A figura do mandarim num dicionário manuscrito de português-chinês do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5759

Palavras-chave:

Lexicografia português-chinês, História do léxico chinês, Filologia portuguesa e chinesa

Resumo

Reporta-se este trabalho a um dicionário manuscrito de português-chinês datável do século XVIII, um códice inédito da Biblioteca Nacional de Portugal cuja edição preparámos nos últimos anos, no qual foram incluídas numerosas entradas relativas a mandarins, bem como equivalentes chineses específicos para os mesmos. Este conjunto de verbetes é muito informativo quanto ao que se considerava ser o mandarim, aos seus vários tipos, procedimentos, carreiras, utensílios, privilégios, família, etc., em muitos casos merecendo palavra própria, exclusiva do mandarim, ou de classes iguais ou mais elevadas. A comparação com as obras lexicográficas e gramaticais de Joaquim Afonso Gonçalves revela um curioso desaparecimento deste tipo de informação logo no século seguinte, podendo o próprio termo mandarim ser ignorado em benefício de outros tão opacos e gerais como empregado, ou sinónimos menos precisos que parecem ter servido para evitar o uso daquele lexema, como ministro e magistrado.

Referências

Academia Chinesa de Ciências Sociais (2016). Xiàndài Hànyǔ Cídiǎn [Dicionário de Chinês Contemporâneo] (7.ª ed.). Commercial Press.

Bluteau, R. (1712–1728). Vocabulario portuguez, e latino... Collegio das Artes da Companhia de Jesu/Officina de Pascoal da Sylva.

Bluteau, R., & Morais Silva, A. (1789). Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva.... Simão Tadeu Ferreira.

Chang, Y.N. (2014). Míngqīng shíqīde cháojìn kǎochá [Inspeção e audiência na corte imperial nas dinastias Ming e Qing]. Historical archives, 2, 51–56.

Cao, X. (2015). Hónglóumèng [Sonho do pavilhão vermelho]. 21st Century Publishing House.

Dalgado, S.R. (1919–1921). Glossario luso-asiático (2 vols.). Imprensa da Universidade/Academia das Sciências de Lisboa.

Feng, S. (2016). Zhōngguó gǔwénzìxué gàilùn [Introdução à Paleografia Chinesa]. China Social Sciences Press.

Gonçalves, J.A. (1829). Arte china, constante de alphabeto e gramática. Real Colégio de São José.

Gonçalves, J.A. (1831). Diccionario portuguez-china. Real Collegio de S. Jose.

Gonçalves, J.A. (1833). Diccionario china-portuguez. Real Collegio de S. Jose.

Guan, H.Q. (s.d.). Húdiémèng [Sonho de borboleta]. Yuánqǔ Xǔan [Antologia de Versos da Dinastia Yuan]. vol. 29, pp. 9-10. https://archive.org/details/02111109.cn/page/n1/mode/2up.

Hao, X.J. (2005). “Lěichén” Biànxī [Discriminação do termo leichen]. Modern Chinese, 9.a ed., p. 10.

Huang, H.X., & Chen, F. (2005). Zhōnɡɡuó Fènɡlù Zhìdù Shǐ [História do sistema de ordenados na China] (2.ª ed.). Wuhan University Press.

Lan, L.X.X.S. (1963). Jīn Píng Méi Cíhuà [A Ameixeira no Vaso de Ouro]. https://archive.org/details/20210211_20210211_0714/page/349/mode/2up

Li, D.Y. (Ed.) (1989). Ming Hui Dian [O controlo dos mandarins] (tomo 20). Zhong Hua Book Company.

Li, F. (Ed.) (983). Tài Píng Yù Lǎn [Enciclopédia da era Taiping]. https://ctext.org/zhs

Ling, M.C. (1632). Èrkè Pāi Àn Jīngqí [Surpreendido ao bater na mesa]. https://ctext.org/zhs

Luo, Z.F. (Ed.) (1986–1993). Hànyǔ Dàcídiǎn [Grande dicionário da língua chinesa] (vols. 1–12). Shanghai Cishu Chubanshe.

Mao, P.Q., & Chen, J. l. (1995). Míng qīng xíngzhèng guǎnlǐ zhìdù [Sistema de gestão administrativa Ming e Qing]. Shanxi People Publishing House.

Mu, T.J. (2017). Shìdàfū de Yuánliú — Rúshēnɡ [A origem da classe Shidafu — Rusheng e Wenli]. Comprehensive Reading for Students, 29, 46–47.

Shi, N.A., & Luo, G.Z. (2005). Shuǐ Hǔ Zhuàn [Margem da água] (2.a ed.). People’s Literature Publishing House.

Wang, C. (Ed.) (1991). Zhōnɡɡuó Yànyǔ Cídiǎn [Dicionário de provérbios chineses]. Shaanxi Sanqin Publishing House.

Wang, Q.Z., & Wu, G.H. (2013). “Bàiɡuān” Xīnquán [Uma nova visão do Baiguan]. Journal of Nanjing University (Philosophy, Humanities and Social Sciences), 50(3), 129–138.

Wang, X. (2016). Tángwǔdài Hànlín Dàizhāo Kǎolùn [Estudos sobre os Daizhao da Academia Hanlin na Dinastia Tang e no Período das Cinco Dinastias] [Tese de Doutoramento, Universidade Normal de Beijing].

Witek, J.W. (Dir.) (2001). Dicionário português-chinês, Michele Ruggieri & Matteo Ricci. Biblioteca Nacional de Portugal/IPOR/Ricci Institute for Chinese-Western Cultural History.

Wu, J.Z. (2018). Rúlín Wàishǐ [História dos letrados]. People’s Literature Publishing House. (Original publicado em 1750)

Verdelho, T. (2008), O encontro do português com as línguas não europeias: Exposição de textos interlinguísticos. Biblioteca Nacional de Portugal.

Yan, S.G. (1986). Hàn shū zhù [Explicação do Livro de Han], vol. 30. Shanghai Classics Publishing House.

Yang, Y.F. (2013). Zhongkuo fazhishi gaiyao [Introdução à história do Direito chinês]. China Social Sciences Press.

Zhang, X.S. (2013). “Zuòɡuān Fācái” Chuántǒnɡ Héyǐ Miányánbùjué [Por que não acaba a tradição de se ser oficial para se ficar rico]. Tribune of Social Sciences, 8, 173–180.

Zhang, Y.S. (Ed.) (2002). Kāngxī Zìdiǎn [Dicionário de Kangxi]. Hanyu Dacidian Chubanshe.

Zhao, E.X. (Ed.) (1977). Qīng Shǐ Gǎo [Esboço da história da Dinastia Qing]. Zhonghua Book Company. (Original publicado em 1929)

Zwartjies, O. (2011). Portuguese missionary grammars in Asia, Africa and Brazil, 1550-1800. John Benjamins. DOI: https://doi.org/10.1075/sihols.117

Downloads

Publicado

16-07-2024

Como Citar

Barros, A. L., Ng Cen, A. ., & Wang , X. (2024). A figura do mandarim num dicionário manuscrito de português-chinês do século XVIII. Diacrítica, 38(1), 77–100. https://doi.org/10.21814/diacritica.5759