sequência de horizontes A, Cr e R, e o P4 A e R. É evidente que as taxas de denudação são mais aceleradas que as de pedogênese.

Alguns autores relacionam material de origem de pelitos ou altos teores de silte com a erodibilidade dos solos (Almeida, Resende, 1985; Clemente et al., 2009; Valladares et al., 2017), o que é verificado principalmente nos P3 e P4. Apresentam cores avermelhadas herdadas do material de origem (Figura 4). Na região do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), foram verificados solos tão degradados quanto os observados em Gilbués, originários de siltitos avermelhados da Formação Pimenteiras (Valladares et al., 2017).

Figura 4: Visada do perfil P3 para a chapada onde se localizam os perfis P1 e P2. Contraste entre a área preservada ao fundo e a área degradada em primeiro plano.

O perfil P5 (Figura I A e J, Tabela II) foi classificado como Plintossolo Háplico Eutrófico vertissólico, A moderado, textura média, estrutura prismática e forte no A de apenas 13 cm de espessura e maciça no C. O horizonte diagnóstico subsuperficial é plíntico, caracterizando a ordem e tem baixo gradiente textural. Apresenta alta saturação por bases, caracterizando-se como eutrófico e apresenta slikensides em grau moderado, caracterizando caráter vértico (Santos et al., 2018), que indica presença de argilas expansíveis 2:1. A drenagem imperfeita e os demais atributos morfológicos indicam forte susceptibilidade à erosão hídrica e maior grau de desenvolvimento pedogenético que os P3 e P4 originários do mesmo folhelho. Os processos pedogenéticos mais marcantes são plintitização e vertização (Ker et al., 2015).

O perfil P6 (Figura 3 K e J, Tabela II), classificado como Luvissolo crômico pálico vertissólico, A moderado, textura média do perfil, mas o horizonte superficial é siltoso, apresenta horizonte subsuperficial com cerosidade moderada, indicando o processo de argiluviação (Ker et al., 2015) e horizonte do tipo B textural, eutrófico e com argila de alta atividade. Apresenta fendilhamento no perfil, caracterizando caráter vértico (Santos et al., 2018), indicativo da presença de argilas expansíveis 2:1. A drenagem é moderada e o grau de pedogênese é maior que os perfis P3 e P4.

Quanto aos atributos químicos (Tabela III), quase todos os horizontes dos perfis são eutróficos, com exceção do horizonte diagnóstico subsuperficial do P1, o Btf, que é distrófico e conferiu essa característica na classificação do solo. Porém, os seus primeiros 75 cm têm alta saturação por bases. A eutrofia pode ser associada ao prolongado déficit hídrico da região, cujo clima transiciona para semiárido. Os teores de bases mostram-se de moderados a altos, mas os teores de sódio são baixos, com boa disponibilidade de nutrientes aos vegetais (Raij et al., 1997). Os teores de fósforo assimilável são baixos nos perfis P1 e P2 originários da Formação Três Barras e elevados nos demais solos originários dos pelitos da Formação Quiricó. Altos teores de fósforo assimilável nos solos de Gilbués associam-se à herança do material de origem, como já reportados (Veloso et al., 2011). A origem dos fosfatos e seus elevados teores em rochas do Grupo Areado se deve a atividades sísmicas e do contato íntimo com rochas ricas em fosfatos do Grupo Mata da Corda (Melo, 2012).

Os solos estudados, de forma geral, apresentaram pH em água entre 4,3 a 7,8, sendo que somente uma amostra teve pH inferior a 5,0. Portanto, a maioria se classifica entre moderadamente ácido a moderadamente alcalino, valores considerados adequados ao desenvolvimento vegetal. Os valores de pH em água apresentaram correlação positiva e significativa com os atributos pH em KCl (r=0,93), pH em CaCl2 (r=0,98), Ca2+ (r=0,88), saturação por bases (r=0,91), valor T (r=0,88), valor S (0,91), P (r=0,78) e silte (r=0,76) (Tabela IV). A correlação foi negativa com os atributos acidez potencial (r=-0,82) e Al3+ (r=-0,67). Resultados semelhantes foram observados em solos frágeis no estado do Piauí (Valladares et al., 2017).

A correlação positiva dos valores de pH com os teores de Ca2+, soma de bases e saturação por bases deve-se à maior proporção de cátions básicos ocupando os sítios de troca dos solos em comparação aos cátions geradores da acidez do solo como H+ e Al3+. Segundo a literatura, os teores de Al3+ em solos com pH superiores a 5,5 tendem a zero (Nachtigall, Vahl, 1989; Pereira et al., 1998). Os resultados encontrados vão ao encontro dos relatos da literatura uma vez que as únicas três amostras que apresentaram teores de Al3+, superiores a 0,0 cmolc kg-1, tem pH em água inferiores a 5,5 (Valladares, 2009).

Tabela III: Atributos químicos dos solos de Gilbués, PI.

Amostra

pH

água

pH

KCl

pH

CaCl2

P

Na+

K+

Ca2+

Mg2+

Al3+

H++Al3+

SB

T

V

C

mg kg-1

cmolc kg-1

%

g kg-1

P1A

6,1

5,6

5,4

2

0,02

0,24

3,2

1,2

0,0

1,6

4,7

6,3

74

14

P1E

5,2

4,8

4,5

2

0,01

0,21

2,3

1,8

0,3

1,9

4,3

6,2

69

8

P1Btf

4,3

3,8

3,8

3

0,03

0,12

1,8

0,8

1,8

7,2

2,7

9,9

28

5

P2A

5,7

5,2

5,0

3

0,03

0,34

4,7

2,0

0,0

2,4

7,1

9,5

75

12

P2Bi1

5,0

4,7

4,3

2

0,04

0,23

4,2

1,8

0,6

3,3

6,3

9,6

66

8

P2Bi2

5,2

4,3

4,5

1

0,03

0,20

3,5

1,7

0,3

2,8

5,4

8,2

66

6

P2Bic

5,7

4,9

4,9

1

0,04

0,29

4,0

2,1

0,0

2,1

6,4

8,5

75

5

P2Bf

6,1

5,6

5,3

2

0,07

0,42

5,5

2,4

0,0

1,6

8,4

10,0

84

3

P2Cf1

6,3

5,9

5,5

1

0,07

0,47

6,7

2,6

0,0

1,5

9,8

11,3

87

2

P2Cf2

6,4

5,9

5,6

1

0,13

0,59

19,0

6,5

0,0

1,3

26,2

27,5

95

2

P3A

7,4

6,8

6,6

61

0,03

0,48

31,0

2,7

0,0

0,9

33,7

34,6

97

13

P3Cr

7,5

7,2

6,7

2

0,02

0,15

29,5

2,5

0,0

0,8

32,2

33,0

98

10

P4A

7,5

7,1

6,7

60

0,03

0,34

28,5

1,4

0,0

0,8

30,3

31,1

97

7

P5A

7,4

7,2

6,7

44

0,11

0,56

26,0

7,5

0,0

1,0

34,1

35,2

97

10

P5CA

6,7

7,3

6,9

72

0,35

0,59

24,5

9,5

0,0

0,9

34,6

35,8

97

9

P5Cf

7,6

7,2

6,8

67

0,23

0,51

27,0

8,5

0,0

0,9

36,0

37,1

98

3

P6A

7,8

6,3

7,0

69

0,07

0,49

26,0

10,0

0,0

0,8

36,5

37,4

98

4

P6Bt1

7,7

6,5

7,0

70

0,91

0,63

17,0

11,0

0,0

0,8

28,6

30,3

97

4

P6Bt2

7,7

6,8

7,0

67

0,56

0,61

19,5

12,0

0,0

0,8

32,1

33,5

98

3

P6Bt3

7,3

7,0

6,6

49

0,07

0,59

25,0

8,5

0,0

1,0

34,1

35,2

97

2

Em relação aos teores de K+, os valores variaram de 0,12 a 0,59 cmolc kg-1, considerados de moderados a altos para a maioria dos solos (Raij et al., 1997). Os teores de K+, Ca2+ e Mg2+ apresentam correlação positiva e significativa a 5 % com entre si (Tabela IV), indicando que essas bases trocáveis mais concentradas no solo estão apresentando comportamentos semelhantes.

O teor de Ca2+ nos solos originários do Formação Três Barras é moderado e nos originários da Formação Quiricó é alto (Raij et al., 1997). Os altos teores dos perfis P3, P4, P5 e P6 são comparáveis a teores de Ca2+ de solos originários de materiais calcários (Valladares et al., 2017).

O Valor T ou CTC do solo apresentou grande variação, com valores entre 6,2 a 37,4 cmolc kg-1. Sua variação depende do material de origem, sendo que os perfis originários da Formação Quiricó apresentaram Valor T maior em comparação aos solos originários de sedimentos da Formação Três Barras, com exceção do último horizonte do P2, a cerca de 2 m de profundidade, o que talvez tenha alguma influência do contato lítico, pois tem alto Valor T. Esse atributo apresentou correlação positiva com os teores de silte (r=0,78) e não tem correlação com teores de argila ou matéria orgânica, o que é comum nos solos (Valladares et al., 2017). Também foi positiva e elevada a correlação com os teores de fósforo assimilável, Ca2+ e valores de pH (Tabela IV). Todos os perfis tiveram CTC da fração argila elevada, caracterizando Ta (Santos et al., 2018), o que indica mineralogia 2:1 e baixo grau de intemperismo dos solos.

Tabela IV: Matriz de correlações entre os atributos dos solos estudados.

 

phh

phk

phc

p

Ca²+

Mg2+

K+

Na+

Al³+

H+Al

S

T

V

af

ag

s

g

C

fK

phh

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

phk

0,93

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

phc

0,98

0,95

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

p

0,78

0,73

0,84

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Ca²+

0,88

0,90

0,89

0,75

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Mg2+

0,68

0,61

0,74

0,77

0,55

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

K+

0,68

0,67

0,72

0,69

0,55

0,84

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Na+

0,44

0,35

0,49

0,57

0,21

0,73

0,60

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Al3+

-0,67

-0,64

-0,63

-0,32

-0,44

-0,36

-0,54

-0,19

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

H+Al

-0,82

-0,80

-0,80

-0,51

-0,64

-0,50

-0,62

-0,30

0,95

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

-

S

0,91

0,91

0,93

0,83

0,97

0,74

0,69

0,38

-0,46

-0,66

1,00

-

-

-

-

-

-

-

-

T

0,88

0,88

0,91

0,84

0,96

0,74

0,68

0,39

-0,38

-0,60

1,00

1,00

-

-

-

-

-

-

-

V

0,91

0,90

0,90

0,63

0,79

0,62

0,74

0,36

-0,86

-0,96

0,83

0,78

1,00

-

-

-

-

-

-

af

-0,77

-0,68

-0,79

-0,70

-0,71

-0,81

-0,61

-0,55

0,24

0,40

-0,81

-0,83

-0,59

1,00

-

-

-

-

-

ag

-0,20

0,03

-0,17

-0,46

-0,09

-0,48

-0,46

-0,44

0,02

0,04

-0,21

-0,23

-0,13

0,36

1,00

-

-

-

-

s

0,76

0,67

0,77

0,71

0,68

0,79

0,79

0,52

-0,39

-0,54

0,78

0,78

0,69

-0,80

-0,53

1,00

-

-

-

f

-0,47

-0,60

-0,49

-0,22

-0,49

-0,21

-0,36

-0,01

0,43

0,54

-0,46

-0,42

-0,55

0,20

-0,34

-0,51

1,00

-

-

C

-0,10

0,01

-0,06

-0,11

0,01

-0,41

-0,39

-0,30

-0,05

0,00

-0,12

-0,13

-0,10

0,32

0,56

-0,43

-0,09

1,00

-

fK

0,59

0,53

0,60

0,59

0,52

0,69

0,76

0,45

-0,34

-0,46

0,62

0,62

0,59

-0,60

-0,57

0,94

-0,53

-0,58

1,00

phh- pH em água; phk- pH em KCl; pHc- pH em CaCl2; af- areia fina; ag-areia grossa; s- silte; g- argila; fK- fator K de erodibilidade da equação universal de perda de solo. Valores superiores a 0,44 são siginificativos a 5% de probabilidade.

Os teores de carbono orgânico nos solos estudados decrescem em profundidade em todos os perfis, com valores variando de baixos a moderados, o que é de se esperar para o ambiente de ocorrência dos solos e o seu grau de degradação (Veloso et al., 2011; Branco et al., 2013; Santos et al., 2013; Melo et al., 2016). Sousa et al. (2012) observaram aumento dos teores de carbono orgânico em solos em processos de desertificação no semiárido brasileiro com a prática do pousio. Os solos de Gilbués foram submetidos a pastoreio por longo tempo (Macambira, Monteiro, 2019), o que justifica os teores de carbono orgânico observados. Destaca-se que outros autores descreveram teores significativos de material orgânico nos pelitos que deram origem aos solos estudados (Campos, Dardene, 1997; Melo, 2012).

O índice de erodibilidade K dos solos, calculado para os horizontes superficiais dos perfis P1 a P6, foram, respectivamente, 0,020, 0,021, 0,045, 0,030, 0,059 e 0,053 Mg ha h ha-1 MJ-1 mm-1. Os perfis P1 e P2 são considerados como tendo erodibilidade moderada e os demais muito forte (Bouguerra et al., 2017) o que é coerente com os atributos dos solos apresentados e discutidos e com o grau de degradação observado em campo.

As análises DRX das amostras indicaram diferenciação da mineralogia dos solos, havendo predomínio de quartzo com alto grau de cristalinidade na fração silte. Os perfis P1 e P2, originários da Formação Três Barras, apresentaram quartzo, exceto no horizonte Cf2 do P2, que apresentou alguns picos característicos de illita e traços de argilas 2:1 (Figura 5). Os demais perfis, originários da Formação Quiricó, tiveram sua fração silte também predominantemente formada por quartzo e, em menor quantidade, illita e traços de argila 2:1, sendo que o perfil P4, o menos intemperizado de todos também evidenciou picos de feldspatos (Figura 5). Nos perfis P5 e P6 os picos de illita em profundidade são menos pronunciados, sugerindo maior intemperismo do mineral.

Figura 5: Mineralogia da fração silte de amostras dos solos de Gilbués, PI. 2:1- mineral da argila 2:1; I- Illita; Q- Quartzo; F- Feldspato.

A mineralogia do silte indica que o mais alto grau de intemperismo dos perfis P1 e P2 são suficientes para transformar toda a illita e feldspatos da fração silte, porém os solos menos intemperizados originários de pelitos da Formação Quiricó ainda preservam illita e podem preservar até feldspato na sua composição. A transformação da illita e feldspato deve-se à hidrólise devido à posição mais elevada na paisagem (Cunha et al., 2014).

A mineralogia da fração argila dos solos estudados refletiu os atributos morfológicos observados, como caráter vértico, e os altos valores de T ou CTC da fração argila. Em todos os solos foram observados minerais 2:1 expansíveis e não expansíveis (Figura 6). A illita está presente em todas as amostras com picos mais ou menos pronunciados, como os verificados em materiais do Grupo Areado que corroboram o observado (Almeida et al., 2010). A morfologia demonstrando fendilhamento e slikensides nos solos originários de pelitos da Formação Quiricó indicam a presença de esmectita como já assinalada em outros trabalhos (Sgarbi, 1991; Baltar, Luz, 2003). Almeida et al. (2010) verificaram, na fração argila, traços de clorita e de interestratificados de clorita/esmetita e de illita/esmectita. Nos solos originários da formação Três Barras, os picos de minerais 2:1 expansíveis são menos pronunciados, indicando que pode haver a presença de algum mineral interestratificado com esmectita, como clorita/esmetita (Almeida et al., 2010) ou esmectita com hidroxi-Al entrecamadas, que foram observados em solos de climas mais quentes no Brasil (Cunha et al., 2014).

Segundo Omdi et al. (2018) teores elevados de esmectita em solos de sedimentos no semiárido indicam riqueza do mineral no material de origem. E o seu intemperismo resulta na formação de caulinita. O difratograma do P2 Cf2 revelou certas particularidades, pois apresentou caulinita como nos demais horizontes dos perfis P1 e P2 e uma forte expressão do pico de esmectita, semelhante aos solos originários de pelitos da Formação Quiricó (Figura 6), o que evidencia que esse horizonte pode ter influência de materiais das duas Formações.

A caulinita foi observada com picos mais pronunciados nos perfis P1 e P2, originários de sedimentos da Formação Três Barras, provavelmente produto do intemperismo de minerais 2:1 (Omdi et al., 2018). Nos demais solos somente traços do mineral foram observados (Figura 6). O quartzo foi observado na fração argila de todos os solos estudados, o que indica o baixo grau de intemperismo dos mesmos (Figura 6).

Nos solos estudados notou-se ainda predomínio de hematita dentre os óxidos de ferro, com traços de goethita, e todos evidenciaram traços de ferrihidrita, refletindo a drenagem imperfeita ou moderada dos perfis, caracterizando destruição de óxidos de ferro e formação de minerais menos cristalinos como a ferrihidrita (Figura 6), comum em solos de drenagem imperfeita e com formação de plintita (Eze et al., 2014).

Bezerra e Cantalice (2006), trabalhando com solos com horizonte B textural em Pernambuco, observaram maior resistência à erosão em solos mais argilosos e com mineralogia caulinítica e illítica. Silva et al. (2005) comparando Latossolo (muito intemperizado) com Cambissolo (pouco intemperizado), verificaram maior resistência à erosão nos Latossolos devido à mineralogia gibbsítica e caulinítica, favorecendo a estruturação, a porosidade, a infiltração/percolação e reduzindo, assim, o escoamento superficial. Resultados semelhantes foram observados por Demattê e Focht (1999) e Pereira et al. (2012). Tais resultados ajudam a explicar a maior resistência à erosão dos perfis P1 e P2, que contêm caulinita na sua mineralogia.

Solos cauliníticos e illíticos, que não contêm esmectita, são estáveis e menos suscetíveis à formação de selagem superficial. Já solos que contém caulinita e illita associados à esmectita ou puramente esmectíticos são instáveis (Lado, Ben-Hur, 2004). Portanto, a maior susceptibilidade à erosão dos solos originários de pelitos da Formação Quiricó deve-se à sua mineralogia, por se enquadrarem perfeitamente no grupo de solos mais erodíveis e com presença marcante de esmectita e a carência de caulinita (Rocha et al., 2002).

Os resultados obtidos sugerem tratar-se de uma litossequência (Ruellan, Dosso, 1993), dada a evidente filiação aos substratos geológicos marcada pela litodependência mineralógica e pelos baixos intemperismo e pedogênese. E a distribuição dos solos em pedoambientes bem definidos sugere que a erosão esculpiu o relevo e que os solos evoluíram depois ou, no máximo, penecontemporaneamente.

Figura 6: Mineralogia da fração argila de amostras dos solos de Gilbués, PI. 2:1- mineral da argila 2:1; I- Illita; Q- Quartzo; H- Hematita; C- caulinita; Gt- Goethita; Fr- Ferrihidrita.

Conclusões

As rochas pelíticas do Grupo Areado e Formação Quiricó são friáveis e tem mineralogia da argila esmectítica característica, o que torna o substrato instável e fortemente susceptível à erosão.

A distribuição dos solos em pedoambientes bem definidos sugere processos de esculturação do relevo anteriores ou penecontemporâneos à evolução dos solos atuais, o que sugere relações pedogênese x morfogênese a necessitar de serem melhor investigadas.

A morfologia e a mineralogia dos perfis estudados indicam baixo grau de intemperismo dos solos e pedogênese pouco evoluída, marcada por inequívoca filiação ao material de origem de cada pedoambiente. Por isso pode-se dizer que se trataria mais de uma litosequência.

Os solos apresentaram certa restrição à drenagem e aos atributos morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos que contribuem para a sua fragilidade favorável à erosão hídrica.

Os solos contêm de moderadas a elevadas reservas de nutrientes, sendo que a maior limitação para a agricultura é a sua elevada susceptibilidade à erosão, além do clima tendendo a semiárido.

A desertificação apontada para a região não se caracteriza como arenização, dado que os solos não são arenosos e não há formação de areais.

Agradecimentos

Ao Laboratório Interdisciplinar de Materiais Avançados (LIMAV), na Universidade Federal do Piauí pelas análises de DRX.

Financiamento

O primeiro autor e a terceira autora são Bolsistas CNPq Produtividade em Pesquisa nível 2. E à UFPI que financiou parte do trabalho de campo.

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Artigo recebido em/ Received on: 17/04/2020

Artigo aceite para publicação em/ Accepted for publication on: 08/07/2020