De Erasmo a Sênio: perspectivas de uma trama autoral nas Cartas de Erasmo

Autores

  • Paula Caldas Frattini Departamento de Letras Modernas, Área de Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5100

Palavras-chave:

José de Alencar, Gênero epistolar, Cenografias autorais

Resumo

Alguns textos, às vezes, ficam à deriva em relação ao conjunto da obra de um autor. Esse parece ser o caso de Cartas de Erasmo que figuram, tradicionalmente, como escritos políticos na obra de José de Alencar. É minha intenção, neste artigo, propor uma releitura desses escritos ao aproximá-los da obra ficcional do autor pela análise de seu gênero literário, a saber, o gênero epistolar. A partir do exame da construção do gênero epistolar em Cartas de Erasmo, depreende-se uma nova camada de sentido vinculada à produção de uma imagem autoral que, desarticulada de um modelo de leitura subordinado a estruturas hierárquicas, ecoa em outros escritos de Alencar, possibilitando, dessa forma, o desenho de uma trama autoral encenada pelo autor de Iracema.

Referências

Alencar, J. de. (1959). Sonhos D’Ouro. Obra completa (Vol. 1). Editora José Aguilar.

Alencar, J. de. (1960) Cartas de Erasmo. In J. de Alencar, Obra completa (Vol. 4, pp. 1049–1183). Editora José Aguilar.

Angenot, M. (1978). La parole pamphlétaire. Études littéraires, 11(2), 255–264. https://doi.org/10.7202/500462ar DOI: https://doi.org/10.7202/500462ar

Araripe Junior, T. de. (1958). José de Alencar. Perfil literário. In A. Coutinho (Org.) & Araripe Júnior, Obra crítica de Araripe Júnior 1868–1887 (Vol. 1, pp. 134–258). MEC/Casa de Rui Barbosa.

Avellaneda, M. (2020). Que faire après le Génie du christianisme? Chateaubriand: la création d’une “posture” singulière dans Le Mercure de France. In F. Bercegol, P. Glaudes, & J-M. Roulin (Dirs.), Chateaubriand: nouvelles perpectives critiques (pp. 41–55). Classiques Garnier.

Balzac, H. de. (2000). Avant-propos de La Comédie Humaine. In H. de Balzac, Écrits sur le roman : Anthologie (Textes choisis, présentés et annotés par Stéphane Vachon) (pp. 275–306). Librairie Générale Française.

Bénévent, C. (2013). Érasme épistolier : un modèle pluriel. In M. C. Panzera (Org.), L’exemplarité épistolaire : Du Moyen-Âge à la première modernité (pp. 175–204). Presses Universitaires de Bordeaux. DOI: https://doi.org/10.4000/books.pub.18223

Boquel, A. & Kern, E. (2009). Une Histoire des haines d’écrivains. De Chateaubriand à Proust. Flammarion.

Broca, B. (1960). O drama político de Alencar. In J. de Alencar, Obra completa (Vol. 4, pp. 1039–1047). Editora José Aguilar.

Carvalho, J. M. (2009). Apresentação. In J. M. Carvalho (Org.) & J. de Alencar, Cartas de Erasmo (pp. VII–XXXI). Academia Brasileira de Letras. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-90742009000100001

Chateaubriand, F.-R. de. (1929). Voyages en Amérique, en Italie, au Mont-Blanc suivis de Mélanges littéraires. Classiques Garnier.

Chateaubriand, F.-R. de. (1951) Mémoires d’outre-tombe (Vol. 2). Gallimard, Bibliothèque de Pléiade.

Courier. P.-L. (1824). Pamphlets des pamphlets. Les marchands des nouveautés.

Coutinho, A. (Org.). (1965). A polêmica Alencar – Nabuco. Edições Tempo Brasileiro.

Derrida, J. (1980). La Carte Postale : de Socrate à Freud et au-delà. Flammarion.

Diaz, B. (2016). O Gênero Epistolar ou o Pensamento Nômade. Formas e funções da correspondência em alguns percursos de escritos do século XIX (B. Hervot & S. Ferreira, Trads.). Editora da Universidade de São Paulo.

Diaz, J-L. (1996). L’auteur vu d’en face. In Chamarat, G. & Goulet, A. (Dirs.), L’Auteur. Actes du Colloque tenu à Cerisy-la-Salles les 4-8 octobre 1995 (pp. 109–129). Presses universitaires de Caen. DOI: https://doi.org/10.4000/books.puc.9897

Diaz, J.-L. (2001). Écrivain comme pouvoir (1778–1864). In S. Riaire & A. Vaillant (Dirs.), Écritures du pouvoir et pouvoirs de la littérature (pp. 143–160). Presses universitaires de la Méditerranée. DOI: https://doi.org/10.4000/books.pulm.211

Diaz, J.-L. (2007). L’Écrivain imaginaire. Scénographies auctoriales à l’époque romantique. Honoré Champion.

Diaz, J.-L. (2020). Un auteur “dont la vie ressemble à ses ouvrages”.

Scénographies auctoriales et construction de la figure posthume selon les Mémoires d’outre-tombe. In F. Bercegol, P. Glaudes, & J.-M. Roulin (Dirs.), Chateaubriand., nouvelles perpectives critiques (pp. 25–40). Classiques Garnier.

Fabre, D. (1999). Le corps pathétique de l’écrivain. Gradhiva: revue d'histoire et d'archives de l'anthropologie, 25, 1–13. DOI: https://doi.org/10.3406/gradh.1999.1096

Ferreyrolles, G. (2010). L’épistolaire, à la lettre. Littératures Classiques, 1(71), 5–27. https://doi.org/10.3917/licla.071.0005 DOI: https://doi.org/10.3917/licla.071.0005

Frattini, P. C. (2019). Como se dizer autor na cena literária: a cenografia autoral de José de Alencar na polêmica em torno das Cartas sobre a Confederação dos Tamoios. Alea: Estudos Neolatinos, 21(3), 33–48. https://doi.org/10.1590/1517-106X/20192133348. DOI: https://doi.org/10.1590/1517-106x/20192133348

Guimarães, V. (2016). Revistas francesas no Brasil – Caminhos da modernidade: catálogos e mediadores (Rio de Janeiro e São Paulo, séculos XIX e XX). Territórios e Fronteiras, 9, 16–42. https://doi.org/10.22228/RT-F.V9I2.574 DOI: https://doi.org/10.22228/rt-f.v9i2.574

Hugo, V. (1824). Nouvelles Odes. Œuvres completes (Vol. 12). Club français du livre.

Hugo, V. (1972). Choses Vues: 1847–1848. Gallimard.

Marin, L. (2005). Politiques de la représentation. Éditions Kimé. DOI: https://doi.org/10.3917/kime.marin.2005.01

Martens, D., & Watthée-Delmotte, M. (2012). L'écrivain, comme objet culturel une figure en complexité. In D. Martens & M. Watthée-Delmotte (Dirs.), L’écrivain, un objet culturel (pp. 7–16). Éditions universitaires de Dijon.

Menezes, R. (1967). Cartas e documentos de José de Alencar, no centenário do romance Iracema. Conselho Estadual de Cultura.

Downloads

Publicado

28-12-2022

Como Citar

Frattini, P. C. (2022). De Erasmo a Sênio: perspectivas de uma trama autoral nas Cartas de Erasmo. Diacrítica, 36(3), 102–120. https://doi.org/10.21814/diacritica.5100

Edição

Secção

Artigos Temáticos