A figura do mandarim num dicionário manuscrito de português-chinês do século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.5759Palavras-chave:
Lexicografia português-chinês, História do léxico chinês, Filologia portuguesa e chinesaResumo
Reporta-se este trabalho a um dicionário manuscrito de português-chinês datável do século XVIII, um códice inédito da Biblioteca Nacional de Portugal cuja edição preparámos nos últimos anos, no qual foram incluídas numerosas entradas relativas a mandarins, bem como equivalentes chineses específicos para os mesmos. Este conjunto de verbetes é muito informativo quanto ao que se considerava ser o mandarim, aos seus vários tipos, procedimentos, carreiras, utensílios, privilégios, família, etc., em muitos casos merecendo palavra própria, exclusiva do mandarim, ou de classes iguais ou mais elevadas. A comparação com as obras lexicográficas e gramaticais de Joaquim Afonso Gonçalves revela um curioso desaparecimento deste tipo de informação logo no século seguinte, podendo o próprio termo mandarim ser ignorado em benefício de outros tão opacos e gerais como empregado, ou sinónimos menos precisos que parecem ter servido para evitar o uso daquele lexema, como ministro e magistrado.
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