Kairós, um segredo impronunciável. Uma investigação sobre o tempo nas artes performativas

Autores

  • Ana Sofia Silva Universidade do Minho

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.4827

Palavras-chave:

Temporalidade, Kairós, Dioniso, Apolo, Perceção, On Moment

Resumo

O tempo, sob uma perspetiva formal, está presente em qualquer objeto performativo, assim como está, em qualquer episódio do nosso quotidiano. A este tempo evidente chamar-se-lhe-á Chronos, aquele que é mensurável e independente da vontade e da ação do sujeito. A presente investigação procurará intercetar um outro tempo, aquele que se encontra a um nível pré-conceptual e cuja ação do sujeito é imprescindível para que o mesmo se manifeste. Kairós é o tempo experienciado de um ponto de vista fenomenológico, é aquele que requer a presença do indivíduo percipiente, num contacto direto e íntimo com o objeto. Através desta proximidade, diluem-se as fronteiras entre o eu e o objeto, provocando um desacentuar do principium individuationis, o que possibilita o surgimento de um novo espaço-tempo, aquele que é habitado pelo objeto e ao qual, agora, o sujeito tem acesso. Kairós não é o tempo do sujeito, mas também não é inteiramente o tempo do objeto. Kairós é o outro tempo, aquele que é criado pelo sujeito que habita o objeto e pelo objeto que habita o sujeito.

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Publicado

13-12-2023

Como Citar

Silva, A. S. (2023). Kairós, um segredo impronunciável. Uma investigação sobre o tempo nas artes performativas. Diacrítica, 37(2), 136–153. https://doi.org/10.21814/diacritica.4827

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