Com pequenos apontamentos se fazem contos para a infância: Maria Cecília Correia e a sua escrita esquecida
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.4987Palavras-chave:
Literatura Portuguesa para a Infância, Escrita feminista, Maria Cecília CorreiaResumo
Este ensaio, de raiz hermenêutica e de contornos monográficos, incide sobre a figura literária de Maria Cecília Correia (1919–1993). Trata-se, com efeito, de uma das autoras –a par, por exemplo, de Lília da Fonseca, Maria Lamas ou Maria Lúcia Namorado –que, apesar da sua discrição vivencial/literária, deve ser entendida como um dos ‘pontos nodais’ figurativos da História da literatura portuguesa para a infância, em particular no período do Estado Novo (1926–1974), e cuja escrita, até à data, não teve, ainda, a merecida receção crítica (designadamente, no âmbito académico). Na tentativa de singularizar a produção literária da autora em questão e não deixando de registar alguns aspetos do seu percurso biobibliográfico, dados relevantes para o esclarecimento do contexto pessoal de composição da sua escrita e das repercussões que nesta aquele teve, procedemos a uma análise textual das suas oito obras que têm a criança como preferencial destinatário, centrando-nos nas suas principais linhas ideotemáticas (por exemplo, infância, humanismo, diversidade e natureza) e nos seus mais relevantes mecanismos retórico-estilísticos (como a adjetivação, a metáfora, entre outros). Genericamente, os textos em questão substantivam a profunda ligação ao quotidiano, em particular infantil, olhado genuinamente e recriado num discurso vivo, natural e espontâneo, através do qual aproxima do potencial leitor temáticas como o elogio da diferença, por exemplo. Estes e outros aspetos, que procuramos descodificar e aprofundar neste estudo, permitem dilucidar e reconhecer a irrecusável presença e o significado de Maria Cecília Correia na História da Literatura Portuguesa para a Infância.
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