PONTOS DE ENCONTRO 2i

2022-06-11

AGENDA

 

7 de junho de 2022 | 14:30 | Online

Um auto-retrato enquanto Branca de Neve?  Perversão e intriga familiar em Paula Rego

 

Aula-aberta com Bruno Marques

Moderação: Eunice Ribeiro

 

Organização: Grupo 2i/CEHUM

Com o apoio de: Mestrado em Ensino de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário /IE

 

SINOPSE

Na série pictórica que Paula Rego dedica a Branca de Neve (1995) – que toma como ponto de partida não a memória literária do conto tradicional dos irmãos Grimm, mas a memória visual da famosa adaptação ao grande ecrã feita por Walt Disney em 1937 – destaca-se algo perturbador sobre um arquétipo da intriga familiar: a ideia subliminar de que a ameaça oculta do incesto está do lado feminino, ou seja, é a menina quem surge com uma dimensão de sujeito assaltado por dilemas eminentemente perversos, emancipados e conscientes.

Segundo Roland Barthes, o sujeito identifica-se dolorosamente com qualquer pessoa (ou personagem) que ocupe na estrutura de amor a mesma posição que ele (1995, 165). Através de um processo de “identificação”, sustentamos que Paula Rego se (auto)retrata por interposição de uma personagem de um conto infantil a fim de trazer ao de cima o lado negro do funcionamento da psique feminina: sob o signo do Complexo de Electra, Mãe e filha encerram-se numa eterna disputa pelo amor do pai.

 

NOTA BIOGRÁFICA

 Bruno Marques (n. 1975) é curador independente e investigador contratado no Instituto de História da Arte da NOVA FCSH, onde coordena o cluster Photography and Film Studies. Professor Auxiliar Convidado na NOVA FSCH (2016-2018), no ISCE (2010-2015) e na ESAD.CR (2014). É autor dos livros Cartas fora do Baralho: os retratos imaginados de Costa Pinheiro (2020) e Mulheres do Século XVIII. Os Retratos (2006). Coordenou os livros Sobre Julião Sarmento (2012) e Arte & Erotismo (2012). Entre vários projectos editoriais, recentemente foi co-editor do número especial SEX AND CENSORSHIP IN ART da Revista de História da Arte (Portugal) e IMAGENS INTERDITAS na revista Diálogos (Brasil). Autor de vários capítulos de livros e artigos científicos em revistas académicas internacionais (Photographies, Philosophy of Photography, RIHA Journal, JSTA, Diálogos, Quintana, MODOS e Estudos Ibero-Americanos) e nacionais (RHA, Aniki, Cultura, Convocarte). A sua investigação explora tópicos como os das políticas da identidade e retratística na arte contemporânea numa perspectiva feminista, queer e pós-colonial.

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17 de maio de 2022 | 14:00 – 16:00 | Sala 2.25 - Edifício 1

Retratos filmados: cinema, literatura e sujeito

Aula-aberta com Amândio Reis

Moderação: Eunice Ribeiro

 

Organização: Grupo 2i/CEHUM

Com o apoio de: Mestrado em Ensino de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário /IE

 

SINOPSE

Partindo do princípio de que as relações entre cinema e literatura podem ultrapassar e até desafiar o conceito de adaptação e os mecanismos que lhe são tipicamente associados (como a apropriação de géneros literários pelo cinema), procurar-se-á explorar algumas formas de transmutação e de prevalência do “texto” em filme. Ao investigar os limites e as potencialidades da biografia e do retrato, propõe-se uma reflexão que interrogue estes termos e a sua amplitude no âmbito da ficção e do documentário. Dar-se-á especial atenção à construção da figura do escritor no cinema português, e, mais especificamente, em Sophia de Mello Breyner Andresen (1969), de João César Monteiro, e O Dia do Desespero (1992), de Manoel de Oliveira.

 

NOTA BIOGRÁFICA

 Amândio Reis é investigador contratado do Centro de Estudos Comparatistas, onde coordena o grupo de investigação THELEME-Estudos Interartes e Intermédia, e docente convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É fundador e coordenador editorial da revista Compendium: Journal of Comparative Studies/Revista de Estudos Comparatistas. Em 2020, doutorou-se na Universidade de Lisboa, no Programa Internacional FCT de Doutoramento em Estudos Comparatistas (PhDComp). Tem escrito sobre relações entre literatura e cinema, e a sua investigação actual, no âmbito dos estudos literários, incide principalmente sobre a narrativa breve no universo lusófono, do fim do século XIX ao período modernista e à contemporaneidade. É autor de Short Stories, Knowledge and the Supernatural: Machado de Assis, Henry James and Guy de Maupassant (2022, Palgrave Macmillan).

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29 de abril de 2022 | 14.30 | Sala 1.15 - Edifício 1

Salette Tavares: evocação no centenário

Aula-aberta com:  Rui Torres (apresentação), Eunice Ribeiro (moderação) e Coletivo Sinestéticas (leituras)

Organização: Grupo 2i/CEHUM e Rui Torres

Com o apoio de: Departamento de Estudos Portugueses e Lusófonos, Licenciaturas em Estudos Portugueses e Línguas e Literaturas Europeias da UM

No âmbito das celebrações Reencontrar Salette Tavares, Cem Anos Agora: Educar, Brincar, Comunicar, o Grupo 2i do CEHUM convida a comunidade académica para o “Ponto de encontro 2i – Salette Tavares: evocação no centenário”, uma aula-aberta de Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, com a participação do Professor Rui Torres e leituras de textos da autora pelo Coletivo Sinestéticas.

Rui Torres estudou comunicação (licenciatura), literatura (mestrado e doutoramento) e semiótica (pós-doutoramento), analisando atualmente, na sua prática pedagógica, criativa e investigativa, o modo como essas áreas se cruzam e transformam com os meios digitais. Professor catedrático na Universidade Fernando Pessoa e membro integrado do ICNOVA, é um dos diretores da Electronic Literature Organization, sendo nesse âmbito um dos editores da Electronic Literature Series (Bloomsbury Academic Publishing) e da Electronic Literature Collection volume 4 (no prelo, 2022). Investigador do projeto “Poéticas liminares no mundo contemporâneo” (Univ. Barcelona, Espanha, 2020-22) e coordenador do Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa (www-po-ex.net, que resulta de dois projetos financiados pela FCT/UE.

Coletivo Sinestéticas - criado em abril de 2019 por estudantes do Mestrado em Teoria da Literatura e Literaturas Lusófonas da Universidade do Minho, tem como proposta promover a produção artística experimental através dos mais diversos estímulos. Contando com a colaboração de artistas de diferentes países, em quase dois anos de existência já foram produzidas mais de quatrocentas peças entre poesia, prosa, ilustração digital, vídeos, receitas culinárias, pinturas. Elas são publicadas periodicamente nas páginas do coletivo no Facebook e no Instagram (www.instagram.com/sinesteticas). O Sinestéticas também é responsável pela elaboração de oficinas de escrita e, juntamente ao selo Borboleta Azul, produz a revista literária AGAGÊ 80.

Outras notícias do evento aqui: https://po-ex.net/noticias/conferencias-e-apresentacoes/ponto-de-encontro-2i-salette-tavares/

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21 - 22 de março de 2022

Prof. Ciro Inácio Marcondes (Universidade Católica de Brasília)

Ciro Inácio Marcondes é professor, crítico e pesquisador nas áreas de Histórias em Quadrinhos e Cinema. Leciona no curso de Comunicação e no Mestrado Profissional Inovação em Comunicação e Economia Criativa da Universidade Católica de Brasília. É Doutor em Comunicação e Mestre em Literatura pela Universidade de Brasília, com estágio de doutorado-sanduíche em Paris IV-Sorbonne. É o editor do site www.raiolaser.net, especializado em crítica de Histórias em Quadrinhos. Já ministrou diversos cursos sobre cinema, comunicação e histórias em quadrinhos para espaços como CCBB, Espaço Varanda e Espaço Cult. Foi curador de festivais e mostras como Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Curta Brasília e Festival Back2Black. Desde 2018 é editor do periódico acadêmico Esferas. Em 2021 publicou o livro ZIP – Quadrinhos e Cultura Pop (Editora Metrópoles), e iniciou trabalho de pesquisa pós-doutoral como professor visitante na Faculty of Modern and Medieval Languages and Linguistics da Universidade de Cambridge.

  • 21 de março 2022 |  15:00 | Sala de reuniões do CEHUM

           Workshop: Exercício de razão poética – “Limite”, de Mário Peixoto

A partir da visualização do filme “Limite” (Mário Peixoto, 1931), o professor doutor Ciro Inácio Marcondes e a doutoranda Maria Eduarda Filomeno Affonso propõem uma leitura do maior clássico silencioso do cinema brasileiro a partir do exercício de uma razão poética (Zambrano, 1999). “Limite” é um filme ligado à linguagem de vanguarda nos primórdios do cinema brasileiro, e entre suas influências estão filmes do expressionismo alemão, do impressionismo francês e do construtivismo russo. Porém nenhuma destas referências é suficiente para explicar a qualidade artística extraordinária do filme e o caráter poético de suas imagens, que remetem a forças elementais (água, natureza, vento) e ações fundacionais (fuga,  esboroamento, desintegração) como metáfora da existência humana. Para além de interpretações objetivas, porém, “Limite” é uma explosão sensitiva que pode ser pensado e sentido de acordo com suas qualidades enquanto imagem, força sinestéstica e poder háptico. Este workshop propõe um exercício radical de leitura de “Limite” a partir da heurística da “razão poética” elaborada por María Zambrano, buscando, mais que respostas, perguntas que a razão logocêntrica não está apta a responder.  

  • 22 de Março de 2022 | 14:00 | Instituto de Educação

           Seminário: Uma Poética Silenciosa

A partir de uma correlação entre as ideias de imagem, cinema e silêncio, propõe-se a poesia como frequência da percepção ou sintonia do pensar. Alguns filmes do período silencioso do cinema (da era pré-sincronização) servirão de corolário para se refletir sobre o silêncio como estado de cacofonia e esplendor discursivo, e a frequência poética como resultado da interação deste silêncio com imagens fílmicas, sejam elas intencionalmente poéticas ou não. Para tanto, estas ideias serão pensadas a partir das teorias do cinema, arqueologia das mídias e fenomenologia. Desta forma, a poesia aqui é lida em um sentido mais próximo do heideggeriano, ou seja, não se trata de gênero literário, mas uma modalidade do pensar. A ideia é pensá-la como medium para a percepção. Quando acionamos esta frequência poética, toda a leitura e interpretação da realidade converge para diferentes perguntas e respostas sobre o mundo. Serão exibidos e comentados trechos de filmes de Charles Chaplin, Louis Feuillade, Joris Ivens, Henwar Rodakiewicz e outros.

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15 de março de 2022 | 14:00 | Auditório do Instituto de Educação

Prof. José Manuel Losada (Universidade Complutense de Madrid)

La Mitocrítica Cultural: un itinerario en la investigación contemporânea

Nesta conferência o Prof. José Manuel Losada abordará as motivações e dificuldades que encontram atualmente os investigadores que trabalham sobre o imaginário mitológico e a necessidade de estabelecer uma metodologia e uma hermenêutica do mito, apoiando-se em exemplos das literaturas antiga, medieval, moderna e contemporânea.

Organização: Grupo 2i/CEHUM

Com o apoio de: Programa Doutoral em Modernidades Comparadas e Mestrado em Educação

José Manuel Losada (http://josemanuellosada.com/en/) é Professor de Literatura Francesa na Universidade Complutense de Madrid. É doutorado em Literatura Comparada pela Universidade de Paris-Sorbonne. Foi Visiting Scholar na Universidade de Harvard, membro do SCR da Universidade de Oxford (St John’s College), Visiting Lecturer na Universidade de Montreal, e Senior Fellow IAS COFUND na Universidade de Durham (University College). Lecionou nas Universidades de Navarre, Hebrew of Jerusalem, International of La Rioja, Montpellier, Münster, Munich, Valencia and Guadalajara-Mexico, e fez seminários e conferências em mais de cinquenta universidades europeias e americanas. É fundador e editor da prestigiada Amaltea, Journal of Myth Criticism (http://revistas.ucm.es/index.php/AMAL/index), coorganizador do Congresso Interncional de Mitocrítica, Presidente de Asteria, International Association of Myth Criticism (https://asteriamyth.com/), Director da coleção “Literary Studies” (Ediciones Complutense), e coordena vários projetos de investigação em literatura e mitocrítica (https://acisgalatea.com).Entre as suas publicações figuram livros de teoria e crítica literária, em particular ensaios de mitocrítica:  L’Honneur au théâtre (Paris, Klincksieck, 1994), Tristán y su ángel (Kassel, Germany, Reichenberger, 1995), De Baudelaire a Lorca (Kassel, Alemania, Reichenberger, 1996, 3 vols.), Bibliography of the Myth of Don Juan in Literary History (NY, USA, Edwin Mellen Press, 1997), Bibliographie critique de la littérature espagnole en France au XVIIe siècle (Geneva, Droz, 1999), Métamorphoses du roman français (Leuven, Peters, 2009), Mito y mundo contemporáneo (Bari, Levante Editori, 2010, Giovi International Award, Città di Salerno, 2011), Tiempo: texto e imagen (Madrid, Ediciones Universidad Complutense, 2011), Myth and Subversion in the Contemporary Novel (edited with Marta Guirao, Newcastle upon Tyne, UK, Cambridge Scholars Publishing, 2012), Mito e interdisciplinariedad (edited with Antonella Lipscomb, Bari, Levante Editori, 2013), Abordajes: Mitos y reflexiones sobre el mar (Madrid, Instituto Español de Oceanografía, 2014), Victor Hugo et l’Espagne (Paris, Honoré Champion, 2014), Nuevas formas del mito (Berlin, Logos Verlag, 2015), Myths in Crisis: The Crisis of Myth (with Antonella Lipscomb, Newcastle upon Tyne, UK, Cambridge Scholars Publishing, 2015), Mitos de hoy, Ensayos de Mitocrítica Cultural (Berlin, Logos Verlag, 2016), Cinco siglos de Teresa: La proyección de la vida y los escritos de Santa Teresa de Jesús (with Esther Borrego, Madrid, Fundación Mª Cristina Masaveu Peterson, 2016), Myth and Emotions (with Antonella Lipscomb, Newcastle upon Tyne, UK, Cambridge Scholars Publishing, 2017), Myth and Audiovisual Creation (with Antonella Lipscomb, Berlin, Logos Verlag, 2019), and various translations: La Leyenda de los siglos, by Victor Hugo (Madrid, Ediciones Cátedra, 1994), Le Romancero (Paris, Imprimerie Nationale, 2003).  É autor de mais de 200 artigos em revistas científicas de especialidade de vinte países.