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Revista Ibero-Afro-Americana de Geografia Física e Ambiente

Iberian-African-American Journal of Physical Geography and Environment

Vol. 5, nº 1, 2023, 65-87. ISSN: 2184-626X

doi: https://doi.org/10.21814/physisterrae.5374 

O caráter geopatrimonial das mesetas e morrotes de São Pedro do Sul e São Vicente do Sul (centro-oeste do Rio Grande do Sul/Brasil)

The geoheritage character of the mesetas and hills of São Pedro do Sul and São Vicente do Sul (center-west of Rio Grande do Sul /Brazil)

Luiz Paulo Martins e Souza, Doutorando (Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFSM), Brasil, martinsesouza@gmail.com

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp https://orcid.org/0000-0003-1419-6254 

André Weissheimer de Borba, Professor (Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFSM), Brasil, andre.w.borba@ufsm.br

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp https://orcid.org/0000-0001-6664-1546 

André Ricardo Furlan, Doutorando (Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFSM), Brasil, andre.ricardofurlan@gmail.com

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp http://orcid.org/0000-0003-1927-6114 

Elisângela Lopes da Silva, Doutora (Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFSM), Brasil, silva.elislopes@gmail.com

/var/folders/8f/cpk7w_dj7h1db30c95n8xc9h0000gn/T/com.microsoft.Word/Content.MSO/705B7BE2.tmp https://orcid.org/0000-0002-2344-7249 

Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar o caráter geopatrimonial dos cerros Itaquatiá, São Miguel, Loreto e Seio de Moça, a partir do valor científico, de suporte e cultural destas formas de relevo. Os procedimentos metodológicos compreendem a revisão na literatura especializada, a elaboração de Modelos Digitais de Elevação (MDE), pesquisa de percepção e trabalhos de campo. O valor científico dos cerros investigados ocorre principalmente por que tais cerros estão em área de transição entre duas unidades geomorfológicas do extremo sul do Brasil e demonstram de forma clara a sequência de evolução do relevo na retração de escarpas. O valor de suporte decorre da estruturação de habitats das mesetas e morrotes para espécies de ocorrência muito restrita, como cactáceas e bromeliáceas. Finalmente, o valor cultural está relacionado à importância simbólica e alto grau de relevância destas formas de relevo para as comunidades locais.

Palavras-chave: Relevo Testemunho; Geopatrimônio; Valores da Geodiversidade.

Abstract: The present work aims to demonstrate the geoheritage character of the Itaquatiá, São Miguel, Loreto and Seio de Moça hills, based on the scientific, support and cultural value of these landforms. The methodological procedures include a review of specialized literature, the development of Digital Elevation Models (DEM), a perception research and field work. The scientific value of the investigated hills occurs mainly because these hills are in a transition area between two geomorphological units in the extreme south of Brazil and clearly demonstrate the sequence of relief evolution in escarpment retreat. The support value arises from the structuring of habitats on the mesetas and hills for species with very restricted occurrence, such as cactuses and bromeliads. Finally, cultural value is related to the symbolic importance and high degree of relevance of these landforms for local communities.

Keywords: Residual Hills; Geoheritage; Geodiversity Values.

Introdução, objetivo e contexto geomorfológico

Estudos sobre os grandes modelados geomorfológicos derivados da retração da escarpa do Planalto Meridional no Rio Grande do Sul (RS) são relativamente antigos, como os de Ab’Saber (1949), por exemplo, que discute os ciclos de desnudação da Bacia do Paraná. Destaca-se o estudo pioneiro de Balduíno Rambo sobre a fisionomia do RS, que menciona a existência de inúmeros cerros testemunhos derivados da erosão da escarpa do Planalto na porção central do Estado (Rambo, 1942). Uma discussão mais recente pode ser encontrada em Dantas, Viero e Silva (2010) que versam sobre as características e a evolução das formas de relevo nessa interface que envolve o Planalto Meridional Brasileiro e Depressão Central do RS.

Por outro lado, não são comuns os trabalhos científicos que discutem os cerros testemunhos deste setor do RS no contexto da geoconservação, trabalhos que demonstrem os valores científico-educativos, culturais e de suporte destas formas de relevo (valores da geodiversidade no sentido de Gray, 2004). As iniciativas de geoconservação popularizaram-se no extremo sul do Brasil, principalmente com a recentíssima certificação da UNESCO dos territórios de Caçapava do Sul e Quarta Colônia como Geoparques Mundiais (maio do ano de 2023). O trabalho nestes territórios, juntamente com estas certificações, despertou o interesse deste tipo de iniciativa em outras regiões do Estado, como o caso dos municípios de São Pedro do Sul, Mata, São Vicente do Sul, Jaguari, Nova Esperança do Sul e São Francisco de Assis, situados no setor centro-oeste, e que estão se organizando em torno do projeto de geoparque Raízes de Pedra. Predominam nestes municípios as feições geomorfológicas em arenitos e conglomerados como cerros tabulares, morros testemunhos e extensos areais, que evidenciam a superposição e a existência de antigos desertos e paleo-climas, além de fósseis vegetais e animais do período triássico (Borba, 2011; Sell, 2017; Wildner e Lopes, 2010).

Nos municípios de São Pedro do Sul (SPS) e São Vicente do Sul (SVS) ocorre o conjunto mais representativo de cerros e morros testemunhos, considerando os municípios que compõem o projeto Raízes de Pedra. Este conjunto de morros testemunhos (cerros com topos tabulares e agudos), relacionados à retração da escarpa do Planalto, contam parte da história de evolução da Terra na sucessão das suas camadas de rochas, que variam destes sistemas fluviais deltaicos até grandes desertos recobertos por derrames vulcânicos. Ademais, possuem relativa beleza cênica, já que estão destacados em meio ao relevo suavemente ondulado de coxilhas da Depressão Central do RS; constituem também importantes refúgios para espécies nativas (especialmente cactáceas) e servem de abastecimento de água para as comunidades locais, como os cerros Seio de Moça, Loreto e São Miguel, em SVS, além dos cerros Itaquatiá, Ermida e Carpintaria, em SPS. Tais cerros também são utilizados por escaladores e visitantes espontâneos, mas os locais não possuem nenhuma infraestrutura turística.

A geodiversidade destes cerros, assim como de todos os municípios que compõem o projeto de geoparque Raízes de Pedra, está relacionada ao arcabouço estratigráfico do Mesozoico da borda meridional da Bacia Sedimentar do Paraná (Scherer, Faccini e Lavina, 2000), que, da base para o topo, pode ser sintetizada da seguinte forma: Formação Sanga do Cabral, Formação Santa Maria, Formação Caturrita, Formação Guará, Formação Botucatu e Formação Serra Geral. O pacote sedimentar, composto por arenitos, argilitos e conglomerados, é recoberto pelas rochas vulcânicas da Formação Serra Geral.

Tais estruturas estratigráficas ocorrem ao longo da unidade geomorfológica denominada Depressão Central do RS, depressão situada entre dois planaltos, o Planalto Sul-rio-grandense ao sul e a leste e o Planalto Meridional ao norte e a oeste. Nas vertentes declivosas, entre a Depressão Central e o Planalto Meridional, afloram os arenitos ortoquartizíticos das formações Botucatu e Guará, área caracterizada por um rebordo escarpado em franco processo de erosão regressiva, a qual origina os cerros testemunhos posicionados em frente à linha do rebordo (Figura 1).

Tais rebordos erosivos originam um desnivelamento de 70 a 150 metros, atingindo cotas que variam de 250 a 300 metros (Dantas et al., 2010).

De acordo com Duszynski, Migoń e Strezelecki (2019), são variados os mecanismos que ocorrem na retração das escarpas em rochas sedimentares recobertas por rochas vulcânicas. As três principais geoformas que decorrem desse recuo, e envolvem a evolução do relevo na retração das escarpas, são o platô, os buttes e as mesetas. O platô refere-se a estrutura de maior porte, sendo constituído por áreas de topografia mais elevada e com relevo aplainado. As mesetas podem ser definidas como elevações de topo plano, delimitadas de todos lados por escarpas íngremes, posicionadas distintamente acima da região circundante. São capeadas por camadas de rochas mais resistentes, geralmente arenitos ou basaltos, abaixo das quais estão presentes rochas mais suscetíveis à erosão.

Já os buttes podem ser compreendidos como fragmentos residuais e formas de relevo menores do que mesetas. A expressão butte é aplicada quando o diâmetro da superfície plana é aproximadamente igual, ou menor, que a altura da geoforma. Tal expressão pode ser substituída por morro ou morrote, denominação amplamente utilizada pelos pesquisadores do Laboratório de Geologia Ambiental da UFSM (LAGEOLAM) e que possuem inúmeros trabalhos na área da Depressão do Ibicuí (referente ao rio Ibicuí), como pode ser visto em Robaina e Trentin (2021) e Robaina et al. (2010). O modelo teórico de Duszynski et al. (2019) pode ser facilmente visualizado na área de estudo do presente trabalho, onde o platô é representado pelo Planalto Meridional, a meseta é representada pelo cerro São Miguel e o butte ou morrote pelo cerro Seio de Moça, por exemplo.

Duszynski et al. (2019) salientam que os mecanismos que atuam na retração das escarpas estão profundamente relacionados com as características das rochas e com a dinâmica climática atuante. De modo geral, os mecanismos relacionados à infiltração da água nos poros ou nas juntas das rochas e a erosão guiada pelas fraturas, são os mecanismos que iniciam a desagregação dos platôs. A partir disso, podem ocorrer uma série de outros processos, como movimentos de massa, inclinação e queda de grandes blocos ou erosão diferencial, que vão contribuir para a retração das escarpas e a evolução do relevo ao longo do tempo. De forma sintética, pode-se afirmar que, na área de estudo, na dissecação do platô (um planalto arenítico-basáltico) prevalecem processos de entalhamento fluvial e geração de vales encaixados (Dantas et al., 2010).

Figura 1: Demonstra a localização da área de estudo e as Unidades Geomorfológicas que ocorrem nos municípios.

Fonte: André Furlan (2023).

Da evolução deste relevo resulta uma série de cerros testemunhos, a maioria deles junto a atual linha do rebordo e alguns já afastados, situados ao sul do rebordo, em meio ao relevo suavemente ondulado, característico da Depressão Central do RS. Neste sentido, seria inviável estabelecer iniciativas de geoconservação em todos estes cerros, devido à impossibilidade de conservar toda a geodiversidade (Brilha, 2005), sendo necessária a distinção das geoformas que possuem um valor geopatrimonial diferenciado.

Sharples (2002) coloca que a geoconservação tem por objetivo a preservação da diversidade natural de significativos aspectos e processos geológicos, geomorfológicos e de solo, mantendo a evolução natural desses aspectos e processos. Os “significativos aspectos e processos” discutidos no conceito de geoconservação de Sharples (2002), refere-se às ocorrências geológico-geomorfológicas de maior relevância e que demandariam atenção especial. Justamente essas ocorrências de maior relevância da geodiversidade vão compor o patrimônio geológico ou geopatrimônio (Brilha, 2005; Borba, 2011).

Pode-se afirmar que na literatura científica sobre geodiversidade e geoconservação, os elementos da geodiversidade que são considerados como geopatrimônio, em geral, são aqueles elementos que possuem um valor superlativo, de acordo com os valores da geodiversidade citados anteriormente (Gray, 2004).

Tendo por base esta discussão, o objetivo do presente trabalho é demonstrar o caráter geopatrimonial dos cerros de São Miguel, Loreto e Seio de Moça, em SVS, e dos cerros Itaquatiá, Carpintaria e Ermida, em SPS, sobretudo a partir do seus valores científico-educativo, de suporte e cultural. O valor científico-educativo refere-se ao potencial didático destas geoformas para interpretação da história da Terra e a popularização das geociências, nos vários níveis de ensino; já o valor de suporte ou funcional está relacionado com a contribuição da geodiversidade na estruturação de habitats e manutenção dos sistemas físicos e ecológicos. Enfim, o valor cultural alude a relevância simbólica e sociocultural destes cerros para as populações locais e a conexão que determinado elemento da geodiversidade tem com o desenvolvimento social, cultural e religioso da sociedade (Gray, 2004).

1. Procedimentos Metodológicos

1.1. Revisão bibliográfica e inventário preliminar: valor científico-educativo e de suporte

É importante destacar que ainda existem poucos trabalhos científicos discutindo, a partir da perspectiva da geoconservação, os cerros testemunhos englobados no presente trabalho. Porém, já foram desenvolvidos inúmeros estudos, nomeadamente os de caráter geomorfológico, abrangendo o relevo do setor centro-oeste do estado do RS, na área que engloba os municípios de São Pedro do Sul e São Vicente do Sul. Neste contexto, destacam-se os sucessivos trabalhos de compartimentação geomorfológica e zoneamento geoambiental realizados pelos pesquisadores do Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM) da Universidade Federal de Santa Maria, com um histórico de trabalhos na bacia hidrográfica do rio Ibicuí, principal drenagem deste setor. Ressalta-se, por exemplo, a importância dos trabalhos de Robaina et al. (2010), Menezes et al. (2011), Robaina e Trentin (2021) e Trentin et al. (2023), este último discutindo as várias feições geomorfológicas que ocorrem nas rochas areníticas deste setor do RS. Cita-se também o trabalho de Pontes et al. (2016), que discutiu especificamente o cerro Itaquatiá, em SPS.

A revisão bibliográfica, a partir das informações disponíveis sobre a geodiversidade e a biodiversidade dos elementos do relevo discutidos no presente trabalho, possibilitou uma caracterização destas geoformas, assim como demonstrou a singularidade destas formas de relevo residuais, que marcam uma importante transição entre das unidades geomorfológicas do sul do Brasil. Além disso, também encontra-se na literatura científica disponível algumas indicações sobre a importância destas formas de relevo na estruturação de habitats.

Em síntese, a revisão bibliográfica possibilitou a realização de um inventário preliminar das geoformas de São Vicente do Sul e São Pedro do Sul, que tenham caráter geopatrimonial, sobretudo a partir dos seus valores científico-educativo e funcional ou de suporte.

1.2. Mapeamento dos cerros de interesse

A representação espacial dos cerros envolvidos neste estudo foi realizada utilizando os softwares Quantum GIS (QGIS) 3.16.7 e ArcGIS® 10.8. No que diz respeito à análise dos resultados, foi adotado o uso do Sistema de Informações Geográficas (SIG). A base para essa análise foi constituída pelas informações contidas nas Cartas Topográficas (1975) em uma escala de 1:50.000, bases de informação disponibilizadas em formato digital por Hasenack e Weber (2010). Posteriormente à aquisição dos dados, procedeu-se à transformação da projeção de WGS 84 para SIRGAS 2000 / Brazil Polyconic por meio do software ArcGIS® 10.8. A produção do MDT foi concretizada a partir de informações vetoriais planialtimétricas (curvas de nível, pontos cotados e hidrografia) extraídas das cartas topográficas, que apresentam dados altimétricos do terreno, excluindo quaisquer objetos presentes na superfície (tais como árvores ou edificações). A ferramenta de interpolação utilizada foi o "ArcToolbox → Spatial Analyst Tools → Interpolation → Topo to raster". Após a criação do modelo, realizou-se a etapa de aplicação e remoção de células espúrias da matriz, seguindo a sequência "ArcToolbox → Spatial Analyst Tools → Hydrology → Fill" no ambiente do ArcGIS®. Como resultado, obteve-se um Modelo Digital de Elevação (MDE) com resolução de células de 20x20 metros.

1.3. Pesquisa de percepção: valor cultural e simbólico

A pesquisa de percepção buscou compreender o grau de relevância que alguns elementos da geodiversidade de São Vicente do Sul e São Pedro do Sul, tem para as comunidades locais. Para isto, utilizou-se o procedimento metodológico que, primeiramente, registra os elementos da geodiversidade estudados em fotografias e, após, os entrevistados precisam indicar o grau de relevância com o elemento contido naquela fotografia, em uma escala de um a cinco.

As avaliações foram registradas em planilha específica, dados que posteriormente foram levadas até o software Excel 2013. Nesta interface foi aplicada estatística descritiva, como média simples (nota média), moda (nota que mais se repetiu) e desvio padrão (que demonstrou o grau de unanimidade na avaliação). Tal procedimento permitiu identificar as seguintes situações: (a) diferenças globais de avaliação entre as fotografias a partir de notas médias mais altas (4,00 e 5,00) e notas médias mais baixas (1,00 e 2,00); (b) reconhecer diferenças ou semelhanças globais de avaliação entre os diferentes segmentos de público investigado, no sentido de compreender como cada segmento da população avaliou as fotografias; (c) identificar preferências por determinado elemento da geodiversidade.

Após a avaliação de cada fotografia, os entrevistados foram orientados a rever as fotografias avaliadas com notas quatro e cinco (notas altas) e considerar o potencial daquele elemento da geodiversidade para realização de (1) geoturismo; (2) esportes de aventura, como escalada e trekking; (3) selos de procedência e logomarcas.

1.4 Trabalhos de campo

Foram realizados oito trabalhos de campo para verificação in loco das informações obtidas na revisão bibliográfica, observação qualitativas e tomada de fotografias para discussão e reflexão sobre as geoformas. Da mesma forma, executaram-se trabalhos de campo para aplicação da pesquisa de percepção, que englobou diversos segmentos das populações locais de SPS e SVS, como gestores públicos, comunidade escolar, empreendedores e população em geral.

Todas as etapas envolvidas nos procedimentos metodológicos do presente trabalho podem ser visualizadas na figura 2.

Figura 2: Fluxograma metodológico que demonstra as etapas para determinar o caráter geopatrimonial, a partir dos valores científico-educativo, de suporte e cultural.

Fonte: elaborado pelos autores (2023).

2. Resultados

Como mencionado anteriormente, ocorrem nos municípios que estão envolvidos na presente pesquisa uma série de cerros testemunhos. Quanto mais perto da atual linha de rebordo do planalto, mais cerros podem ser visualizados. Nesse contexto, destacam-se os cerros da Ermida, Carpintaria e Itaquatiá, em São Pedro do Sul, e os cerros do Loreto, Seio de Moça e São Miguel, em São Vicente do Sul.

Os cerros de São Pedro do Sul compreendem uma sequência de três geoformas localizadas bem próximas umas das outras, no setor central do município (Figura 3).

Figura 3: demonstra as variações altimétricas do relevo e os cerros de São Pedro do Sul.

Fonte: elaborado por André Furlan (2023).

As geoformas Ermida e Itaquatiá podem ser consideradas buttes ou morro/morrote, enquanto o cerro Carpintaria pode ser considerado uma meseta (Figura 4), utilizando os termos do trabalho de Duszynski et al. (2019). O cerro da Carpintaria é considerado uma meseta pois tem topo plano ou suavemente ondulado. Conforme Menezes et al. (2011), as formas de morros e morrotes em SPS constituem as elevações isoladas com vertentes íngremes, destacando-se entre o relevo de coxilhas. Caracterizam-se por declividades superiores a 15%, com altitudes superiores a 180 metros. Geralmente a base destes morros e morrotes são de arenitos e os topos são marcadas pela presença de rochas vulcânicas.

Figura 4: Cerros de SPS. (A) Cerro Carpintaria. (B) Cerro Itaquatiá. (C) Cerro da Ermida.

Fonte: acervo pessoal de Luiz Paulo Souza (2021).

Menezes et al. (2011) destacam ainda que tais cerros abrigam significativa vegetação remanescente, sobretudo das espécies florestais da mata atlântica, colocando que é de suma importância a conservação destes elementos do relevo como refúgio biológico para estas espécies e também para o aproveitamento em estratégias turísticas.

Em relação à geodiversidade do cerro Itaquatiá, Pontes et al. (2016) colocam que em sua base localizam-se as rochas sedimentares da Formação Caturrita. Na sua porção intermediária, encontra-se a Formação Botucatu, também de rochas sedimentares. Já no seu topo é possível visualizar uma delgada camada de derrames basálticos da Formação Serra Geral, que acabam constituindo uma camada mantenedora da estrutura (caprock).

Já em de São Vicente do Sul, o conjunto de cerros mais relevantes encontra-se no setor oeste do município, com destaque para os Cerros Loreto e Seio de Moça. No extremo nordeste do município, na sua divisa com Jaguari e Mata, bem próximo a atual linha do rebordo, situa-se o cerro São Miguel, um cerro em forma de meseta que, além de abrigar espécies florestais nas suas escarpas, fornece água para a comunidade rural de Cavajuretã.

Os cerros testemunhos de São Vicente do Sul correspondem às maiores altitudes e declividades da área, com o cerro do Loreto alcançando 338 metros de altitude e o Seio de Moça, 288 metros (Figura 5).

Figura 5: Demonstra a hipsometria do relevo e os cerros Loreto e Seio de Moça, em São Vicente do Sul.

Fonte: elaborado por André Furlan.

De acordo com Robaina e Trentin (2021), os cerros em forma de mesetas são formados por rochas sedimentares estratificadas, topos planos e encostas escarpadas, características de relevos de mesetas mantidos por camadas resistentes de sequências de arenitos cimentados da Formação Guará (Loreto). Já os cerros de topo agudo (piramidais), são formados pela desagregação de rochas areníticas favorecidas pelas estruturas rúpteis subverticais e pela resistência parcial das rochas cimentadas, como o cerro Seio de Moça (Figura 6).

Figura 6: Cerros Seio de Moça e Loreto, isolados em meio ao relevo de coxilhas da Depressão Central, formando um conjunto com relativa beleza cênica.

Fonte: acervo pessoal de André Borba (2018).

Robaina e Trentin (2021) destacam ainda que tais cerros possuem significativo depósito de tálus na sua volta, formado por fragmentos de rochas e blocos das porções superiores das geoformas, oriundos de movimentos de massa que geram tais depósitos nas bordas das encostas.

Em outro setor do município de São Vicente do Sul, encontra-se o cerro São Miguel (Figura 7). Trata-se de um cerro em forma de meseta, provavelmente capeado por rochas vulcânicas da formação Serra Geral. Tal meseta é delimitada em todos os seus lados por escarpas íngremes cobertas por espécies florestais da Mata Atlântica (Figura 8).

Estudos pormenorizados para determinar quais litologias capeiam este cerro e para identificar espécies vegetais associadas às formações rochosas ainda serão realizados. Não foram encontrados trabalhos científicos específicos sobre o São Miguel, mas optou-se por englobar tal geoforma no estudo por que ilustra bem o valor de suporte da geodiversidade. Nas encostas íngremes desta meseta ocorrem uma série de nascentes que abastecem de água potável a comunidade rural do Cavajuretã e tem seu abastecimento mantido mesmo em eventuais momentos de estiagem, demonstrando a importância deste cerro para tal comunidade.

Além disso, moradores locais relataram que nas nascentes onde é retirada a água para o abastecimento da comunidade, existem grandes cavidades nas rochas (superfície do tamanho de uma pessoa com 1,70 de altura) com várias ilustrações que podem constituir registros arqueológicos. Tais informações serão checadas em pesquisas posteriores. Ademais, existem trilhas autoguiadas até o topo do cerro que frequentemente são percorridas por turistas e visitantes locais.

Figura 7: Modelo Digital de Elevação do Cerro São Miguel.

Fonte: elaborado por André Furlan (2023).

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Figura 8: Cerro São Miguel, geoforma bem representativa dos cerros em forma de meseta do setor centro-oeste do RS. Fotografia superior: vista de leste para oeste. Fotografia inferior: vista de sul para norte.

Fonte: acervo pessoal de Luiz Paulo Souza (2023).

3. Discussões

3.1. Valor científico-educativo das geoformas estudadas

Vieira (2018) coloca que do ponto de vista científico, um elemento geomorfológico ganha valor pela sua representatividade relativa aos processos de evolução do relevo. Desta forma, o valor geomorfológico patrimonial de determinada geoforma decorre da sua importância enquanto objeto de estudo e do interesse que desperta a sua investigação na comunidade científica. Vieira (2018) segue sua abordagem ressaltando que, pode inserir-se neste contexto a sua importância enquanto recurso didático e pedagógico, pela sua capacidade de transmissão da ocorrência de processos geomorfológicos e ambientais que conduziram à elaboração das formas atuais do globo terrestre, bem como pela sua capacidade de sensibilização e divulgação sobre a necessidade de conservação ambiental.

Nesse sentido, é possível traçar um paralelo com a pesquisa de Duszynski et al. (2019), que traz um panorama global sobre os conceitos e formas de relevo resultantes da retração de escarpas. Os cerros estudados podem ser considerados bons exemplos para investigações científicas, sobretudo na educação básica dos municípios envolvidos na pesquisa, que busquem compreender a evolução do relevo terrestre, pois demonstram de forma clara a sequência de evolução do relevo na retração de escarpas: platô (Planalto Meridional) → meseta (Cerro do Loreto) → morrote (Seio de Moça e Itaquatiá) (Figura 9).

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Figura 9: (1) Modelo teórico de Duszynski et al. (2019). (2) perfil topográfico das geoformas de interesse desta pesquisa. (A) representa o Planalto Meridional; (B) representa o cerro São Miguel, em formato de meseta; e (C) cerro Seio de Moça, que representa o “butte” ou morrote.

Fonte: elaborado pelos autores a partir do software Google Earth (2023).

Nesse contexto, estes cerros representam bons exemplos para investigações científicas que busquem compreender a evolução do relevo terrestre, pois estão situados no limite sul de uma das maiores bacias sedimentares recoberta por derrames basálticos do Planeta, que marca uma transição importante de duas unidades geomorfológicas no extremo sul do país e demonstram de forma clara a sequência de evolução do relevo na retração de escarpas. Além disso, é perfeitamente possível pensar em projetos educativos de âmbito local que envolvem estudos de geologia, de geomorfologia, de biologia e também de climatologia utilizando os cerros testemunhos (paleoclimas e mudanças climáticas), temas muito preocupantes e com forte impacto na sociedade atualmente.

Com o objetivo de popularizar o conhecimento geocientífico obtido a partir do estudo dos cerros testemunhos e divulgar o valor científico aqui discutido junto às comunidades locais, foi realizada uma oficina de valorização destas formas de relevo junto a Escola de Ensino Fundamental Antero Xavier, em São Vicente do Sul, oficina coordenada pelo primeiro autor do presente trabalho (Figura 10).

Figura 10: Oficina realizada dia 25/05/2023, que contou com trilha de subida até o topo do cerro do Loreto. Objetivou-se apresentar e discutir a gênese destas formas de relevo, assim como sua importância para estruturação de habitats de espécies de cactáceas e outras espécies arbóreas da Mata Atlântica.

Fonte: acervo pessoal do autor e acervo da escola Antero Xavier (2023).

Destaca-se que esta oficina foi apenas uma atividade inicial de utilização destes cerros em iniciativas educacionais e de sensibilização sobre o valor educativo e científico das formas de relevo. Esse relato retrata uma fase incipiente de um processo de geoeducação nestes territórios, não havendo, portanto, resultados a serem discutidos até o momento.

3.2 Valor de suporte ou funcional

As formas de relevo estudados neste trabalho são responsáveis pela estruturação de habitats de espécies de ocorrência muito restrita, como as cactáceas encontradas no cerro do Loreto e no Itaquatiá.

O cerro Itaquatiá é descrito por Pontes et al. (2016) como um importante elemento fitogeográfico do município de São Pedro do Sul pois disponibiliza ambiente propício para espécies endêmicas, a exemplo de Parodia ottonis, Parodia linkii, Echinopsis oxygona (Cactaceae), Dyckia ibicuiensis, Tillandsia lorentziana (Bromeliaceae), Sinningia macrostachya (Gesneriaceae) e Eugenia hamiltonii (Myrtaceae). Tais espécies são testemunhos de oscilações paleoclimáticas do Quaternário e ao longo dos milhares de anos ficaram isoladas em locais que reproduzem as condições necessárias para sua permanência. No geral, encontram-se em afloramentos rochosos no topo ou nas escarpas com orientação nordeste e norte, onde é maior o índice de insolação e de temperatura (Figura 11).

Robaina e Trentin (2021) ressaltam também o valor ecológico dos cerros de São Vicente do Sul, sobretudo pela abundância de espécies florestais nativas nas encostas, salientando a necessidade de constituir corredores de fauna entre os conjuntos de cerros e as matas ciliares dos canais fluviais. No cerro do Loreto também podem ser encontradas variadas espécies de cactáceas junto aos afloramentos rochosos com face para o norte e noroeste (Figura 12).

Figura 11: espécies encontradas nas faces norte e noroeste do cerro Itaquatiá. (A) Echinopsis oxygona. (B) Rhipsalis sp. (C) Parodia linkii.

Fonte: acervo pessoal de Luiz Paulo Souza (2021).

Figura 12: espécies encontradas na sessão intermediária do cerro do Loreto, nas faces norte e noroeste da geoforma. (A) Dyckia sp. (B) Parodia langsdorfii. (C) Parodia linkii.

Fonte: acervo pessoal de Luiz Paulo Souza (2021).

3.3 Valor cultural e simbólico: importância das comunidades locais na geoconservação

O valor cultural decorre da conexão entre a geodiversidade e o desenvolvimento social, cultural e religioso da sociedade (Brilha, 2005). Ele pode ser percebido tanto no plano estético da interpretação da paisagem, com o valor atribuído pelo ser humano a formações do ambiente físico onde vive, quanto no plano simbólico, em referência aos aspectos religiosos e espirituais (Figueiró, Vieira e Cunha, 2013).

Acerca do valor cultural, uma forma de relevo, por exemplo, é valorizada quando estabelece uma relação com os seres humanos, nomeadamente pela ocorrência de acontecimentos históricos ou que possuam um valor pictórico, simbólico, religioso ou espiritual (Vieira, 2018).

Nesse sentido, o valor cultural da geodiversidade também pode ser abordado pela percepção que as comunidades possuem acerca de determinados elementos da geodiversidade, percepção que media a forma de relação e utilização destes elementos por tais comunidades. Em uma estratégia de geoconservação, por exemplo, a possibilidade de efetiva geração de renda com base em determinando elemento da geodiversidade a partir do geoturismo ou do desenvolvimento de selos de procedência e designações locais, também depende de como as comunidades do entorno percebem estes elementos e este potencial.

Coratza e Hobléa (2018) colocam que, na maioria dos casos, o patrimônio geomorfológico inclui não apenas objetos geomorfológicos stricto sensu, mas também componentes culturais, sendo que o valor patrimonial não é só determinando pela geomorfologia, mas pelo significado que as populações atribuem para aquelas formas de relevo. Os mesmos autores salientam que os atributos que podem conferir valor patrimonial a um elemento geomorfológico são o paisagístico, científico, socioeconômico e o cultural. Essa abordagem mais ampla considera todos estes valores inter-relacionados e interdependentes, dentro de uma concepção holística, que seria mais adequada para a sensibilização e divulgação destes elementos em uma iniciativa de geoturismo e geoeducação, por exemplo.

A integração de fatores relacionados ao papel social atribuído pelas comunidades fora do campo das ciências da Terra com as habitualmente reconhecidas pelos geocientistas (valor científico) pode contribuir para a qualificação de objetos geomorfológicos como tendo valor patrimonial em uma perspectiva sociocultural, conforme discutido por diversos autores (Pena dos Reis; Henriques, 2009; Coratza; Hobléa, 2018).

Outro ponto importante acerca desta conexão que as sociedades assumem com a geodiversidade é relativo à necessidade de conservação da porção mais representativa desta geodiversidade, os elementos com valor superlativo, ou seja, o geopatrimônio. Entende-se que são as comunidades locais, e entre elas os gestores destas localidades, os agentes mais cruciais na conservação do geopatrimônio; por este motivo é que pesquisas de percepção se tornam etapas fundamentais nas iniciativas de geoconservação que busquem integrar as comunidades locais.

Nesse contexto, a pesquisa de percepção ambiental e geoconservação identificou, por exemplo, que os cerros do Loreto, Seio de Moça e Itaquatiá têm alto grau de relevância para os inquiridos pela pesquisa, onde o Loreto obteve nota média geral 4,54, o desvio padrão (dp) ficou em 0,70 e a nota que mais se repetiu para tal cerro (moda) foi 5,00. Já o Seio de Moça recebeu nota média 4,34, dp foi 0,80 e a nota mais atribuída também foi 5,00. O cerro Itaquatiá, por sua vez, foi avaliado com nota média geral 4,49, o dp ficou em 0,94 e a moda foi 5,00. O cerro São Miguel recebeu nota média 4,43, dp foi 0,74 e a moda também foi 5.

Essas avaliações demonstram a importância destes elementos da geodiversidade para tais comunidades (vide médias gerais sempre acima de quatro, baixo desvio padrão e moda cinco para os quatro cerros). Ademais, os cerros também são mencionados pela população entrevistada como importantes elementos para desenvolver estratégias turísticas e identificar empreendimentos locais, onde 87% dos entrevistados entendem que há potencial nestes elementos da geodiversidade para atividades relacionadas ao geoturismo; 81% concordam que tais cerros tem potencial para esportes de aventura como escalada e trekking; e 70% destes mesmos entrevistados também compreendem que é possível inspirar selos de procedência e logomarcas para produtos locais a partir destes elementos da geodiversidade.

Especificamente em relação ao cerro do Loreto e Seio de Moça, em São Vicente do Sul, destaca-se que tais formas de relevo têm ampla importância simbólica para estas comunidades, inclusive com a incorporação do perfil destes cerros no símbolo do município e em outras instituições, demonstrando a valorização de tais elementos da geodiversidade (Figura 13).

Destaca-se também, que durante o mês de abril, são realizadas peregrinações religiosas até o topo do cerro do Loreto, demonstrando uma tradição religiosa que está vinculada com tal forma de relevo.

Figura 13: (A) Logo utilizado pela prefeitura municipal de São Vicente do Sul, com o perfil dos cerros Loreto e Seio de Moça. (B) Logo da escola municipal localizada no distrito do Loreto, evidenciando as formas de relevo. (C) Placa que identifica o local onde são comercializados os produtos da Associação dos Produtores Rurais do Loreto, logo que pode inspirar uma política municipal de desenvolvimento de selos de procedência e designação de origem destes produtos, valorizando também a geodiversidade desta região.

Fonte: (A) Prefeitura Municipal de São Vicente do Sul (2021). (B) Escola Municipal Antero Xavier (2023). (C) Acervo pessoal dos autores (2023).

Considerações finais

Embora as iniciativas de geoconservação ainda estejam em fase de planejamento no projeto de geoparque Raízes de Pedra, salienta-se que as mesetas e morrotes do setor centro-oeste do RS se constituem em um dos principais elementos da geodiversidade deste território, devendo tais iniciativas, englobar estas formas de relevo.

Nesse sentido, é possível afirmar que o caráter geopatrimonial dos cerros discutidos acima está relacionado aos seguintes aspectos: (i) exemplos de evolução do relevo na retração de escarpas de rochas sedimentares recobertas por rochas vulcânicas; (ii) história de evolução da Terra; (iii) valores de suporte da geodiversidade, na estruturação de habitats e fornecimento de água potável; (iv) relativa beleza cênica e destaque na paisagem; (v) prática de esportes de aventura, como trilhas autoguiadas e escaladas; (vi) importância simbólica e cultural para as comunidades locais.

Para concluir, destaca-se também que tais cerros tem grande potencial para instalação de mirantes (miradores ou belvederes), juntos as estradas asfaltadas BR-287 e RS-241, no sentido das estradas paisagísticas de Sell (2017), que englobaria também importantes afloramentos fossílíferos da região. Também há possibilidade para concepção de unidades de conservação e corredores ecológicos conectando estes cerros testemunhos às áreas prioritárias para conservação da biodiversidade já sugerida pelo Ministério do Meio Ambiente (Brasil, 2007). Estas unidades de conservação irão proteger desde remanescentes de campos naturais e matas ciliares com espécies da Mata Atlântica, até formas de relevo responsáveis pela estruturação de habitats de espécies de ocorrência muito restrita, como as cactáceas encontradas no cerro do Loreto e no Itaquatiá.

Financiamento

Trabalho financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior (CAPES) através de bolsa concedida para o desenvolvimento da pesquisa de Doutorado em Geografia do primeiro autor deste trabalho.

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Artigo recebido em / Received on: 11/10/2023

Artigo aceite para publicação em / Accepted for publication on: 28/12/2023

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