Os areais do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil, como patrimônio geomorfológico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/physisterrae.2209

Palavras-chave:

Arenização, Belezas cênicas, Geoturismo, Uso da terra

Resumo

Os processos de arenização encontrados no sudoeste do RS, Brasil, são um fenômeno único, localizado entre as unidades geomorfológicas da Escarpa do Planalto de Uruguaiana e a Depressão Periférica. Os areais se constituem como produto do intemperismo destas formações e que lhes confere uma condição geomorfológica particular. O presente trabalho tem por objetivo estabelecer relações entre a arenização, seu aproveitamento turístico enquanto patrimônio geomorfológico e os conflitos ambientais ocasionados pelo modelo econômico dominante. Dentre os areais que podem ser identificados na região, o do Cerro da Esquina possui condições de exploração turística, pois permite que parte da “memória da Terra” seja compreendida a partir da sua observação. O potencial dos areais enquanto patrimônio geomorfológico para o desenvolvimento do turismo pode ser avaliado a partir de diferentes aspectos: (i) a compreensão do próprio processo, ou seja, o que são os areais e como surgiram; (ii) a sua vinculação no contexto da bacia hidrográfica do arroio Inhacundá, dentro da qual, se passa por diferentes compartimentos, até chegar aos relevos testemunhos, associados às formações sedimentares (Botucatu e Guará), aos areais e às turfeiras nos fundos dos vales de seus tributários; e (iii) a beleza cênica do conjunto paisagístico da região. Nesta perspectiva, questiona-se a implantação da monocultura silvícola, a qual interfere no processo de conservação do patrimônio geomorfológico, reduzindo o potencial geoturístico apresentado pela região.

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Publicado

31-12-2019

Como Citar

Gass, S. L. B., Verdum, R., Vieira, L. de F. dos S., Caneppele, J. C. G., & Laurent, F. (2019). Os areais do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil, como patrimônio geomorfológico. Physis Terrae - Revista Ibero-Afro-Americana De Geografia Física E Ambiente, 1(2), 101–119. https://doi.org/10.21814/physisterrae.2209