Os processos de piping antropogênico, sua ocorrência em áreas urbanizadas

Autores

Palavras-chave:

Processos Antropogênicos Induzidos, Controladores e Influenciadores Estruturais, Geomorfologia Antropogênica, Uberlândia

Resumo

A Geomorfologia Antropogênica emergiu nas últimas décadas como um campo central na análise das interações entre a atividade humana, as formas de relevo e os processos geomorfológicos. Os adensamentos urbanos surgem como expressões evidentes da ação humana na modificação das paisagens, oferecendo áreas cruciais para a observação dos efeitos dessas intervenções nos fluxos de energia e matéria. Nos ambientes urbanizados, a presença humana condiciona esses fluxos por meio de uma paisagem construída, caracterizada por materiais heterogêneos e dinâmicas específicas. O presente artigo tem como objetivo diferenciar os processos de piping antropogênicos dos processos de piping naturais / espontâneos, apresentando pontos vitais para sua diferenciação. Para a identificação e classificação dos processos, foi utilizada a metodologia proposta por Danelon e Barcelos (2023). O estudo expõe seis ocorrências de piping antropogênico desenvolvidos no município de Uberlândia (MG), Brasil, evidenciando sua forte ligação com estruturas antrópicas presentes em subsuperfície. Esse componente antrópico que condiciona os processos geomorfológicos, os caracterizam como processos antropogênicos induzidos, dada suas características particulares. O não reconhecimento desses processos antropogênicos compromete diretamente o entendimento da dinâmica dos processos geomorfológicos em ambientes urbanizados. Portanto, espera-se que os fatos apresentados nessa publicação contribuam para a evolução da discussão quanto a diferenciação dos processos antropogênicos induzidos desencadeados em ambientes urbanizados e os processos geomorfológicos naturais / espontâneos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Anna Carolina Barcelos, Universidade Federal de Uberlândia

Licenciada em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (2016) e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (2017). Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Geografia (UFU). Atualmente cursa Doutorado em Geografia pela mesma instituição (UFU). Membro (colaboradora) no laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos (LAGES - UFU). Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia, geoprocessamento, cartografia geomorfológica e erosão do solo. 

Referências

Augustin, C. H. R. R., Aranha, P. R. A. (2006). Piping em áreas de voçorocamento, noroeste do Minas Gerais. Revista Brasileira de Geomorfologia. 7(1), 09-18. https://doi.org/10.20502/rbg.v7i1.56

Carrijo, B. R., Baccaro, C. A. D. (2001). Análise sobre a erosão hídrica na área urbana de Uberlândia (MG). Caminhos de Geografia, 2(2), 70-83. https://doi.org/10.14393/RCG2215254

Beckedahl, H.R., Dardis, G.F. (1988). The role of artificial drainage in the development of soil pipes and gullies: Some examples from Transkei, southern Africa. In: Dardis, G.F., Moon, B.P. (eds.), Geomorphological studies in southern Africa, pp. 229-245.

Beckedahl, H. R., Jones, J. A. A., Hardenbicker, U. (2022). Soil Piping: Problems and Prospects. In: Mandal, S. et al. Applied Geomorphology and Contemporary Issues. 1ed. Switzerland: Springer Nature, p. 217–243.

Bernatek-Jakiel, A., Poesen, J. (2018). Can soil piping impact environment and society? Identifying new research gaps. Earth-Science Reviews, 185, 1107–1128. https://doi.org/10.1002/esp.5431

Bernucci, L. N. et al. (2010). Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3ed. Rio de Janeiro: PETRORAS: ABEDA, 504p.

Bovi, R. C. et al. (2020). Piping process: Genesis and network characterization through a pedological and geophysical approach. Geoderma, 361, 114101. https://doi.org/10.1016/j.geoderma.2019.114101

Bull, L. J., Kirkby, M. J. (1997). Gully processes and modelling. Progress in Physical Geography, 21(3), 354-374. https://doi.org/10.1177/030913339702100302

Caixeta, A. C. M. (2017). Diversidade Geoambiental e potencial de infiltração na bacia do córrego São Pedro, em Uberlândia – MG. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós Graduação em Geografia. Uberlândia. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/19847

Caixeta, A. C. M., Ferreira, V. O., Nishiyama, L. (2019). Caracterização geotécnica e geoambiental da bacia do Córrego São Pedro-Uberlândia/MG: contribuição para elaboração do plano de drenagem urbana. Sociedade & Natureza, Uberlândia, MG. 31. 1-24. https://doi.org/10.14393/SN-v31-2019-46344

Cocozza, G. P., Oliveira, L. M. (2013). Forma urbana e espaços livres na cidade de Uberlândia (MG), Brasil. Paisagem e Ambiente: Ensaios, 32, 9-32. https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.v0i32p9-32

Danelon, J. R. B., Barcelos, A. C. (2023). Processos antropogênicos induzidos em ambientes urbanizados. Mercator, 21, e21033. https://doi.org/10.4215/rm2022.e21033

Downes, R. G. (1946). Tunnelling erosion in north-eastern Victoria. Journal of the Council of Scientific and Industrial Research, 19, 283–92.

Gilbert, G. K. (1877). Report on the Geology of the Henry Mountains. United States Geological and Geographical Survey, Rocky Mountains Region: General Printing Office: Washington DC. 178 p.

Gilbert, G.K. (1917). Hydraulic-Mining Debris in the Sierra Nevada. Washington: United States Geological Survey, Professional Paper 105. 154 p.

Goudie, A. S. (1986). Human Impact on the Natural Environment. Basil Blackwell, Oxford. 472 p.

Gouveia, I. C. M. C. (2010). Da originalidade do sítio urbano de São Paulo às formas antrópicas: aplicação da abordagem da geomorfologia antropogênica na bacia hidrográfica do Rio Tamanduateí, na região metropolitana de São Paulo. Tese de Doutorado em Geografia Física, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.8.2010.tde-31012011-123012

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2024). Estimativas de população publicadas no DOU. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 118 p. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html

Jones, J. A. A. (1987). The effects of soil piping on contributing areas and erosion patterns. Earth Surf. Process. Landforms 12, 229–248. https://doi.org/10.1002/esp

Pereira, J. S., Rodrigues, S. C. (2022). 18. Erosão por voçorocas: Estado da arte. In: Revisões de literatura da geomorfologia brasileira [recurso eletrônico] / organizadores Osmar Abílio de Carvalho Júnior ... [et al.]. ‒ Brasília: Universidade de Brasília. 1057 p

Maia, D. S. (2010). Cidades Médias e Pequenas do Nordeste: Conferência de Abertura. In: Lopes, D. M. F., Henrique, W. (Orgs.) Cidades Médias e Pequenas: Teorias, Conceitos e Estudos de Caso. Salvador: SEI. p.15-41.

Masrh, G. P. (1864). Man and Nature: Physical Geography as Modified by Human Action. Londres: S. Low, Son e Marston, 560p.

Marsh, G.P. (1874). The Earth as Modified by Human Action. C. Scribner: New York. 629p.

Nir, D. (1983). Man, a geomorphological agent: an introduction to anthropic geomorphology. Jerusalem, Ketem Pub. House, 177 p.

Nishiyama, L. (1998). Procedimentos de mapeamento geotécnico como base para análise e avaliações ambientais do meio físico em escala 1:100.000 aplicação no município de Uberlândia - MG. 1998. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Carlos. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/000979238

Patti, G. et al. (2021). Geophysical surveys integrated with rainfall data analysis for the study of soil piping phenomena occurred in a densely urbanized area in eastern Sicily. Natural Hazards, 108(3), 2467-2492. https://doi.org/10.1007/s11069-021-04784-9

Pierson, T.C. (1983). Soil pipes and slope stability. Quarterly Journal of Engineering Geology and Hydrogeology, 16, 1-11. https://doi.org/10.1144/GSL.QJEG.1983.016.01.0

Rodrigues, C. (2005). Morfologia Original e Morfologia Antropogênica na definição de unidades espaciais de planejamento urbano: exemplo na metrópole paulista. Revista do Departamento de Geografia, 17, 101-111. https://doi.org/10.7154/RDG.2005.0017.0008

Ross, J. L. S. (1994). Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, 8, 63-73. https://doi.org/10.7154/RDG.1994.0008.0006

Ross, J. L. S. (1995). Análise e síntese na abordagem geográfica da pesquisa para o planejamento ambiental. Revista do Departamento de Geografia, 9, 65-75. https://doi.org/10.7154/RDG.1995.0009.0006

Sauer, C. (1925). O The morphology of landscape. California: University of California Publications in Geography 2, p.19-53.

Sotchava, V. B. (1978). Por uma teoria de classificação de Geossistemas da Vida Terrestre. Biogeografia nº 14. São Paulo: Instituto de Geografia – Universidade de São Paulo. 24p.

Stevaux, J. C., Latrubesse, E. M. (2017). Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Oficina de Texto. 320 p.

Tricart, J. (1977). Ecodinâmica. Rio de Janeiro: F I B G, Secretaria de Planejamento da Presidência da República. 97 p.

Wilson, G. V., Rigby, J. R., Dabney, S. M. (2015). Soil pipe collapses in a loess pasture of Goodwin Creek watershed, Mississippi: role of soil properties and past land use. Earth Surface Processes and Landforms, 40(11), 1448-1463. https://doi.org/10.1002/esp.3727

Woeikof, A. I. (1901). De l'influence de l'homme sur la terre. Annales de Géographie, 10(51). 193-215.

Zhu, T.X; Luk, S.H; Cai, Q.G. (2002). Tunnel erosion and sediment production in the hilly loess region, North China. Journal of Hydrology, 257, 78–90. https://doi.org/10.1016/S0022-1694(01)00544-3

Downloads

Publicado

31-12-2024

Como Citar

Danelon, J. R. B., & Barcelos, A. C. (2024). Os processos de piping antropogênico, sua ocorrência em áreas urbanizadas. Physis Terrae - Revista Ibero-Afro-Americana De Geografia Física E Ambiente, 6(2), 131–158. Obtido de https://revistas.uminho.pt/index.php/physisterrae/article/view/5927

Edição

Secção

Cidades saudáveis e sustentáveis: meio ambiente, população e dinâmica social