A polivalência das formas do modo condicional em português
DOI:
https://doi.org/10.21814/diacritica.6170Palavras-chave:
Condicional, Localização temporal, Modalidade epistémica, Evidencialidade reportativa, Condicionais hipotéticas e contrafactuaisResumo
Este artigo discute a semântica das formas verbais (simples e compostas) com o morfema -ria, classificadas na tradição gramatical portuguesa como instâncias do modo condicional. Trata-se de formas extraordinariamente versáteis, que podem associar-se a diversos tipos de valores, entre os quais serão autonomizados seis: valores de localização temporal relativa de tipo reichenbachiano, quer puramente prospetivos quer prospetivos-retrospetivos, valores modais epistémicos, valores evidenciais reportativos e valores condicionais, quer hipotéticos quer contrafactuais. Será feita uma análise individual de cada um destes valores, identificando as suas propriedades gramaticais distintivas, com comparação dos valores mais próximos entre si. Destacar-se-á a oposição entre contextos dêiticos e contextos anafóricos, na medida em que eles condicionam de modo muito significativo a escolha das formas verbais. Serão ainda apresentados os resultados da análise de uma amostra aleatória de 400 excertos com formas verbais com a desinência -ria no corpus de texto jornalístico português cetempúblico, com o objetivo de registar a prevalência dos diversos valores no registo escrito do português europeu contemporâneo.
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