Nasalização vocálica no português urbano de São Tomé e Príncipe

Autores

  • Gabriel Antunes de Araujo
  • Amanda Macedo Balduino

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5054

Palavras-chave:

Nasalização, Português de São Tomé, Português de Príncipe

Resumo

Este artigo examina comparativamente a nasalidade vocálica em duas variedades de português faladas em São Tomé e Príncipe: o português santomense (PST) e o português principense (PP). Pautados na análise da duração e dos formantes dos segmentos nasais (ṽN), nasalizados (ṽ.N) e orais (V), observamos dois processos de nasalização distintos nessas variedades: a nasalidade vocálica tautossilábica, engatilhada por uma coda nasal, e a nasalidade vocálica heterossilábica, promovida por um ataque nasal. Ambos os processos decorrem do espraiamento regressivo do traço [+nasal] para V, porém, enquanto a nasalidade tautossilábica é obrigatória, distingue significado e ocasiona o apagamento da consoante nasal em coda, resultando na duração alongada de ṽN em relação à V (48% para o PST e 60% para o PP), a nasalidade heterossilábica não é implementada em pretônicas, é opcional em tônicas e mantém a consoante nasal em ataque, refletindo, consequentemente, na duração de ṽ.N, a qual é equivalente à V.

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Publicado

16-12-2019

Como Citar

Araujo, G. A. de ., & Balduino, A. M. (2019). Nasalização vocálica no português urbano de São Tomé e Príncipe. Diacrítica, 33(2), 41–68. https://doi.org/10.21814/diacritica.5054