Compostos de discurso direto no português do Brasil: interação fictiva no léxico

Autores

  • José Carlos da Costa Junior
  • Luiz Fernando Matos Rocha UFJF (Brazil)

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5024

Palavras-chave:

compostos de discurso direto, fictividade, linguística cognitiva

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar, descrever e analisar os padrões formais exemplos de Compostos Nominais de Discurso Direto (CDDs) no português brasileiro, concebidos como um complexo lexical que se caracteriza por possuir um nome (N) ou sintagma nominal (SN) e um modificador em discurso direto fictivo, assim exemplificados: “aliança eu escolhi esperar”, “dia do Fico”, “boquinha de moranguinho assim me sujei com morango, sabe?’’e“maquiadoro” (adoro + maquiagem). Fundamentamos nossas reflexões com base em autores da Linguística Cognitiva, tais como Langacker (2008), Talmy (2000) e, principalmente, Pascual (2014, 2016). Apartir das 44 ocorrências de CDDs em modalidade escrita de português brasileiro, extraídas da internet, arregimentaram-se quatro padrões formais, na seguinte ordemde frequência: (i) S(N) + preposição “de” + modificador de discurso direto; (ii) (S)N + modificador de discurso direto; (iii) S(N) + (preposição “de’’) + angulador “(tipo)assim” + discurso direto; e (iv) nome + morfema de discurso direto (em uma mesma palavra). Postula-se que os CDDs sejam uma forma de mesclagem léxico-discursiva em que a adjetivação de nomes se estrutura por meio do frame de conversação, forjando dramaticidade no interior do composto, fato que promove efeitos comohumor, caricatura, crítica e persuasão.

Referências

Basílio, M. (2010). Fusão vocabular expressiva: um estudo da produtividade e da criatividade em construções lexicais.

Textos selecionados do XXV Encontro Nacional da Associação Portuguesa Linguística (pp. 201-210). Porto: APL. Disponível em: https://apl.pt/wp-content/uploads/2017/09/15-Margarida-Basilio.pdf. Acesso em 12/10/2018.

Bronzato, L.H. (2000). Inferências conversacionais e construções gramaticais: um processo sócio-cognitivo. Revista Instrumento, 2(1), 117-138. Disponível em: https://instrumento.ufjf.emnuvens.com.br/revistainstrumento/article/view/2567/1848. Acesso em 12/10/2018.

Dressler, W. (2006). Compound Types. In G. Libben & G. Jarema (Orgs), The Representation and Processing of Compound Words (pp.23-44). Oxford: Oxford University Press. Fauconnier, G. & Turner, M. (2002). The way we think. New York: Basic Books. Goffman, E. (1998). Footing. In B. Ribeiro, & P. Garcez (Orgs), Sociolinguística Interacional (pp. 70-97). Porto Alegre: AGE Editora. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199228911.003.0002

Gonçalves, C. A. & Almeida, M.L.L. (2007). Bases semântico-cognitivas para a diferenciação de cruzamentos vocabulares em português. Revista Portuguesa de Humanidades, 11, 75-85.

Hilpert, M. (2007). Chained metonymies in lexicon and grammar. A cross-linguistic perspective on body part terms. In G. Radden, K. Köpcke, T. Berg et al (Orgs), Aspects of meaning construction (pp. 77-98). Amsterdam: John Benjamins. DOI: https://doi.org/10.1075/z.136.07hil

Langacker, R. (1999). Virtual reality. Studies in the Linguistics Sciences, 29(2), 77-103. Disponível em: https://www.ideals.illinois.edu/bitstream/handle/2142/9679/

SLS1999v29.2-07Langacker.pdf?sequence=2 acesso em 12/10/2018.

Langacker, R. (2008). Cognitive Grammar. New York: Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195331967.001.0001

Pascual, E. (2014). Fictive interaction. The conversation frame in thought, language, and discourse. Amsterdam: John Benjamins. DOI: https://doi.org/10.1075/hcp.47

Pascual, E. (2006). Fictive interaction within the sentence: a communicative type of fictivity in grammar. Cognitive Linguistics, 17(2), 245-267. DOI: https://doi.org/10.1515/COG.2006.006

Raso, T. & Mello, H. (2012). C-Oral Brasil: corpus de referência do português brasileiro falado informal. Belo Horizonte: UFMG.

Talmy, L. (2007). Attention phenomena. In H. Cuyckens & D. Geeraerts (Orgs), The handbook of Cognitive Linguistics

(pp. 264-293). New York: Oxford University Press.

Talmy, L. (2000). Fictive motion in language and “ception”. In L. Talmy (Org.), Toward a cognitive semantics, vol. 1 (pp. 125-162). Massachusetts: The MIT Press. DOI: https://doi.org/10.1163/9789004349575_005

Vachek, J. (1976). Selected Writings in English and General Linguistics. Prague: Academia. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110803853

Downloads

Publicado

28-11-2018

Como Citar

Junior, J. C. da C., & Rocha, L. F. M. (2018). Compostos de discurso direto no português do Brasil: interação fictiva no léxico. Diacrítica, 32(1), 159–178. https://doi.org/10.21814/diacritica.5024