O colonialismo filtrado pelo olhar

Visibilidades e invisibilidades na fotografia da Diamang

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/2i.3461

Palavras-chave:

fotografia colonial, verdade histórica, discurso e retórica visuais, alteridade, subalternidade, colonialismo português

Resumo

A fotografia e a sua relação com uma almejada verdade histórica tem sido complexa. Olhar para ela como mero documento-fonte, ignorando a sua dimensão subjetiva, não corresponde a uma aproximação à totalidade do seu discurso, denotado e conotado, e da sua retórica. Por conseguinte, olharemos para a fotografia como processo de construção intencional de verdades, de discursos e de narrativas com objetivos políticos, culturais, sociais e económicos. No fundo, partimos da conceção de que a imagem produzida é sempre fruto das relações de poder existentes na sociedade em que é fixada e à qual se destina.

Neste artigo, propomo-nos refletir acerca desta tensão entre a objetividade e a subjetividade da imagem a partir do estudo da fotografia colonial produzida pelos serviços da Diamang. Nela procurando pensar a dicotomia visibilidade-invisibilidade e testando conceitos como os de alteridade, subalternidade e dominação. Avançaremos também com uma proposta de classificação e de leitura da narrativa visual da Diamang, centrando-nos em seis imagens-exemplo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Barthes, R. (1986). Lo obvio y lo obtuso: Imágenes, gestos, voces. Barcelona: Editorial Paidós.

Berger, J. (2013). Para entender uma fotografia. São Paulo: Companhia das Letras.

Chaudhary, Z. R. (2012). Afterimage of empire. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Burke, P. (2016). Testemunha Ocular: O uso de imagens como evidência histórica. São Paulo: Editora UNESP.

Flusser, V. (2013). Filosofia da caixa preta: Ensaios para uma futura filosofia da Fotografia. São Paulo: Annablume.

Hays, P., Minkley, G. (2019). Ambivalent: Photography and visibility in African history. Ohio University Press.

Jäger, J. (2018). Elective affinities? History and Photography. In Helff, S., Michels, S., Global Photographies: Memory – History – Archives (pp. 39–55). Bielefield: Transcript Verlag.

Jerónimo, M. B.; Monteiro, J. P. (2013). Das “dificuldades de levar os indígenas a trabalhar”: O “sistema” de trabalho nativo no império colonial português. In Jerónimo, M. B., O império colonial em questão: Poderes, saberes e instituições (pp. 159–249). Lisboa: Edições 70.

Landau, P. S.; Kaspin, D. D. (2002). Images & Empires: Visuality in Colonial and Postcolonial Africa. Berkely: University of California Press.

Mezzadra, S. (2018). Modos de Ver: Du Bois e Fanon. In Sanches, M. R., Descolonizações. Reler Amílcar Cabral, Césaire e Du Bois no Séc. XXI (pp. 109–126). Lisboa: Edições 70.

Nietzsche, Friedrich (2008). Sobre a verdade e a mentira. São Paulo: Editora Hedra.

Porto, N. (2009). Modos de objetificação da dominação colonial: O caso do Museu do Dundo, 1940-1970. Coimbra: FCTUC.

Roberts, J. (2014). Photography and its violations. Nova Iorque: Columbia University Press.

Ryan, J. R. (2018). Introdução. Fotografia Colonial. In Vicente, F. L., O império da visão: Fotografia no contexto colonial português (1860-1960) (pp. 31–42). Lisboa: Edições 70.

Sekula, A. (2013). Sobre a invenção do significado da Fotografia. In Trachtenberg, A., Ensaios Sobre Fotografia: de Niépce a Krauss (pp. 387–410). Lisboa: Orfeu Negro.

Sontag, Susan (2008). On Photography. London: Penguin Classics.

Varanda, Jorge (2012). Filhos, enteados e apadrinhados: Discursos, políticas e práticas dos serviços de saúde da Diamang, Angola. Antropologia Portuguesa, 29(141–165).

Vicente, F. L. (2013). Fotografia e colonialismo: para lá do visível. In Jerónimo, M.B., O império colonial em questão: Poderes, saberes e instituições (pp. 423–453). Lisboa: Edições 70.

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

Madeira, B., & Rodrigues, F. (2021). O colonialismo filtrado pelo olhar: Visibilidades e invisibilidades na fotografia da Diamang. Revista 2i: Estudos De Identidade E Intermedialidade, 3(4), 31–47. https://doi.org/10.21814/2i.3461