Adaptação acentual de empréstimos Japoneses em Português Brasileiro

Autores

  • Ana Lívia Agostinho
  • Lara Richter

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.561

Palavras-chave:

Fonologia, Acento, Português brasileiro, Empréstimos, Japonês

Resumo

Este artigo investiga a adaptação de acento de empréstimos de origem japonesa no português brasileiro. A partir de um corpus lexical composto por empréstimos, observou-se como ocorre a adaptação acentual através de dados de fala gravados no bairro da Liberdade, em São Paulo, Brasil, com o objetivo de comparar a produção de falantes de português brasileiro descendentes e não descendentes de japoneses. A partir da análise dos dados, concluiu-se que o acento oxítono é produtivo no português brasileiro, uma vez que está presente em 49% dos dados de fala de falantes de ascendência não japonesa, e em 52% de falantes de ascendência japonesa. Além disso, 67% dos dados de fala que não possuem sílaba pesada final em japonês foram adaptados com acento final. Também foi observado que há uma tendência para que vogais longas do japonês sejam adaptadas para o português brasileiro como sílabas acentuadas por conta da duração, enquanto o pitch-accent do japonês não é reconhecido ou reproduzido neste processo de adaptação.

Referências

Agostinho, A. L., & Araujo, G. A. (2007a). Um estudo estatístico sobre as oxítonas no português. Signótica, 19(2), 177–208. https://doi.org/10.5216/sig.v19i2.7466 DOI: https://doi.org/10.5216/sig.v19i2.7466

Agostinho, A. L., & Araujo, G. A. (2007b). Palavras oxítonas no português. Academic Bulletin of Kyoto University of Foreign Studies, 70, 235–57.

Akaba, S. (2008). An acoustic study of the Japanese short and long vowel distinction (Dissertação de Mestrado, University of Kansas, USA). Consultado em http://hdl.handle.net/1808/4170

Araujo, G. A., & Agostinho, A. L. (2009). Nativização e manutenção de acento oxítono em português. Signótica, 21, 305–40. https://doi.org/10.5216/sig.v21i2.9159 DOI: https://doi.org/10.5216/sig.v21i2.9159

Alves, I. (2007). Neologismo: Criação lexical. São Paulo: Ática.

Boersma, P., & Weenink, D. (2018). Praat: doing phonetics by computer (Versão 6.0.43) [Programa de Computador]. Disponível em http://www.praat.org/.

Bocci, D. S. (2009). Bairro da Liberdade e a imigração japonesa: a ideia de Bairro Japonês. Cordis, 2. Consultado em https://revistas.pucsp.br/cordis/article/view/9526

Bisol, L. (1992). O acento e o pé métrico binário. Cadernos de estudos linguísticos, v. 22, 69-80. https://doi.org/10.20396/cel.v22i0.8636897

na língua portuguesa. São Paulo: Cortez.

Chomsky, N. & Halle, M. (1968). The sound pattern of English. New York: Harper and Row Publishers.

Coetzee, A. W. (2008). Phonological variation and lexical frequency. Proceedings of the North East Linguistic Society, 38. https://doi.org/doi:10.7282/T39Z92TJ

Collischonn, G. (2005a). A sílaba em português. In L. Bisol (Org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro (4.ª ed). Porto Alegre: EDIPUCRS.

Collischonn, G. (2005b). Acento em português. In L. Bisol (Org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro (4.º ed.) Porto Alegre: EDIPUCRS.

Ferreira Netto, W. (2001). Introdução à fonologia da língua portuguesa. São Paulo: Hedra.

Fujimoto, M. (2015). Vowel devoicing. In H. Kubozono (Ed.) Handbook of Japanese Phonetics and Phonology. Berlin: De Gruyter. https://doi.org/10.1515/9781614511984 DOI: https://doi.org/10.1515/9781614511984.167

Fujiwara, É. Y. (2014). A criação de neologismos de base japonesa por falantes de português (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Três Lagoas).

Gordon, M. (2014). Disentangling stress and pitch-accent: A typology of prominence at different prosodic levels. In van der Hulst (Eds.) Word stress: Theoretical and typological issues. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408.005 DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408.005

Guia da Cultura Japonesa. (2004). São Paulo: JBC.

Haraguchi, S. (2017). Accent. In N. Tsujimura (Eds.) The handbook of Japanese linguistics. Blackwell Publishers. https://doi.org/10.1002/9781405166225 DOI: https://doi.org/10.1002/9781405166225

Hayes, B. (1980). A Metrical Theory of Stress Rules (Tese de Doutorado, MIT, USA).

Hayes, B. (1995). Metrical stress theory: principles and case studies. Chicago: University of Chicago Press.

Hermans, B. & Wetzels, W. L. (2012). Productive and unproductive stress patterns in Brazilian Portuguese. Letras & Letras, v. 28, n. 1.

Holden, K. (1976). Assimilation rates of borrowings and phonological productivity. Language, 52 (1), 131–147. https://doi.org/10.2307/413213 DOI: https://doi.org/10.2307/413213

Hyman, L. M. (1970). How concrete is phonology? Language, 46(1), 58–76. https://doi.org/10.2307/412407 DOI: https://doi.org/10.2307/412407

Hyman, L. M. (1985). A theory of phonological weight. Dordrecht: Foris. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110854794

Hyman, L. M. (2009). How (not) to do phonological typology: The case of pitch-accent. Language Sciences, 31, 213–238. https://doi.org/10.1016/j.langsci.2008.12.007 DOI: https://doi.org/10.1016/j.langsci.2008.12.007

Hyman, L. M. (2014). Do all languages have word accent? In H. van der Hulst (Ed.) Word stress: Theoretical and typological issues. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408.004 DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408.004

Kenstowicz, M. (1994). Phonology in generative grammar. Cambridge: Blackwell Publishers. https://doi.org/10.1017/S0952675700002402 DOI: https://doi.org/10.1017/S0952675700002402

Kenstowicz, M. (2001). The role of perception in loanword phonology. Linguistique Africaine, 20, 95–112.

Kenstowicz, M. & Suchato, A. (2006). Issues in loanword adaptation: A case study from Thai. Lingua, 116(7), 921–949. https://doi.org/10.1016/j.lingua.2005.05.006 DOI: https://doi.org/10.1016/j.lingua.2005.05.006

Kono, A. (2001). Portuguese-japanese language contact in 16th century Japan. Bulletin of Portuguese – Japanese Studies, 3, 43–51. Consultado em https://www.redalyc.org/comocitar.oa?id=36100304

Kubozono, H. (2015). Introduction to Japanese phonetics and phonology. In H. Kubozono (Ed.) Handbook of Japanese phonetics and phonology. Berlin: De Gruyter. https://doi.org/10.1515/9781614511984 DOI: https://doi.org/10.1515/9781614511984

Labov, W. (1966/2006). The social stratification in English of New York (2.ª ed). New York: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9780511618208 DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511618208

Lee, S. (2007). O acento primário no português: Uma análise unificada na teoria da otimalidade. In G. Araujo (Org.) O acento em português: Abordagens fonológicas. São Paulo: Parábola.

Liberman, M. (1975). The intonational system of English. (Tese de Doutorado, Massachusetts Institute of Technology).

Liberman, A. M., & Prince, A. (1977). On stress and linguistic rhythm. Linguistic Inquiry, 8, 249-336.

Mase, Y. (1987). A língua japonesa dos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil. Estudos Japoneses, 7, 137–146. https://doi.org/10.11606/issn.2447-7125.v7i0p137-146 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2447-7125.v7i0p137-146

Magalhães, J. (2016). Main Stress and Secondary Stress in Brazilian and European Portuguese. In W. L. Wetzels, J. Costa & S. Menuzzi (Eds.) The handbook of Portuguese linguistics. New Jersey: Wiley-Blackwell. https://doi.org/10.1002/9781118791844 DOI: https://doi.org/10.1002/9781118791844.ch7

McCawley, J. D. (1964). The accentual system of standard Japanese (Tese de Doutorado, Massaschusetts Institute of Technology, Massaschusetts.

Paradis, C. (1996). The inadequacy of filters and faithfulness in loanword adaptation. In D. Jacques & L. Bernard (Eds.) Current trends in phonology: Models and methods. University of Salford Publications, Salford, pp. 509–534.

Paradis, C. & Label, C. (1994). Contrasts from segmental parameter settings in loanwords: core and periphery in Québec French. In Proceedings of the MOT Conference on Contrast in Phonology. Toronto Working Papers in Linguistics, v. 13, p. 75-94.

Pereira, M. I. (2007). Acento latino e acento em português: que parentesco? In G. Araujo (Org.) O acento em português: Abordagens fonológicas. São Paulo: Parábola.

Richter L. & Agostinho A. L. (2017). Adaptação de empréstimos de origem japonesa no português: Uma análise preliminar. Revista Linguística, 13(3), 127–149. http://dx.doi.org/10.31513/linguistica.2017.v13n3a16387 DOI: https://doi.org/10.31513/linguistica.2017.v13n3a16387

Torreira, F. (2005). Draw objects. Center for Open Science. Consultado em https://osf.io/mvt72/.

van der Hulst, H. (2014). The study of word accent and stress. In H. van der Hulst (Eds.) Word stress: Theoretical and typological issues. Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408 DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139600408

Wetzels, W. L. (1992). Mid-vowel neutralization in Brazilian Portuguese. Cadernos de Estudos Linguísticos, 23, 19–55.

Wetzels, W. L. (2003). On the weight issue in Portuguese: A typological investigation. Letras de Hoje, 38(4), 107–133.

Wetzels, W. L. (2007). Primary word stress in Brazilian Portuguese and the weight parameter. Journal of Portuguese Linguistics, 6(1), 9–58. http://doi.org/10.5334/jpl.144 DOI: https://doi.org/10.5334/jpl.144

Downloads

Publicado

14-12-2020

Como Citar

Agostinho, A. L., & Richter, L. (2020). Adaptação acentual de empréstimos Japoneses em Português Brasileiro. Diacrítica, 34(3), 96–122. https://doi.org/10.21814/diacritica.561

Edição

Secção

Artigos Temáticos