Resiliência criativa no feminino e re-significação da história em contraponto com a ‘manipulação de género’ do Estado Novo

Autores

  • Ana Gabriela Macedo

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.564

Palavras-chave:

Mulheres, Estado Novo, Resiliência, Re-significação da História

Resumo

Este ensaio é composto por duas secções que dialogam entre si e se iluminam reciprocamente. Discute-se em primeiro lugar a imagem icónica de Salazar enquanto ‘salvador moral da pátria’, incarnando a figura do ‘Desejado’, tal como construída e amplamente disseminada pela ideologia do Estado Novo, tendo António Ferro como seu principal mentor e ideólogo cultural. Discute-se de seguida o modo como o ‘discurso da domesticidade’, profundamente ancorado numa dupla premissa –a manipulação de género e a cumplicidade das mulheres –se constituiu como uma ideologia fundamental de sustentação do Estado Novo. Na segunda parte deste ensaio apresentamos um estudo de caso, a obra da pintora Paula Rego criada ao longo dos anos 1960 e 1970, a qual, com acutilância satírica e política, desconstrói, expõe e confronta essa mesma ideologia do poder instituído.

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Publicado

31-07-2020

Como Citar

Macedo, A. G. (2020). Resiliência criativa no feminino e re-significação da história em contraponto com a ‘manipulação de género’ do Estado Novo. Diacrítica, 34(2), 77–91. https://doi.org/10.21814/diacritica.564