Resiliência criativa no feminino e re-significação da história em contraponto com a ‘manipulação de género’ do Estado Novo
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.564Palavras-chave:
Mulheres, Estado Novo, Resiliência, Re-significação da HistóriaResumo
Este ensaio é composto por duas secções que dialogam entre si e se iluminam reciprocamente. Discute-se em primeiro lugar a imagem icónica de Salazar enquanto ‘salvador moral da pátria’, incarnando a figura do ‘Desejado’, tal como construída e amplamente disseminada pela ideologia do Estado Novo, tendo António Ferro como seu principal mentor e ideólogo cultural. Discute-se de seguida o modo como o ‘discurso da domesticidade’, profundamente ancorado numa dupla premissa –a manipulação de género e a cumplicidade das mulheres –se constituiu como uma ideologia fundamental de sustentação do Estado Novo. Na segunda parte deste ensaio apresentamos um estudo de caso, a obra da pintora Paula Rego criada ao longo dos anos 1960 e 1970, a qual, com acutilância satírica e política, desconstrói, expõe e confronta essa mesma ideologia do poder instituído.
Referências
Cova, A., & Pinto, A. (1997). O Salazarismo e as Mulheres: uma abordagem comparativa. Penélope, 17, 71–94.
Debray, C., & Reliquet, S. (2018). Les Contes Cruels de Paula Rego [folheto da exposição]. Paris: Museu da Orangerie.
Ferro, A. (1982). Salazar, o Homem e a Sua Obra. Lisboa: Edições Fernando Pereira.
Ferro, A. (2003). Entrevistas de António Ferro a Salazar. Lisboa: Parceria A.M. Pereira.
Fiadeiro, M. A. (1999). O rosto do Fascismo. Abril/Mulher (CML, MRR), 25–26.
Gorjão, V. (2002). Mulheres em Tempos Sombrios. Oposição ao Estado Novo. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.
Guimarães, E. (1991). Sete Décadas de Feminismo. Ditos & Escritos (CDIM), 2.
Hall, C. (1992). White, Male and Middle-Class: Explorations in Feminism and History. Cambridge e Oxford: Polity Press.
Holloway, M. (2014). Salazar’s Boots: Paula Rego and the Colonial Wars. In 1961: Order and Chaos [catálogo da exposição]. Cascais: Fundação D. Luís I – Casa das Histórias Paula Rego.
Lacerda, A. (1965, Dezembro 25). Paula Rego nas Belas Artes. Diário de Notícias, 3–4.
Lacerda, A. (1989). Paula Rego e Londres. Colóquio Artes, 83, 18–23.
Lampert, C. (com Spira, A.) (2019). Paula Rego. Obedience and Defiance [catálogo da exposição]. MK Gallery: Art/Books.
Livingstone, M. (2007). Paula Rego [catálogo da exposição]. Madrid: Museu Nacional Reina Sofia.
Lisboa, M. M. (2003). Paula Rego’s Map of Memory: National and Sexual Politics. London: Ashgate.
Macedo, A. G., & Amaral, A. L. (2005). Dicionário da Critica Feminista. Porto: Afrontamento.
Macedo, A. G. (2008). Paula Rego’s Sabotage of Tradition: ‘Visions’ of Femininity. Luso-Brazilian Review, 45 (1), 163–181. DOI: https://doi.org/10.1353/lbr.0.0008
Macedo, A. G. (2010). Paula Rego e o Poder da Visão. ‘A minha pintura é como uma história interior’. Lisboa: Cotovia.
Macedo, A. G. (2019). Interweaving is like knitting: Paula Rego’s ‘interior theatre’ and the intricate pattern of her emotional and intellectual networking. Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher (Extra), 125–146.
McEwen, J. (1997). Paula Rego (2nd ed.). London: Phaidon.
McEwen, J. (1989). Paula Rego. Colóquio Artes, 83, 15–17.
Neves, H., & Calado, M. (2001). O Estado Novo e as Mulheres. O género como investimento ideológico e de mobilização. Lisboa: Biblioteca Museu da República e Resistência.
Pimentel, I. F. (2001). História das Organizações Femininas do Estado Novo. Lisboa: Temas e Debates.
Pollock, G. (2016). Is Feminism a Trauma, a Bad Memory or a Virtual Future? Differences, 27 (6), 27–61. DOI: https://doi.org/10.1215/10407391-3621697
Rosengarten, R. (1997). Verdades Domésticas: o trabalho de Paula Rego. In Fundação das Descobertas & Centro Cultural de Belém (Eds.), Paula Rego (pp. 44–120). Lisboa: Quetzal.
Rosengarten, R. (2004). Compreender Paula Rego: 25 Perspectivas. Porto: Fundação de Serralves.
Rosengarten, R. (2009). Contrariar, Esmagar, Amar. A Família e o Estado Novo na obra de Paula Rego. Lisboa: Assírio & Alvim.
Tavares, M. (2010). Feminismos, Percursos e Desafios. Lisboa: Texto Editora.
Tavares, S. (1974). A Estructura semântica na obra de Paula Rego. Expo AICA SNBA 74, 1–5.
Tusa, J. (2003). On Creativity: Interviews Exploring the Process. London: Methuen.
Vicente, A. (2007). O pensamento feminista na primeira metade do século XX e os obstáculos à sua afirmação”. In L. Amâncio, M. Tavares, & T. Joaquim (Eds.), O Longo Caminho das Mulheres – Feminismos 80 Anos Depois (pp. 59–73). Lisboa: Dom Quixote.
Willing, V. (1988). Inevitable Prohibitions. In Paula Rego [catálogo da exposição] (pp. 7–8). London: Serpentine Gallery.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 Ana Gabriela Macedo
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.