O planeta é um pergaminho: a poética ambiental de Sérgio Medeiros
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.6554Palavras-chave:
Poesia contemporânea, Sérgio Medeiros, Hibridismo de gêneros, Relações interartesResumo
A obra de Sérgio Medeiros (Bela Vista, 1959) mostra-se como um caso exemplar de hibridismo ou mesmo indiscernibilidade entre gêneros artísticos na atualidade, talvez não apenas em contexto brasileiro. Desde seus primeiros livros, Medeiros opta por uma experimentação constante, entre prosa e poesia, que logo se expande ao teatro, à caligrafia, ao livro de artista, ao desenho e à pintura, sendo ao mesmo tempo poesia visual, ou ainda, como o próprio designa, “esculturas de caligrafias”, “glifos” e, por vezes, música, performance, instalação. Sua produção nos leva a experimentar uma rítmica que se expande para além dos suportes, ocupando o espaço, o entorno, e indo em direção a uma “poética ambiental”, no sentido do programa ambiental do artista Helio Oiticica. O objetivo deste artigo é, ao fazer uma apresentação do projeto caligráfico e “glífico” de Medeiros, mostrar o quanto esse trabalho híbrido e expandido liga-se à criação de outras cosmogonias possíveis. As análises e reflexões partem do ponto de vista de seu processo criativo e baseiam-se sobretudo no próprio pensamento do autor, o qual constitui junto aos poemas visuais e verbais sua cosmogonia poética. Importa-nos ainda notar o quanto o desdobramento ambiental é o gesto condizente com cosmogonias que partem de um ato ético de escuta e aproximação a outros modos de ver e escrever o mundo, propondo que “o planeta é um pergaminho”, em que tudo e todos escrevem.
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