A materialidade dos datiloscritos na produção escrita de Pedro Homem de Mello

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5594

Palavras-chave:

Máquina de escrever, Criatividade, Revisão, Crítica Genética, Modernismo

Resumo

Este artigo ocupa-se dos hábitos datilográficos do poeta português Pedro Homem de Mello (1904–1984), conforme evidenciado nos documentos do espólio familiar e em coleções dispersas por vários arquivos e bibliotecas públicas. Depois de examinar o seu trabalho em diversas esferas de atividade (a sua correspondência pessoal e profissional, as suas colaborações em jornais na qualidade de folclorista, a sua atividade de autor e apresentador de programas de televisão e rádio), o ensaio debruça-se sobre alguns aspetos materiais dos datiloscritos literários de Homem de Mello, nomeadamente algumas estratégias de gestão espacial da página escrita, o emprego de fitas coloridas, a ocorrência de erros mecânicos e a introdução de correções manuscritas em cópias de papel químico, enquanto técnica revisória favorita. No final, procura-se averiguar de que modo o ecossistema multimodal de escrita mecânica deste autor pode ter contribuído para algumas alterações de estilo na sua poesia, favorecendo a introdução de modalidades mais livres nas formas tradicionais da sua preferência.

Referências

Cooper, M. M. (1986). The ecology of writing. College English, 48(4), 364–375. https://doi.org/10.2307/377264 DOI: https://doi.org/10.58680/ce198611607

Côrte-Real, M. S. J. (2002). Musical priorities in the cultural policy of Estado Novo. Revista Portuguesa de Musicologia, 12, 227–252. https://rpm-ns.pt/index.php/rpm/article/view/117

De Biasi, P.-M. (1999). Editing manuscripts: Towards a typology of recent French genetic editions: 1980–1995 (H. Erlichson, Trans.). Text: An Interdisciplinary Annual of Textual Studies, 12, 1–30.

Decreto-lei no. 27:868 da Presidência do Conselho (1937, July 17). Diário do Govêrno: série I, no. 165/1937, p. 691. https://files.diariodarepublica.pt/1s/1937/07/16500/06910692.pdfDionísio, J. (2021). Doença bibliográfica. Imprensa Nacional.

Eliot, T. S. (2009). The letters of T. S. Eliot: Volume I, 1898–1922 (V. Eliot & H. Haughton, Eds.). Faber & Faber.

Greg, W. W. (1951). The rationale of copy-text. Studies in Bibliography, 3, 19–36. http://bsuva.org/wordpress/studies-in-bibliography

Grésillon, A. (1989). Fonctions du langage et genèse du texte. In L. Hay (Ed.), La naissance du texte (pp. 177–192). José Corti.

Guimarães, F. (1982). Simbolismo, modernismo e vanguardas. IN–CM.

Hay, L. (2017). Genetic criticism: Another approach to writing? In S. Plane, C. Bazerman, F. Rondelli, C. Donahue, A. N. Applebee, C. Boré, P. Carlino, M. M. Larruy, P. Rogers & D. Russell (Eds.), Research on writing: Multiple perspectives (pp. 531–547). The WAC Clearinghouse. https://doi.org/10.37514/INT-B.2017.0919.2.29 DOI: https://doi.org/10.37514/INT-B.2017.0919.2.29

Kittler, F. A. (1990). Discourse networks: 1800/1900 (M. Meteer & C. Cullens, Trans.). Stanford University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503621633

Kittler, F. A. (1999). Gramophone, film, typewriter (G. Winthorp-Young & M. Wutz, Trans.). Stanford University Press.

Layne, M. K. (2014). The textual ecology of the Palimpsest: Environmental entanglement of present and past. Aisthesis, 2, 63–72. https://doi.org/10.13128/Aisthesis-15290

Lodge, D. (2011). Therapy. Vintage Books.

Lyons, M. (2021). The typewriter century: A cultural history of writing practices. University of Toronto Press. DOI: https://doi.org/10.3138/9781487537821

Mahrer, R., R., Angelis, A., Lungo, A. Grésillon, A., Lebrave, J.-L., Saraillon, V. N., Poibeau, T., Mélanie-Becquet, F., & Vauthier, B. (2015). Editorial genesis: From comparing texts (product) to interpreting rewritings (process). In G. Cislaru (Ed.), Writing(s) at the crossroads: The process-product interface (pp. 151–170). John Benjamins Publishing Company. https://doi.org/10.1075/z.194.08mah DOI: https://doi.org/10.1075/z.194.08mah

Mello, P. H. (1926). Não choreis os mortos. Soberania do Povo, 4414, 2.

Mello, P. H. (1938, March). Confissão. Romance. Ascensão. Presença. Dansa velada. Presença, 3(51).

Mello, P. H. (1938, November). Fuga. Dúvida. Vendo rir Cleópatra. Presença, 3(53/54).

Mello, P. H. (1953, June). Solidão. Ler, 2(15), 5.

Mello, P. H. (1974). Ecce Homo. [n.p.].

Mello, P. H. (2007). Eu, poeta e tu, cidade. Quasi Edições.

Monteiro, A. C. (2003). A poesia da ‘Presença’: Estudo e antologia. Livros Cotovia.

Neidigh, S. A. (1919). Bicolored typewriter-ribbon and process of making the same. Patented in January 1921. https://patents.google.com/patent/US1364788A/en

Pereira, E. (2018). Erros de autor em testemunhos dactilográficos: Para uma edição digital da poesia de Pedro Homem de Mello. CEM: Cultura, Espaço & Memória, 9, 275–285. http://ojs.letras.up.pt/index.php/CITCEM/article/view/6231

Pereira, E. (2023) Authors’ rights vs. textual scholarship: A Portuguese overview. Journal of Intellectual Property, Information Technology and E-Commerce Law, 14(4), 510-524. https://www.jipitec.eu/jipitec/article/view/19

Pessoa, F. (1985). Cartas de Fernando Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues (J. Serrão, Introd.). Livros Horizonte.

Pessoa, F. (1993). Poesias de Álvaro de Campos. Ática.

Pessoa, F. (1999). Correspondência 1923-1935 (M. P. Silva, Ed.). Assírio & Alvim.

Pinheiro, A. (2021a). Messa, a marca portuguesa. Computatio Lusitana. Retrieved April 27, 2024, from https://computatiolusitana.wordpress.com/2021/08/27/messa-a-marca-portuguesa

Pinheiro, A. (2021b). As teclas que enganaram Salazar. Computatio Lusitana. Retrieved April 27, 2024, from https://computatiolusitana.wordpress.com/2021/03/24/as-teclas-que-enganaram-salazar/

Pulkkinen, V. (2020a). The taming of matter: Jalmari Finne and the typewriter. Textual Cultures, 13(2), 197–228. https://doi.org/10.14434/textual.v13i2.31601 DOI: https://doi.org/10.14434/textual.v13i2.31601

Pulkkinen, V. (2020b). The diary, the typewriter and representative reality in the genesis of Juha Mannerkorpi’s Päivänsinet. European Journal of Life Writing, 9, 1–21. https://doi.org/10.21827/ejlw.9.35712 DOI: https://doi.org/10.21827/ejlw.9.35712

Pulkkinen, V. (2023). A curious thing: Typescripts and genetic criticism. In S. Katajamäki, V. Pulkkinen & T. Dunderlin (Eds.), Genetic riticism in motion: New perspectives on manuscript studies (pp. 33–57). Finnish Literature Society. https://doi.org/10.21435/sflit.14 DOI: https://doi.org/10.21435/sflit.14

Rainey, L. (2005). Revisiting “The Waste Land”. Yale University Press.

Sena, J. (1977). Régio, casais, a “Presença” e outros afins. Brasília Editora.

Silvestre, O. M. (2003). Prefácio. In A. C. Monteiro, A poesia da ‘Presença’: Estudo e antologia (pp. 13–22). Livros Cotovia.

Sullivan, H. (2013). The work of revision. Harvard University Press.

Tanselle, G. T. (1990). Textual criticism and editing. University Press of Virginia.

Viollet, C. (1996). Écriture mécanique, espaces de frappe : Quelques préalables à une sémiologie du dactylogramme. Genesis, 10, 193–208. https://www.persee.fr/doc/item_1167-5101_1996_num_10_1_1075 DOI: https://doi.org/10.3406/item.1996.1075

Wellbery, D. E. (1990). Foreword. In F. A. Kittler, Discourse networks 1800 / 1900 (pp. vii–xxxiii). Stanford University Press. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503621633-001

Weston, D. (2016). Contemporary poetic ecologies and a return to form. C21 Literature: Journal of 21st-Century Writings, 4(1), 5. https://doi.org/10.16995/c21.5 DOI: https://doi.org/10.16995/c21.5

Wutz, M. & G. Winthrop-Young. (1999). Translator’s introduction. In F. A. Kittler, Gramophone, film, typewriter (pp. xi–xxxviii). Stanford University Press.

Downloads

Publicado

16-07-2024

Como Citar

Pereira, E. (2024). A materialidade dos datiloscritos na produção escrita de Pedro Homem de Mello. Diacrítica, 38(1), 117–129. https://doi.org/10.21814/diacritica.5594

Dados de financiamento