Compostos de discurso direto no português do Brasil: interação fictiva no léxico

Autores

  • José Carlos da Costa Junior
  • Luiz Fernando Matos Rocha UFJF (Brazil)

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.43

Palavras-chave:

compostos de discurso direto, fictividade, linguística cognitiva

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar, descrever e analisar os padrões formais exemplos de Compostos Nominais de Discurso Direto (CDDs) no português brasileiro, concebidos como um complexo lexical que se caracteriza por possuir um nome (N) ou sintagma nominal (SN) e um modificador em discurso direto fictivo, assim exemplificados: “aliança eu escolhi esperar”, “dia do Fico”, “boquinha de moranguinho assim me sujei com morango, sabe?’’e“maquiadoro” (adoro + maquiagem). Fundamentamos nossas reflexões com base em autores da Linguística Cognitiva, tais como Langacker (2008), Talmy (2000) e, principalmente, Pascual (2014, 2016). Apartir das 44 ocorrências de CDDs em modalidade escrita de português brasileiro, extraídas da internet, arregimentaram-se quatro padrões formais, na seguinte ordemde frequência: (i) S(N) + preposição “de” + modificador de discurso direto; (ii) (S)N + modificador de discurso direto; (iii) S(N) + (preposição “de’’) + angulador “(tipo)assim” + discurso direto; e (iv) nome + morfema de discurso direto (em uma mesma palavra). Postula-se que os CDDs sejam uma forma de mesclagem léxico-discursiva em que a adjetivação de nomes se estrutura por meio do frame de conversação, forjando dramaticidade no interior do composto, fato que promove efeitos comohumor, caricatura, crítica e persuasão.

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Publicado

28-11-2018

Como Citar

Junior, J. C. da C., & Rocha, L. F. M. (2018). Compostos de discurso direto no português do Brasil: interação fictiva no léxico. Diacrítica, 32(1), 159–178. https://doi.org/10.21814/diacritica.43