Sinais desencontrados

Fotografia e propaganda em contexto colonial

Autores

  • Luís Cunha Universidade do Minho - Braga

DOI:

https://doi.org/10.21814/2i.3444

Palavras-chave:

Propaganda colonial, colonialismo, guerra colonial

Resumo

            Tanto o colonialismo como as diferentes expressões de resistência que o foram erodindo se fizeram de ações, não dispensando o apoio de palavras e imagens. É para a forma como estas categorias se combinaram que orientaremos o olhar, procurando perceber de que modo as narrativas – de legitimação colonial e de apelo à independência – fizeram uso de um instrumento tão poderoso como a fotografia. Recorreremos a materiais diversos com um ponto comum: o reporte ao registo propagandístico, a uma intencionalidade que visa convencer mais do que informar. Sem deixar de considerar o colonialismo globalmente, faremos da guerra colonial o centro deste texto, tomando-a como o momento mais expressivo do confronto entre diferentes representações do mesmo território, apresentado por Portugal como parte de um todo indivisível; visto pelos movimentos de libertação como espaço ocupado por forças alheias aos interesses legítimos das populações africanas. Longa e sangrenta, a guerra colonial teve na propaganda uma outra frente de batalha. Os panfletos e cartazes, as fotografias que testemunhavam o convívio pacífico ou que mostravam atrocidades, revelam muito acerca da tessitura de relações que estruturaram o domínio colonial, mas também das dinâmicas que conduziram à constituição de novos estados em África.

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Publicado

2021-12-31

Como Citar

Cunha, L. (2021). Sinais desencontrados: Fotografia e propaganda em contexto colonial. Revista 2i: Estudos De Identidade E Intermedialidade, 3(4), 103–120. https://doi.org/10.21814/2i.3444