Ilse Losa e Maria da Graça Amado da Cunha: ligadas pelo comboio que leva as cartas e os boatos

Autores

  • Mariana Maurício Centro de Estudos Comparatistas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5095

Palavras-chave:

Correspondência, Cartas, Ilse Losa, Maria da Graça Amado da Cunha, Mulheres artistas, Mulheres escritoras

Resumo

Ilse Losa (1913–2006), escritora que veio para o Porto para escapar ao regime nazi, e Maria da Graça Amado da Cunha (1919–2001), pianista e figura fundamental no meio cultural lisboeta, criaram uma amizade assente, em grande medida, na comunicação epistolar. Preenchendo com cartas o silêncio que intercalava os seus encontros, estas duas mulheres mantiveram-se unidas, ao longo de quarenta anos, graças ao comboio que ligava as duas cidades e levava as suas “cartas e boatos” (Cunha, 1953). A escritora e a pianista fundaram a amizade em afinidades políticas e intelectuais, conscientes da posição marginal que ocupavam no meio artístico e literário. As cartas e manifestações mútuas de apoio ajudaram a legitimar e validar as ambições e talentos artísticos de cada uma. Maria da Graça estabeleceu laços entre Losa e os escritores lisboetas que faziam parte do seu círculo próximo e empregou as suas capacidades literárias na leitura crítica dos livros de Ilse, com o objetivo de a ajudar a aperfeiçoar o uso da língua portuguesa e a escrita. Ilse, por sua vez, conhecendo as dificuldades que a amiga enfrentava na procura de estabelecer uma carreira como pianista, desejou contrariar o (talvez) inevitável fecho do piano por Maria da Graça.

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Publicado

28-12-2022

Como Citar

Maurício, M. (2022). Ilse Losa e Maria da Graça Amado da Cunha: ligadas pelo comboio que leva as cartas e os boatos. Diacrítica, 36(3), 53–64. https://doi.org/10.21814/diacritica.5095

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Artigos Temáticos