O estabelecimento de relações de causalidade sob a perspetiva da sociolinguística variacionista

Autores

  • Joana Aguiar CEHUM – University of Minho, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.4923

Palavras-chave:

sociolinguística, relações de causalidade, variáveis sociais

Resumo

O presente trabalho insere-se no domínio da variação sintática e tem como objetivo promover a discussão em torno da importância das variáveis sociais na interpretação dos dados linguísticos. Partindo do pressuposto de que a mesma relação semântica pode ser estabelecida através de diferentes estruturas sintáticas, são analisados os mecanismos de conexão frásica que permitem o estabelecimento da relação de causalidade. Seguindo as propostas de Schiffrin (1987), Sweetser (1990), Paiva e Braga (2010), propõe-se a tripartição da noção de causalidade em: causa real, causa explicativa, e causa interacional. Esta divisão é motivada por três fatores: tipologia de ato de fala envolvido (assertivo / não assertivo), tipologia de relação estabelecida (asserida ou pressuposta), e domínio de atuação (domínio do conteúdo, domínio epistémico e domínio ilocutório/interacional).
Os resultados da análise revelam que as relações de causa explicativa são as mais frequentes, independentemente do corpus em análise. Quando observamos os dados para o cruzamento das variáveis sociais, constata-se que a variável grau de escolaridade influencia a ocorrência da relação de causalidade: informantes com mais anos de escolaridade tendem a estabelecer mais frequentemente relações de causa explicativa.

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Publicado

11-05-2017

Como Citar

Aguiar, J. (2017). O estabelecimento de relações de causalidade sob a perspetiva da sociolinguística variacionista. Diacrítica, 31(1), 77–98. https://doi.org/10.21814/diacritica.4923

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Artigos Temáticos