Paisagem Linguística da “zona velha” da cidade do Funchal: considerações históricas e sociolinguísticas
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.4771Palavras-chave:
Paisagem Linguística, Zona Velha-Funchal, Ocupação britânicaResumo
A Paisagem Linguística (PL) tem sido uma temática bastante estudada nos anos recentes, no entanto muitas cidades e países europeus ainda não usufruíram de estudos relevantes no seu ambiente sociocultural. Esta investigação pretende analisar o espectro linguístico da chamada “Zona Velha” do Funchal, a capital da Madeira e a primeira localidade da ilha a ser habitada. A ocupação britânica na Ilha da Madeira a partir do séc. XIX, bem como a forte afluência turística nas zonas baixas junto ao mar, tem tornado a cidade do Funchal um ponto de diversidade cultural e linguística. O impacto da língua inglesa manifesta-se especialmente através dos sinais linguísticos comerciais, da restauração e é também um reflexo da relação previamente estabelecida aquando da ocupação mencionada. Partindo deste princípio, este trabalho irá focar-se nos efeitos dessa realidade através do registo e análise de 216 sinais linguísticos presentes numa das zonas mais emblemáticas da cidade, a chamada “Zona Velha”, localizada na freguesia de Santa Maria Maior, apresentando as diferenças entre os sinais públicos e governamentais e os privados e industriais. A metodologia deste trabalho assenta na abordagem top down e bottom up de Ben-Rafael et al. (2006) em que a presença de sinais linguísticos top down demonstra a influência e ocupação britânica no plano sociopolítico, cultural e económico, e os sinais linguísticos bottom up apontam para o fenómeno turístico.
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