A distribuição dos adjuntos temporais negativos no português contemporâneo: negação, concordância negativa e construções de grau

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/diacritica.5428

Palavras-chave:

Negação, Adjuntos temporais negativos, Concordância negativa, Construções comparativas, Superlativos

Resumo

Neste trabalho, analisa-se a distribuição contemporânea dos adjuntos temporais negativos do português, com destaque para os advérbios nunca e jamais. O foco é no português europeu, mas é também tido em conta o português brasileiro. Têm lugar central os dois contextos sintáticos em que estes adjuntos predominantemente ocorrem, a saber, posição pré-verbal, como genuínos operadores de negação (e.g., nunca minto), e posição pós-verbal, como expressões positivas existenciais em concordância negativa (e.g., não minto nunca). É também considerada, ainda que superficialmente, a sua ocorrência em contextos negativos elípticos, sem verbo. São estudadas separadamente, com algum pormenor, sequências de expressões negativas em posição pré-verbal, principalmente iniciadas por nunca: nunca ninguém, nunca nada, nunca nenhum N¢. Estas sequências, que têm recebido pouca atenção na literatura, ilustram a persistência da concordância negativa pré-verbal no português contemporâneo. É ainda analisada em detalhe a ocorrência contemporânea de adjuntos temporais negativos em contextos não negativos, nomeadamente de nunca em construções comparativas (e.g., melhor do que nunca) e de jamais em construções superlativas (e.g., a ponte mais comprida jamais construída). Todas as construções discutidas são documentadas com dados de corpora, nomeadamente de texto jornalístico contemporâneo (cetempúblico, para o português europeu, e NILC/São Carlos, para o português brasileiro) e de texto literário português dos últimos 500 anos (Vercial), sendo apresentados dados de frequência para as diversas construções.

Referências

Labov, W. (1972). Negative attraction and negative concord in English grammar. Language, 48(4), 773–818. DOI: https://doi.org/10.2307/411989

Marques, R. (2003). Para uma semântica das construções comparativas em português (Dissertação de doutoramento, Universidade de Lisboa, Lisboa).

Marques, R. (2007). Sintagmas negativos em construções comparativas do português. In M. Lobo & M. A. Coutinho (Eds.), Actas do XXII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística (pp. 447–463). Associação Portuguesa de Linguística.

Marquilhas, R. (2013). Fenómenos de mudança na história do português. In E. P. Raposo, M. do Nascimento, M. da Mota, L. Segura & A. Mendes (Orgs.), Gramática do Português (Vol. 1, pp. 17–45). Fundação Calouste Gulbenkian.

Martins, A. M. (1997). Aspectos da negação na história das línguas românicas (Da natureza de palavras como nenhum, nada, ninguém). In I. Castro (Ed.), Actas do XII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística (pp. 179–210). Associação Portuguesa de Linguística.

Martins, A. M. (2000). Polarity items in Romance: Underspecification and lexical change. In S. Pintzuk, G. Tsoulas & A. Warner (Eds.), Diachronic syntax: Models and mechanisms (pp. 191–219). Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780198250265.003.0008

Martins, A. M. (2015). Ordem de palavras e polaridade: Inversão nominal negativa com algum/alguno e nenhum. Diacrítica, 29(1), 401–428.

Matos, G. (1999). Negative Concord and the Scope of Negation. Catalan Working Papers in Linguistics, 7, 175–190.

Peres, J. A. (1994). Concordância negativa através de fronteiras frásicas. In Actas do X Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (pp. 435–451). Associação Portuguesa de Linguística.

Peres, J. A. (1997). Extending the notion of negative concord. In D. Forget, P. Hirschbühler, F. Martineau & M.-L. Rivero (Eds.), Negation and polarity, syntax and semantics (pp. 289–310). John Benjamins. DOI: https://doi.org/10.1075/cilt.155.15per

Peres, J. A. (2000). On the nature and licensing conditions of N-phrases in Portuguese. DELTA, 16, 165–199. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-44502000000300007

Peres, J. A. (2013). Negação. In E. P. Raposo, M. do Nascimento, M. da Mota, L. Segura & A. Mendes (Orgs.), Gramática do Português (Vol. 1, pp. 461–498). Fundação Calouste Gulbenkian.

Pinto, C. (2021). Minimizers and the syntax of negation: A diachronic and comparative approach from European Portuguese (Dissertação de doutoramento, Universidade de Lisboa, Lisboa).

Raposo, E. P. (2013). Advérbio e sintagma adverbial. In E. P. Raposo, M. do Nascimento, M. da Mota, L. Segura & A. Mendes (Orgs.), Gramática do Português (Vol. 2, pp. 1569–1684). Fundação Calouste Gulbenkian.

Corpora consultados

Linguateca. (2001). CETEMPúblico 1.7 (v. 11.5) [Corpus eletrónico]. https://www.linguateca.pt/acesso/corpus.php?corpus=CETEMPUBLICO

Linguateca. (2023). NILC/São Carlos (v. 14.2) [Corpus eletrónico]. https://www.linguateca.pt/acesso/corpus.php?corpus=SAOCARLOS

Linguateca. (2024). Projeto Vercial (v. 15.1). [Corpus eletrónico]. https://www.linguateca.pt/acesso/corpus.php?corpus=VERCIAL

Downloads

Publicado

16-07-2024

Como Citar

Moia, T. (2024). A distribuição dos adjuntos temporais negativos no português contemporâneo: negação, concordância negativa e construções de grau. Diacrítica, 38(1), 226–253. https://doi.org/10.21814/diacritica.5428