A relação entre condições meteorológicas instantâneas e a ocorrência de incêndios de diferentes intensidades, na região do Parque Estadual do Pau Furado, em Minas Gerais - Brasil
Palavras-chave:
NBR, Variáveis Climatológicas, Incêndios Florestais, Gestão ambientalResumo
Cada vez mais frequentes em Unidades de Conservação (UC) brasileiras, os incêndios florestais têm ocupado posição de destaque enquanto um tema preocupante à gestão ambiental do território. Nesse sentido, as pesquisas nessa temática buscam não somente a observação da própria dinâmica do fogo, mas também compreender como a intensidade e a magnitude dos incêndios são afetadas pelas condicionantes climáticas e o quanto a ação antrópica tem deflagrado esse tipo de evento, sobretudo, danoso à biodiversidade. Dessa maneira, aqui investigamos incêndios florestais de diferentes intensidades ocorridos no Parque Estadual do Pau Furado (PEPF) e suas relações com as condições meteorológicas momentâneas. O PEPF é uma importante Unidade de Conservação situada no Cerrado, próximo à cidade de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil, que está circundado por propriedades rurais particulares com intenso manejo. Para este estudo, as variáveis climatológicas elencadas para análise foram: umidade relativa do ar, temperatura, direção do vento e radiação solar. Os dados climatológicos foram obtidos da estação meteorológica de Uberlândia, para o período compreendido entre os anos de 2018-2020, dentro do intervalo dos meses de estiagem (maio-setembro). As imagens foram adquiridas através do sensor Multispectral Instrument (MSI), instalado no satélite Sentinel-2. Para o mapeamento e a classificação da intensidade dos incêndios, utilizamos os índices espectrais NBR (Normalized Burn Ratio) e sua variante, o dNBR. Aqui detectamos que os incêndios de "Alta Severidade" estão relacionados com condições ambientais caracterizadas por temperaturas médias superiores a 30ºC e umidades relativas do ar abaixo de 40%. Entretanto, entendemos que é na combinação do mapeamento de múltiplos fatores – para além dos climatológicos – que reside a chave para se evitar incêndios severos. A observação de variáveis climatológicas isoladas não permite que se tenha uma leitura precisa do cenário favorável à ocorrência de incêndios mais (ou menos) severos.
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