Ensinando a língua portuguesa num contexto de formação de tradutores chilenos. O 'fácil' e o ' difícil' da língua meta a partir de uma análise crítica de três recursos didáticos

Autores

  • Ana Laura dos Santos Marques Universidad de Santiago de Chile (Chile)

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.431

Palavras-chave:

Português para hispanofalantes, Aprendizagem de PLE em contextos universitários, Recursos didáticos

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar três materiais didáticos usados em diferentes disciplinas da área de português na formação de tradutores universitários do par espanhol-português. Para isso, relacionamos algumas das características que marcam a cultura de aprender do nosso contexto e as articulamos com os estudos amplamente difundidos da área de Português como Língua Estrangeira (PLE) a hispanofalantes (Almeida Filho 1995; 2004; Ferreira 1998; Júdice 2005; 2013; Mendes 2011). Selecionamos três variáveis para a discussão apresentada: i. a necessidade de desenvolver a proficiência em português nos âmbitos comunicativo e disciplinar; ii. o conhecimento movediço (Almeida Filho 1995) dos estudantes hispanofalantes, levando-os a não perceber as particularidades que diferenciam as duas línguas e que os deriva a confiar na ‘facilidade’ de produzir o português; iii. os recursos didáticos para abordar a língua portuguesa para a formação dos tradutores. Assim, identificamos na cultura de aprender dos estudantes o ‘fácil’, relacionado com acompreensão, e o ‘difícil’, relacionado com a recorrência de um ensino baseado na gramática. Os materiais apresentados orientam a nossa reflexão sobre as habilidades de produção oral e escrita esperada dos nossos estudantes em termos de conhecimento da língua e da prática com os gêneros textuais requeridos pelo curriculum universitário.

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Publicado

03-07-2019

Como Citar

Marques, A. L. dos S. (2019). Ensinando a língua portuguesa num contexto de formação de tradutores chilenos. O ’fácil’ e o ’ difícil’ da língua meta a partir de uma análise crítica de três recursos didáticos. Diacrítica, 32(2), 31–54. https://doi.org/10.21814/diacritica.431