Entre a impossibilidade de nomear e a arte da sugestão. O dito e o não-dito no conto “A China fica ao lado” de Maria Ondina Braga

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5623

Palavras-chave:

Não-nomeado, Não-dito, Arte da sugestão, Aborto, Maria Ondina Braga

Resumo

No conto “A China fica ao lado”, publicado em 1968, Maria Ondina Braga narra a história de uma mulher anónima, exilada, que procura um médico para realizar um aborto. A narrativa incide sobre uma prática proibida tanto em Macau, onde se passa a história, como em Portugal, até 2007. Neste ensaio, interessa-nos analisar a forma como este tema é abordado pela autora. É feita uma análise das estratégias utilizadas pela autora para narrar um acontecimento traumático na vida de uma mulher, sem o nomear, recorrendo ao que Regina Louro chamou a ‘arte da sugestão’. Reflete-se e criam-se hipóteses explicativas para a escolha da autora de usar as estratégias identificadas como forma de narrar. Para concluir, recorre-se à crítica feminista para questionar se a arte de narrar da autora, que se manteve para lá do 25 de Abril de 1974, contribui para a invisibilidade das mulheres, das suas vivências e violências que sofrem, ou se, pelo contrário, constitui uma forma de dar visibilidade a essas situações.

Referências

Andrade, C. (1954). Grades vivas. Estúdios Cor.

Archer, M. (2001). Ela é apenas mulher. Parceria A. M. Pereira.

Barreno, M. I., Horta, M. T., & Costa, M. V. (2017). Novas cartas portuguesas (11.ª ed.). Publicações Dom Quixote.

Braga, M. O. (1976). A China fica ao lado (3.ª ed.). Editores Associados.

Braga, M. O. (2023). Biografias no feminino. Obras completas de Maria Ondina Braga (Vol. 2). Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Cixous, H. (2023). O riso da Medusa. do Tempo.

Duras, M. (2014). Moderato cantabile. Relógio d’Água.

Fiadeiro, M. A. (2020). Artistas, artesãs, pioneiras: Conversas singulares entre mulheres extraordinárias. Edições Caixa Alta.

Horta, M. T. (2001). Prefácio. In M. Archer, Ela é apenas mulher (pp. V– XII). Parceria A. M. Pereira.

Louro, R. (1988). A arte da sugestão em Maria Ondina Braga. Revista Colóquio/Letras, 101, 64-69.

Macedo, A. G., & Amaral, A. L. (2005). Dicionário da crítica feminista. Afrontamento.

Mateus, I. C. P., & Williams, C. (2023). Prefácio. Companheiras de solidão e de leitura: Mulheres e escrita biográfica em Maria Ondina Braga. In M. O. Braga, Biografias no feminino. Obras completas de Maria Ondina Braga (Vol. 2, pp. 9–35). Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Perez, C. C. (2020). Mulheres invisíveis: Como os dados configuram o mundo feito para os homens. Relógio d’Água.

Ribeiro, D. (2017). O que é lugar de fala? Letramento.

Tavares, M. (2011). Feminismos: Percursos e desafios (1947-2007). Texto Editores.

Downloads

Publicado

15-10-2024

Como Citar

Almeida, A. (2024). Entre a impossibilidade de nomear e a arte da sugestão. O dito e o não-dito no conto “A China fica ao lado” de Maria Ondina Braga. Diacrítica, 38(2), 212–223. https://doi.org/10.21814/diacritica.5623