MENTIRA E HIPOCRISIA NA MORALIDADE E NA POLÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.21814/eps.2.1.86Palavras-chave:
Mentira, Hipocrisia, Política, Ética, “Mãos Sujas”, “Pós- Verdade”Resumo
A hipocrisia é necessária na política, especialmente nas democracias; mas enquanto a hipocrisia pode facilitar a cooperação democrática, a mentira tende a miná-la. Há duas alternativas básicas possíveis sobre como pensar acerca da ética política. A primeira parte de princípios morais universais que são depois aplicados à política assim como a outros domínios da vida. Ao invés, de acordo com a segunda abordagem, cada tipo de atividade ou relação apresenta requisitos morais próprios. Quais as características da política que fazem com que a hipocrisia e a mentira sejam, respetivamente, moralmente legítimas ou ilegítimas? De acordo com a primeira abordagem, a mentira e a hipocrisia são vícios, enquanto que para a segunda podem ser consideradas virtuosas em certas circunstâncias. A hipocrisia é necessária porque as relações políticas baseiam-se na dependência entre pessoas cujos interesses não coincidem exatamente. Para garantir apoiantes e parceiros de coligação é necessária uma certa dose de dissimulação. O caso da mentira, contudo, é bastante diferente devido a três características adicionais das relações políticas: a cooperação ao longo do tempo exige confiança; a prestação de contas requer transparência; finalmente, o consenso exige um sentido partilhado da realidade. A mentira mina todas. Por conseguinte, a veracidade pertence às virtudes políticas mesmo que, por vezes, seja preciso abrir exceções. Hoje em dia, a política da “Pós-Verdade” (a “Nova Mentira”), ameaça criar uma indiferença perigosa em relação à verdade e uma aceitação da mentira política a qualquer custo.
Referências
Arendt, H. (2006). Between Past and Future: Eight Exercises in Political Thought. (Jerome Kohn, Ed.). New York: Penguin Books.
Arendt, H. (1973). The Origins of Totalitarianism. New York: Houghton Mifflin Harcourt.
Machiavelli, N. (1979). The Portable Machiavelli. (P. Bondanella & M. Musa, Ed.). New York: Penguin Books.
Orwell, G. (1971). 1984. New York: Penguin Books.
Rousseau, J. J. (1992). Discourse on the Origins of Inequality. In R. Masters and C. Kelly (Eds.), The Collected Writings of Rousseau (Vol. 2). Hanover, NH: University Press of New England.
Thucydides. (1982). The Peloponnesian War (R. Crawley & T. E. Wick, Trans.). New York: Random House.
Walzer, M. (1973). Political Action: the Problem of Dirty Hands. Philosophy and Public Affairs, 2(2): 160-180.
Weber, Max (2004). Politics as a Vocation. In T. Strong & D. Owen (Eds.), The Vocation Lectures (R. Livingstone, Trans.). Indianapolis, IN: Hackett
Publishing Co.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.