Aprendizagem de dependências não adjacentes por adultos em uma língua artificial: evidências experimentais
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.4776Palavras-chave:
Dependências não adjacentes, Aprendizagem de língua artificial, Processamento adultoResumo
Investigamos a aprendizagem de dependências não adjacentes por adultos (DNAs) em uma língua artificial. DNAs é a coocorrência de marcadores morfossintáticos e/ou fonológicos com material interveniente, como em These cat-s, em que observamos a dependência entre o determinante e a marcação de plural no nome e a base cat- entre eles. A aprendizagem de DNAs por crianças tem sido amplamente estudada, mas pouco se sabe sobre como essa aprendizagem ocorre em adultos com uma L1 consolidada. Usando uma combinação de técnicas experimentais, foi conduzido um experimento de aprendizagem de língua artificial. Trinta e quatro adultos participaram divididos entre grupo experimental e grupo controle. Na fase de treinamento, que durou 3 minutos, os participantes do grupo experimental ouviram combinações de DPs inventados, enquanto participantes do grupo controle ouviram estímulos musicais. Na fase teste, participantes de ambos os grupos tiveram que escolher, entre dois novos nomes, o que combinava melhor com o determinante. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos experimental e controle, com maior número de acertos no primeiro, o que é sugestivo de maior precisão nas respostas dadas nesse grupo. Esses resultados sugerem que, mesmo após um curto período de exposição aos estímulos, os participantes foram capazes de abstrair os padrões a partir dos estímulos do treinamento e aplicá-los a estímulos inéditos. Esses achados foram interpretados como evidência de aprendizagem de DNAs por adultos.
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