Kairós, um segredo impronunciável. Uma investigação sobre o tempo nas artes performativas
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.4827Palavras-chave:
Temporalidade, Kairós, Dioniso, Apolo, Perceção, On MomentResumo
O tempo, sob uma perspetiva formal, está presente em qualquer objeto performativo, assim como está, em qualquer episódio do nosso quotidiano. A este tempo evidente chamar-se-lhe-á Chronos, aquele que é mensurável e independente da vontade e da ação do sujeito. A presente investigação procurará intercetar um outro tempo, aquele que se encontra a um nível pré-conceptual e cuja ação do sujeito é imprescindível para que o mesmo se manifeste. Kairós é o tempo experienciado de um ponto de vista fenomenológico, é aquele que requer a presença do indivíduo percipiente, num contacto direto e íntimo com o objeto. Através desta proximidade, diluem-se as fronteiras entre o eu e o objeto, provocando um desacentuar do principium individuationis, o que possibilita o surgimento de um novo espaço-tempo, aquele que é habitado pelo objeto e ao qual, agora, o sujeito tem acesso. Kairós não é o tempo do sujeito, mas também não é inteiramente o tempo do objeto. Kairós é o outro tempo, aquele que é criado pelo sujeito que habita o objeto e pelo objeto que habita o sujeito.
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