Introdução (Vol. 38.3/2024). Divino Masculino, Divino Feminino, Divino Outro

Autores

  • Guilherme Borges Pires CHAM - Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa https://orcid.org/0000-0002-3923-5638
  • Isabel Gomes de Almeida CHAM - Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa
  • Isabel Araújo Branco CHAM - Centro de Humanidades, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa https://orcid.org/0000-0003-2204-5501

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.6292

Palavras-chave:

Género, Religiões, América latina, Península Ibérica, Interdisciplinaridade

Resumo

O volume 38.3 da Diacrítica reúne o dossiê temático Divino Masculino, Divino Feminino, Divino Outro: Teorias, Práticas e Expressões Generizadas do Fenómeno Religioso, que explora as intersecções entre género e religião sob múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas. Resultado de uma reflexão plural e conjunta, inicialmente espoletada pelo colóquio Género e Religiões (2022) e pelo subsequente ciclo de conferências homónimo, que visaram fomentar um debate interdisciplinar em torno das implicações do género no fenómeno religioso em diversos contextos históricos, culturais e sociais, este volume apresenta estudos de caso referentes a diferentes temáticas, cronologias e geografias. Para além de uma apresentação sumária dos contributos, a presente introdução oferece um breve enquadramento conceptual, ao mesmo tempo que traça um panorama sintético da evolução das abordagens ao género e à religiosidade, destacando o impacto do aparato crítico pós-moderno e feminista, e enfatizando a contribuição dos aportes académicos ibero-americanos para o tema. Além disso, sublinha-se o caráter dinâmico e permanentemente (re)negociado do género e da religião, vistos como construções sociais interligadas, realçando-se a importância das abordagens interseccionais. Em suma, o volume não apenas reflete os debates académicos prévios, como também se propõe como um passo adicional num diálogo contínuo, promovendo olhares plurais que transcendem os limites cronológicos, geográficos e teóricos tradicionais.

Referências

Borges Pires, G. (2020). Pode um deus dar à luz? Msj nos hinos religiosos do Império Novo Egípcio (c. 1539‒1077 a.C.): Para uma (re)avaliação da “androginia” da divindade criadora. Mare Nostrum, 11(1), 61–104.

Borges Pires, G. (2024). Binary or non-binary? Binary and non-binary? None? Looking at gender expressions in the Egyptian divine world. In N. Palincaş & A. C. Martins (Eds.), Gender and change in archaeology (pp. 35–68). Springer International Publishing.

Braga, I. D. (2015). Inquisição e género: em busca de especificidades. In J. B. Sánchez (Ed.), El alma de las mujeres: Ámbitos de espiritualidad femenina en la modernidad (siglos XVI‒XVIII) (pp. 127‒160). Universidad de Valladolid.

Busin, V. M. (2011). Religião, sexualidades e gênero. Revista de Estudos da Religião (REVER) 11(1), 105‒124.

Butler, J. (1990). Gender trouble: Feminism and the subversion of identity. Routledge.

Butler, J. (1993). Bodies that matter: On the discursive limits of “sex”. Routledge.

Butler, J. (2024). Who's afraid of gender? Farrar, Straus and Giroux.

Chakrabarty, D. (2000). Provincializing Europe: Postcolonial thought and historical difference. Princeton University Press.

Connell, R. (2005). Masculinities. Routledge.

Connell, R. (2021). Gender: In world perspective. Polity.

Crenshaw, K. (1989). Demarginalizing the intersection of race and sex: A black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum (pp. 139‒168).

de Groot, J., & Morgan, S. (Eds.) (2014). Sex, gender and the sacred: Reconfiguring religion in gender history. Wiley-Blackwell.

Díaz-Andreu, M. (2005). Gender identity. In M. Díaz-Andreu, S. Lucy, S. Babić, & D. N. Edwards (Eds.), The archaeology of identity: Approaches to gender, age, status, ethnicity and religion (pp. 13–42). Routledge.

Dubisch, J. (2016). Can there be religion without gender? In L. Gemzöe, M.-L. Keinänen & A. Maddrell (Eds.), Contemporary encounters in gender and religion. European Perspectives (pp. 31–51). Palgrave Macmillan.

Eliade, M. (1977). Tratado de história das religiões. Edições Cosmos.

Eliade, M. (1992). O Sagrado e o profano. Livraria Martins Editora.

Flood, G. (1999). Beyond phenomenology: Rethinking the study of religion. Bloomsbury Publishing.

Garí, B., Sala, M. S., Planas, M. S., Isabel, D. I. N., & Luque, A. R. (2014). CLAUSTRA. Propuesta metodológica para el estudio territorial del monacato femenino. Anuario de Estudios Medievales, 44(1), 21‒50.

Geertz, C. (1993). Religion as a cultural system. In The interpretation of cultures: Selected essays (pp. 87–125). Fontana Press.

Ghisleni, L. (2016). Introduction to “binary binds”: Deconstructing sex and gender dichotomies in archaeological practice. Journal of Archaeological Method and Theory, 23(3), 765–787.

Gross, R. (1977). Androcentrism and androgyny in the methodology of history of religions. In R. Gross (Ed.), Beyond Androcentrism (pp. 7‒19). Scholar Press.

Gomes, V. de J. (2019). “Com temária ousadia e pouco temor de Deus e da Justiça”: Clérigos sodomitas na Inquisição de Lisboa (1610‒1699) [Tese de doutoramento, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro].

Gomes de Almeida, I. (2015). A construção da figura da INANNA/IŠTAR na Mesopotâmia: IV‒II milénios a.C. [Tese de doutoramento, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa].

Goodison, L. & Morris, C. (Eds.) (1998). Ancient goddesses: The myths and the evidence. British Museum Press.

Haraway, D. (1991). Simians, cyborgs, and women: The reinvention of nature. Free Association Books.

Heller, B., & Franke, E. (2024). Religion und Geschlecht. De Gruyter.

Hilário, A. T. (2021). Do medo da individualidade à exaltação de competências: as freiras de Santa Mónica de Goa no século XVII. Língua-lugar: Literatura, História, Estudos Culturais, (4), 46‒65.

Höpflinger, A.-K. (2014). The circuit of gender constructions interrelating religion, gender and body. In A. D. Ornella, S. Knauß & A.-K. Höpflinger (Eds.), Commun(icat)ing bodies: Body as a medium in religious symbol systems (pp. 280–299). Nomos & Pano.

Höpflinger, A.-K., Jeffers, A. & Pezzoli-Olgiati, D. (Eds.). (2021). Handbuch Gender und Religion. Vandenhoeck & Ruprecht.

King, U. (1990). Religion and gender. In U. King (Ed.), Turning points in religious studies: Essays in Honour of Geoffrey Parrinder (pp. 275‒286). T&T Clark.

King, U., T. Beattie (Eds.). (2005). Gender, religion and diversity. Cross-Cultural Perspectives. Continuum.

Kinsley, D. (2002). Women’s studies in the history of religions. In A. Sharma (Ed.), Methodology in religious studies. The interface with women’s studies (pp. 1‒15). SUNY Press.

Leão, I. (2021). Transgressões sexuais femininas segundo os processos inquisitoriais de sodomia (1591-1639). Biblos, 7, 203‒224.

Marcos, S. (2012). Raíces epistemológicas mesoamericanas: La construcción religiosa de género. In S. Marcos (Ed.), Religión y género (pp. 235‒270). Trotta.

Masuzawa, T. (2005). The invention of world religions. Or, how European universalism was preserved in the language of pluralism. University of Chicago Press.

Moral, E. (2016). Qu(e)erying sex and gender in archaeology: A critique of the “third” and other sexual categories. Journal of Archaeological Method and Theory, 23(3), 788–809.

Musskopf, A. S. (2005). Quando sexo, gênero e sexualidade se encontram: reflexões sobre as pesquisas de gênero e sua relação com a Teoria Queer a partir da teologia. História Unisinos, 9(3), 184‒189.

Nelson, S. M. (2011). Gender and religion in archaeology. In T. Insoll (Ed.), The Oxford handbook of the archaeology of ritual and religion. Oxford Handbooks Online https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780199232444.013.0015

de Oliveira, A. P. & A. G. Enoque. (2020). Gênero e religião: um olhar sobre a pesquisa atual. Ciencias Sociales y Religión, 22, 1‒25.

Pilcher, J., & Whelehan, I. (2004). Fifty key concepts in gender studies. SAGE Publications.

Ribeiro, D. (2017). O que é lugar de fala? Letramento.

Ribeiro, D. (2020). Lugar de fala. Editora Jandaíra.

Roese, A. (2015). Religião e feminismo descolonial: os protagonismos e os novos agenciamentos religiosos das mulheres no século XXI. HORIZONTE‒Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, 13(39), 1534‒1558.

Sered, S.S. (1994). Priestess, mother, sacred sister: Religions dominated by women. Oxford University Press.

Scott, J. W. (1986). Gender: A useful category of historical analysis. The American Historical Review, 91(5), 1053–1075.

Vainfas, R. (2021). Sacralidade erótica em processos inquisitoriais portugueses. Escritas do Tempo, 3(9), 85‒98.

Vale, A. (2015). A mulher e a pré-história: alguns apontamentos para questionar a tradição e a tradução da mulher-mãe e mulher-deusa na arqueologia pré-histórica. Conimbriga, 54, 5‒25.

Vivanco, L.A. (2018). A Dictionary of cultural anthropology. Oxford University Press.

Warne, R. (2000). Gender. In W. Braun & R.T. McCutcheon (Eds.), Guide to the study of religion (pp. 140–154). Cassell.

Downloads

Publicado

28-12-2024

Como Citar

Pires, G. B., Gomes de Almeida, I., & Branco, I. A. (2024). Introdução (Vol. 38.3/2024). Divino Masculino, Divino Feminino, Divino Outro. Diacrítica, 38(3), 1–15. https://doi.org/10.21814/diacritica.6292

Edição

Secção

Artigos Temáticos