Sobre a Revista
2i | REVISTA DE ESTUDOS DE IDENTIDADE E INTERMEDIALIDADE
A Revista 2i é uma revista científica semestral publicada pelo Grupo de Investigação em Identidade(s) e Intermedialidade(s) (Grupo 2i) do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (Portugal) que decorre da atividade desenvolvida pelo Grupo, ao longo de vários anos, no âmbito de dois domínios de conhecimento — os estudos sobre identidade humana, individual e sócio-cultural, e os estudos intermediais — cuja interação se tem revelado particularmente profícua. Além de divulgar o trabalho desenvolvido pelo Grupo, a revista acolhe igualmente a colaboração de especialistas, investigadores doutorados e estudantes de pós-graduação, nacionais e internacionais, nos principais domínios de estudo da publicação.
DESCRIÇÃO E ESCOPO
A profunda reformulação de paradigmas estéticos, formas e processos artísticos a que as vanguardas históricas e, depois delas, o pensamento pós-moderno deram origem, impulsionando gestos sistemáticos de paródia, contaminação e hibridismo, pôs fim a uma ideia de ‘pureza’ à luz da qual os objetos artísticos seriam descritíveis a partir de perspetivas endógenas, dentro de cartografias de géneros razoavelmente rígidas e fechadas. As práticas criativas contemporâneas, na verdade, enquadram-se cada vez mais numa cultura de convergência (Jenkins, 2008), marcada por diálogos permanentes entre géneros, linguagens e suportes, associados à esfera erudita ou à popular, ao espaço urbano ou digital, à ciência ou ao entretenimento. Se é certo que, intrinsecamente, “[a]ll media are mixed media”, como argumentou W.J.T. Mitchell (2002), a proliferação de diferentes media, autonomizados e institucionalizados, assegurada pela evolução tecnológica e os tipos de interferência recíproca que lhe estão associados (da simples referência, à copresença ou à transposição) requerem novas matrizes conceptuais e metodológicas para a sua análise. Por outro lado, ao exigirem ser pensados em articulação com os agentes, os recetores e os contextos históricos, tais diálogos determinam uma permanente deslocação e instabilização de territórios, fronteiras e cânones artísticos, fazendo da perspetiva intermedial uma abordagem particularmente adequada aos produtos e narrativas culturais hodiernos.
É também segundo perspetivas intermediais e transversais a várias esferas da ação e do pensamento humanos que a própria reflexão sobre a identidade do Homem — cuja presença permeia todas as experiências artísticas e criativas — se tem vindo a desenhar, deslocando-a gradualmente dos tradicionais paradigmas individualistas e essencialistas em direção a modelos teóricos e hermenêuticos de caráter eminentemente relacional e processual. Noções como as de intersubjetividade, devir, metamorfose, turbulência, força, limiar tornaram-se cada vez mais comuns no ensaísmo filosófico e na crítica artística e literária focados no dilema ontológico e identitário, pondo em jogo uma nova hermenêutica do ‘eu’ — e, necessariamente, uma nova ideia para a sua imagem e para a sua representação — em que o fundamental não é o que somos, diria Deleuze, mas “aquilo em que nos vamos tornando” (Deleuze, 1996).
A estas emergentes estéticas do performativo não é alheio um género como o do retrato cuja evolução histórica tem encaminhado para novos formatos e meios representativos — ou no limite da representação – que ora permitem figurar limiares da humanidade (o animal, o monstro, a máquina, o pós-humano), ora o colocam sob o repto da sombra e da invisualidade, ora o inscrevem no fluxo do tempo e do impermanente, com isso interrogando alguns pressupostos do gesto retratístico, secularmente associado às obrigações do reconhecimento e à imobilidade característica das ‘artes do espaço’.
No quadro epistemológico e metodológico dos Estudos Comparados Intermediais (Comparative Media Studies), pretende-se com esta publicação promover o diálogo científico e o debate crítico sobre identidade humana – aqui se incluindo a reflexão sobre a teoria e a prática do retrato e outras modalidades de representação do humano — e sobre intermedialidade, contemplando as possíveis interações entre a literatura e outros media, de acordo com os seguintes eixos temáticos:
- teoria e crítica da intermedialidade (paradigmas, metodologias, nomenclaturas...);
- práticas de intermedialidade (envolvendo artes tradicionais e/ou práticas criativas emergentes em novos media, como séries televisivas, videojogos, narrativas intermediais e transmediais...);
- indústrias criativas e produção artística intermedial;
- conceptualizações, axiologias e políticas identitárias;
- formas, estilos e processos de representação da identidade;
- humanidade e seus limiares (animalidade, monstruosidade, pós-humano);
- estudos sobre retrato (teorias do retrato; o retrato como género; retrato e imagem; práticas retratísticas e redes sociais; retrato literário...).
A Revista é composta pelas seguintes seções: Artigos; Vária; Recensões; Entrevistas. Cada número da Revista apresenta uma proposta temática para a Seção de Artigos.
A Revista 2i publica dois números semestrais, em junho e dezembro, respetivamente.
A direção da Revista 2i assumirá a responsabilidade da produção e edição final de cada um dos números publicados. A direção poderá convidar personalidades externas para (co)editarem um número temático da publicação na qualidade de editores convidados.
POLÍTICA DE ACESSO LIVRE
A Revista 2i oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de disponibilização gratuita do conhecimento científico.
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PROCESSO DE REVISÃO POR PARES
A publicação de artigos na Revista 2i será sujeita a avaliação prévia, em regime de duplo anonimato, por dois avaliadores (double blind peer review); no caso de um parecer ser favorável e outro negativo, o texto será enviado a um terceiro revisor.
De forma a garantir o anonimato do processo de revisão, a identificação da autoria do artigo tem de ser totalmente removida do arquivo e da opção ‘propriedades’ no Word. Deve ainda ser retirada qualquer outra informação que remeta para a autoria do artigo, nomeadamente as referências a trabalhos anteriores do(s) mesmo(s) autor(es). Neste caso, o(s) nome(s) do(s) autor(es) citado(s) no corpo do artigo devem ser substituídos por AUTOR e a respetiva referência removida.
Os avaliadores poderão aceitar as propostas de colaboração, recusá-las ou sugerir alterações para viabilizar a publicação. Apenas os textos aceites são publicados.
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Todos os avaliadores têm de declarar ausência de conflito de interesses e o compromisso de avaliação anónima do artigo.
Uma vez aceites pelos revisores, as submissões poderão ainda sofrer uma seleção final pela Direção da revista, quando o número de artigos aprovados for significativamente superior à média de ensaios publicados por revista.
A avaliação dos artigos submetidos considerará, de acordo com a ficha de avaliação adotada pela revista:
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- rigor científico e enquadramento teórico;
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- relevância e atualidade do suporte bibliográfico;
- clareza e qualidade da redação (incluindo o resumo em língua estrangeira);
- consistência argumentativa e relação entre hipóteses de partida e resultados.
Os pareceres deverão incluir uma recomendação em relação a possível publicação, entre as seguintes: publicar sem quaisquer modificações; publicar com pequenas modificações; publicar com modificações significativas; o artigo não se revela adequado para publicação.
Será ainda solicitada a indicação de sugestões e sua justificação, para melhoria da qualidade científica do artigo submetido a parecer, a ser enviadas, sob anonimato, aos autores.
Depois de receber os pareceres dos revisores, o autor tem 30 dias para submeter a versão revista do artigo consoante as recomendações da avaliação, sem o que o texto não será publicado. O autor deverá sempre sinalizar no artigo as alterações realizadas e anexar um relatório de todas de as alterações efetuadas de acordo com as recomendações dos revisores.
Uma revisão final dos textos é realizada pela Revista para verificação de aspetos formais e eliminação de eventuais lapsos gramaticais e/ou ortográficas, de modo a manter a qualidade da apresentação e redação.
Entrevistas e Recensões
As entrevistas e recensões submetidas à Revista serão sujeitas a revisão pelos Editores do respetivo número que poderão recomendar alterações ao texto e decidirão da sua aceitação.
Do elenco de entrevistados podem fazer parte escritores, artistas, críticos, investigadores ou outras personalidades cuja esfera de intervenção profissional se relacione com âmbito temático da publicação.
As recensões devem reportar-se a obras literárias, artísticas ou teórico-críticas dentro do âmbito temático da publicação, publicadas, no máximo, nos últimos doze meses, contados com base na edição da Revista para a qual se submete o texto.
Política de Preservação Digital
Esta revista encontra-se digitalmente preservada através do serviço PKP PN do Public Knowledge Project.