Escrita andarilha. Nietzsche e a literatura contemporânea de língua portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.5186Palavras-chave:
Nietzsche, Eterno retorno, Perspectivismo, Literatura contemporâneaResumo
Ao enfatizar a historicidade de certos valores predominantes em sua época, Friedrich Nietzsche questionava a aura de universalidade que revestia a cultura europeia moderna e seus agentes. Sua crítica à metafísica contribuiu para detonar uma crise epistemológica que atravessou o século XX e segue em curso até hoje. Embora seu legado nas ciências humanas seja amplo e variado, este artigo traz para o primeiro plano exemplos de como esse diálogo ocorre na literatura contemporânea de língua portuguesa. Com isso, procura-se observar a especificidade de como algumas obras respondem ao filósofo. O corpus selecionado contempla quatro textos: O livro das comunidades, de Maria Gabriela Llansol; “O mundo estranhado: esboço de filosofia fisionômica”, de Juliano Garcia Pessanha; “Duas pessoas”, de Herberto Helder; e “Floema”, de Hilda Hilst. Nos dois primeiros, analisamos como reelaboram a ideia nietzschiana do eterno retorno; nos dois últimos, o perspectivismo. Em vez de se estabelecerem generalizações e consensos, destacamos os diversos acenos que fazem à vivência e à escrita entendidas como singular transformação. Em suma, essas expressões literárias afastam-se de um viés substancialista para se manifestar como performance, daí sua estrutura móvel, andarilha.
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