O conceito de 'jeitinho brasileiro' no âmbito do ensino de português LE/L2. Para além dos lugares-comuns

Autores

  • Thais de Freitas Mondini Belletti ntifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.448

Palavras-chave:

Português LE/L2, Jeitinho, Discurso, Cultura, Semiótica

Resumo

O conceito de jeitinho está presente em uma série de discursos que expressam um conjunto de valores que os brasileiros percebem como sendo seus, constituindo-se, assim, como um elemento importante na construção da identidade nacional. Desse modo, um estrangeiro no processo de aprendizado do português LE/L2 eventualmente entrará em contato com esse estilo de navegação social brasileira. O conceito de jeitinho, no entanto, apresenta diversas formas de representação no discurso. O nosso objetivo com esse trabalho é abordar tal conceito a partir de uma análise mais acurada que se afasta de um discurso simplista, o qual associa o jeitinho à imagem do brasileiro malandro que procura tirar vantagem em tudo. Nesse processo, fizemos uma revisão da literatura que aborda esse conceito a partir de análises advindas das Ciências Sociais, com destaque para os estudos de Barbosa (2006) e de Borges (2006). Como um possível material a ser inserido em um contexto de ensino do português para estrangeiros, escolhemos a leitura e análise da crônica literária “Dar um jeitinho”. A análise da crônica foi realizada sob a perspectiva da semiótica discursiva, tendo por objetivo a busca de sentidos que se relacionam a certas práticas sociais brasileiras, relacionadas ao conceito de jeitinho.

Referências

Akerberg, M. A. (2004). A importância da palavra escrita para a pronúncia. In A. R. M. Simões, A. M. Carvalho & L. Weidemann (Eds.), Português para falantes de espanhol: Artigos selecionados escritos em português e inglês (pp. 115-124). Campinas, Brazil: Pontes Editores.

Albano, E. C. (2001). O gesto e suas bordas - esboço da Fonologia Acústico-Articulatória para o português brasileiro. Campinas, Brazil: FAPESP/Mercado de Letras.

Albuquerque, J. I. A. Inteligibilidade e compreensibilidade de línguas adicionais: Um olhar via sistema dinâmico complexo para os dados de haitianos, aprendizes de português brasileiro como L2 (Tese de doutoramento - em elaboração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Alves, M. A. (2015). Estudo dos parâmetros acústicos relacionados à produção das plosivas do português brasileiro na fala adulta: Análise acústico-quantitativa (Tese de doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina).

Alves, U. K. (2015). Ensino de pronúncia na sala de aula de língua estrangeira: Questões de discussão a partir de uma concepção de língua como sistema adaptativo e complexo. Versalete, 3(5), 374-396.

Alves, U. K. (2018). Teoria dos Sistemas Dinâmicos e desenvolvimento fonético-fonológico em uma nova língua. In E. Ortiz-Preuss & I. Finger (Eds.), Um conceito e duas línguas: a dinâmica do processamento bilíngue (pp. 81-128). Campinas, Brazil: Pontes Editores.

Alves, U. K. & Albuquerque, J. I. A. (2017). Compreensibilidade em L2: uma discussão sobre o efeito da experiência do ouvinte e do tipo de meio em excertos do português brasileiro produzidos por um falante haitiano. Revista X, 12(2), 43-64. DOI: https://doi.org/10.5380/rvx.v12i2.51246

Alves, U. K.; Brisolara, L. B. & Perozzo, R. V. (2017). Curtindo os sons do Brasil: Fonética do português do Brasil para hispanofalantes. Lisboa, Portugal: LIDEL Edições Técnicas.

Alves, U. K. & Silva, A. H. P. (2016). Implicações de uma perspectiva Realista Direta para o PAM-L2: Desafios teórico-metodológicos. Revista do Gel, 13(1), 107-131. DOI: https://doi.org/10.21165/gel.v13i1.837

Alves, U. K. & Zimmer, M. C. (2015). Perception and production of English VOT patterns by Brazilian learners: The role of multiple acoustic cues in a DST perspective. Alfa Revista de Linguística, 59(1), 155-175. DOI: https://doi.org/10.1590/1981-5794-1502-7

Audacity. (2015). Software disponível em: http://www.audacityteam.org/, versão 2.1.2.

Beckner, C., Blythe, R., Bybee, J., Christiansen, M. H., Croft, W. & Schoenemann, T. (2009). Language is a complex adaptive system - position paper. Language Learning, 59(1), 1-26. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9922.2009.00533.x

Best, C. T. (1995). A direct realist view of cross-language speech perception. In W. Strange (Ed.), Speech perception and linguistic experience: issues in cross-language research (pp. 171-204). Timonium, USA: York Press.

Best, C. T. & Tyler, M. D. (2007). Nonnative and second-language speech perception: commonalities and complementarities. In O-S. Bohn & M. J. Munro (Eds.), Language Experience in Second Language Speech Learning. In honor of James Emil Flege (pp. 13-34). Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishing Company. DOI: https://doi.org/10.1075/lllt.17.07bes

Boersma, P. & Weenink, D. (2008). Praat. Doing Phonetics by Computer (version 5.3.84). Available at: http://www.fon.hum.uva.nl/praat/.

Browman, C. & Goldstein, L. (1986). Towards an articulatory phonology. Phonology Yearbook, 3(1), 219-252. DOI: https://doi.org/10.1017/S0952675700000658

Browman, C. & Goldstein, L. (1992). Articulatory phonology: An overview. Phonetica, 49(1), 155-180. DOI: https://doi.org/10.1159/000261913

Byrne, D. (2013). Evaluating complex social interventions in a complex world. Evaluation, 19(3), 217-228. DOI: https://doi.org/10.1177/1356389013495617

Celce-Murcia, M., Brinton, D. M., Goodwin, J. & Griner, B. (2010). Teaching pronunciation: A course book and reference guide. Cambridge, England: Cambridge University Press.

Dancy, J. (1985). Epistemologia contemporânea. Lisbon, Portugal: Edições 70.

De Bot, K. (2015). Rates of change: Timescales in second language development. In Z. Dörnyei, P. D. Macintyre & A. Heny (Eds.), Motivational Dynamics in Language Learning (pp. 29-37). Bristol, England: Multilingual Matters. DOI: https://doi.org/10.21832/9781783092574-006

De Bot, K. (2017). Complexity theory and dynamic systems theory: Same or different? In L. Ortega & Z. Han (Eds.), Complexity Theory and Language Development: in celebration of Diane Larsen-Freeman (pp. 51-58). Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishing Company. DOI: https://doi.org/10.1075/lllt.48.03deb

De Bot, K., Lowie, W., Ortega, L., & Verspoor, M. (2013). Dynamic systems theory as a comprehensive theory of second language development. In M. P. G. Mayo, M. J. G. Mayo, M. J. G. Mangado, & M. M. Adrián (Eds.), Contemporary Approaches to Second Language Acquisition (pp. 199-220). Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishing Company. DOI: https://doi.org/10.1075/aals.9.13ch10

De Bot, K., Lowie, W., Ortega, L., & Verspoor, M. (2007). A Dynamic Systems Theory approach to second language acquisition. Bilingualism: Language & Cognition, 10(1), 7-21. DOI: https://doi.org/10.1017/S1366728906002732

De Leeuw, E., Mennen, I., & Scobbie, J. (2012). Dynamic systems, maturational constraints and L1 phonetic attrition. International Journal of Bilingualism, 17(6), 683-700. DOI: https://doi.org/10.1177/1367006912454620

Derwing, T. M., & Munro, M. J. (2015a). The interface of teaching and research: what type of pronunciation instruction should L2 learners expect? In P. L. Luchini, M. A. García Jurado, & U. K. Alves (Eds.), Fonética y Fonología: articulación entre enseñanza e investigación (pp. 14-26). Mar del Plata, Argentina: Universidad Nacional de Mar del Plata.

Derwing, T. M., & Munro, M. J. (2015b). Pronunciation fundamentals: Evidence-based perspectives for L2 teaching and research. Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishing Company. DOI: https://doi.org/10.1075/lllt.42

Field, A. (2009). Descobrindo a estatística usando o SPSS. Porto Alegre, Brazil: Artmed.

Fowler, C. (1980). Coarticulation and theories of extrinsic timing. Journal of Phonetics, 8(1), 113-133. DOI: https://doi.org/10.1016/S0095-4470(19)31446-9

Fowler, C. (1986). An event approach to a theory of speech perception from a direct-realist perspective. Journal of Phonetics, 14(1), 3-28. DOI: https://doi.org/10.1016/S0095-4470(19)30607-2

IBM Corp. (2012). IBM SPSS Statistics for Windows – Version 21.0. Armonk, NY: IBM Corp.

Jackson, F. (1977). Perception: A representative theory. New York, USA: Cambridge University Press.

Jackson, F. (2010). Representative realism. In J. Dancy, E. Sosa & M. Steup (Eds.), A companion to epistemology (2nd ed., pp. 702-705). Malden, USA: Blackwell.

Kupske, F. F., & Alves, U. K. (2017). Orquestrando o caos: O ensino de pronúncia de língua estrangeira à luz do paradigma da complexidade. Fórum linguístico, Florianópolis, 14(4), 2771-2784. DOI: https://doi.org/10.5007/1984-8412.2017v14n4p2771

Larsen-Freeman, D. (1997). Chaos/complexity science and second language acquisition. Applied Linguistics, 18(2), 141-165. DOI: https://doi.org/10.1093/applin/18.2.141

Larsen-Freeman, D. (2015a). It's about time. The Modern Language Journal, 98(2), 665-666. DOI: https://doi.org/10.1111/modl.12097

Larsen-Freeman, D. (2015b). Complexity theory. In B. Van Patten & J. Williams (Eds.), Theories in Second Language Acquisition (2nd ed., pp. 227-244). London, England: Routledge.

Larsen-Freeman, D. (2015c). Saying what we mean: Making a case for 'language acquisition' to become 'language development'. Language Teaching, 48(4), 491-505. DOI: https://doi.org/10.1017/S0261444814000019

Larsen-Freeman, D. (2017). Complexity Theory: The lessons continue. In L. Ortega & Z. Han (Eds.), Complexity Theory and Language Development: In celebration of Diane Larsen-Freeman (pp. 11-50). Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishing Company. DOI: https://doi.org/10.1075/lllt.48.02lar

Larsen-Freeman, D., & Cameron, L. (2008). Complex systems and applied linguistics. Oxford, England: Oxford University Press.

Levis, J. M. (2005). Changing concepts and shifting paradigms in pronunciation teaching. TESOL Quarterly, 39(3), 369-377. DOI: https://doi.org/10.2307/3588485

Lima Jr., R. M. (2016a). A necessidade de dados individuais e longitudinais para análise do desenvolvimento fonológico de L2 como sistema complexo. Revista Virtual de Estudos da Linguagem, 14(27), 203-225.

Lima Jr., R. M. (2016b). Análise longitudinal de vogais do inglês-L2 de brasileiros. Gradus: Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório, 1(1), 145-176. DOI: https://doi.org/10.47627/gradus.v1i1.107

Lowie, W. (2011). Early L2 Phonology: a dynamic approach. In M. Wrembel, M. Kul & K. Dziubalska-Kolaczyk (Eds.), Achievements and perspectives in SLA of speech: New Sounds, 2(1), 159-170.

Lowie, W. (2017). Lost in state space? Methodological considerations in Complex Dynamic Theory approaches to second language development research. In L. Ortega, & Z. Han (Eds.), Complexity theory and language development: In celebration of Diane Larsen-Freeman (pp. 123-141). Amsterdam, Netherlands: John Benjamins Publishers. DOI: https://doi.org/10.1075/lllt.48.07low

Lowie, W., & Verspoor, M. (2015). Variability and variation in Second Language Acquisition orders: a dynamic reevaluation. Language Learning, 65(1), 63-88. DOI: https://doi.org/10.1111/lang.12093

Martins, C. (2011). Manual de análise de dados quantitativos com recurso ao IBM SPSS: saber decidir, fazer, interpretar e redigir. Braga, Portugal: Psiquilibrios Edições.

Munro, M. J., & Derwing, T. (1995). Foreign accent, comprehensibility and intelligibility in the speech of second language learners. Language Learning, 45(1), 73-97. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-1770.1995.tb00963.x

Munro, M. J., & Derwing, T. (2015). Intelligibility in research and practice: Teaching priorities. In M. Reed & J. M. Levis (Eds.), The Handbook of English Pronunciation (pp. 377-396). Malden, United States of America: Wiley Blackwell. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118346952.ch21

Nitta, R., & Baba, K. (2015). Self-regulation in the evolution of the ideal L2 self: A complex dynamic systems approach to the L2 motivational self-system. In Z. Dörnyei, P. D. Macintyre & A. Henry (Eds.), Motivational Dynamics in Language Learning (pp. 367-396). Bristol, England: Multilingual Matters. DOI: https://doi.org/10.21832/9781783092574-023

Oliveira, R. A. (2016). A influência da instrução fonética explícita na produção e na percepção dos fricativos sonoros por hispanofalantes aprendizes de português como língua estrangeira - PLE (Master's thesis, Universidade Federal de Pernambuco).

Pereyron, L. (2017). A produção vocálica por falantes de espanhol (L1), inglês (L2) e português (L3): uma perspectiva dinâmica na (multi) direcionalidade da transferência linguística (Doctoral dissertation, Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Perozzo, R. V. (2017a). Sobre as esferas cognitiva, acústico-articulatória e realista indireta da percepção fônica não nativa: para além do PAM-L2 (Doctoral dissertation, Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Perozzo, R. V. (2017b). Percepção fônica de línguas não nativas no arcabouço da cognição e do realismo indireto: Complementaridade entre aspectos cognitivos e filosóficos a partir do PAM-L2. Gradus, 2(1), 52-72. DOI: https://doi.org/10.47627/gradus.v2i1.114

Rauber, A. S., Rato, A., Kluge, D., & Santos, G. (2012). TP: perception tests and perceptual training with immediate feedback, versão 2.0. Retrieved from: http://www.worken.com.br/tp_regfree.php. Accessed on October 15, 2012.

Real Academia Española, Asociación de Academias de la Lengua Española. (2011). Nueva gramática de la lengua española. Fonética y fonología (1st ed.). Barcelona, Spain: Espasa libros.

Ribeiro, R. S. (2017). Duração de vogais tônicas antecedentes a consoantes plosivas no português brasileiro (Undergraduate thesis, Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Schwartzhaupt, B. M., Alves, U. K., & Fontes, A. B. A. L. (2015). The role of L1 knowledge on L2 speech perception: investigating how native speakers and Brazilian learners categorize different VOT patterns in English. Revista de Estudos da Linguagem, 23(2), 311-334. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.23.2.311-334

Silva, A. H. P. (2014). A variável tempo nos estudos em aquisição. In A. Brawerman-Albini & M. L. C. Gomes (Eds.), O jeitinho brasileiro de falar inglês: Pesquisas sobre a pronúncia do inglês por falantes brasileiros (pp. 33-48). São Paulo, Brazil: Pontes Editores.

Silveira, R., & Souza, T. T. (2011). A percepção e a produção das fricativas alveolares da língua portuguesa por hispano-falantes. Revista de Estudos da Linguagem, 19(2), 167-184. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.19.2.167-184

Sobral, C. S., Nobre, M. M. R., & Freitas, M. A. (2006). Relação fone-fonemagrafema na produção oral de aprendizes de PLE. Portuguese Language Journal, 1, 1-18.

Verspoor, M. (2015). Initial conditions. In Z. Dörnyei, P. D. MacIntyre, & A. Henry (Eds.), Motivational dynamics in language learning (pp. 38-46). Bristol, England: Multilingual Matters. DOI: https://doi.org/10.21832/9781783092574-007

Zimmer, M. C., & Alves, U. K. (2012). Uma visão dinâmica da produção da fala em L2: o caso da Dessonorização Terminal. Revista da Abralin, 11(1), 221-272. DOI: https://doi.org/10.5380/rabl.v11i1.32467

Downloads

Publicado

03-07-2019

Como Citar

Belletti, T. de F. M. (2019). O conceito de ’jeitinho brasileiro’ no âmbito do ensino de português LE/L2. Para além dos lugares-comuns. Diacrítica, 32(2), 437–465. https://doi.org/10.21814/diacritica.448