De "Lepra" à "Hanseníase": uma análise lexicológica de base sócio-histórica

Autores

  • Marcus Dores Universidade de Minas Gerais (Brazil)
  • Cecília Toledo Universidade de Minas Gerais (Brazil)

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.124

Palavras-chave:

léxico, sociedade, lexicologia sócio-histórica, lepra, hanseníase

Resumo

Este artigo investigou como se deu a concorrência entre as palavras lepra e hanseníase nas décadas de 1970 e 2000. A pesquisa foi realizada em quatro etapas: (1) levantamento das ocorrências das palavras lepra e hanseníase na base digital do Jornal do Brasil; (2) observação do surgimento do neologismo (hanseníase), da sua difusão e do processo de mudança na frequência de uso das palavras; (3) escolha de duas sincronias, uma antes (1970) e outra depois (2000) da inversão da frequência; (4) análise da ocorrência das palavras em 100 textos de cada sincronia. Os dados mostraram que a palavra hanseníase apareceu pela primeira vez no Jornal do Brasil em1970 – período de origem da reforma sanitária. Em 2000 – ano em que já se falava sobre a cura da doença – a palavra hanseníase ultrapassou a palavra lepra, no corpus.Os resultados alcançados revelaram que houve uma mudança de percepção social dadoença no Brasil. A palavra hanseníase surgiu em um momento de luta pelo tratamento de doenças endêmicas. Com a descoberta da cura da doença, o neologismo ganhou força e se encaixou no léxico do português. A partir desses resultados, pretendeu-se mostrar que o estudo do léxico deve considerar fatores linguísticos e sociais, como sugerido pela lexicologia sócio-histórica.

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Publicado

28-11-2018

Como Citar

Dores, M., & Toledo, C. (2018). De "Lepra" à "Hanseníase": uma análise lexicológica de base sócio-histórica. Diacrítica, 32(1), 179–208. https://doi.org/10.21814/diacritica.124