O humor no conto fantástico de Cortázar e de Lygia Fagundes Telles
Uma poética da destruição
DOI:
https://doi.org/10.21814/2i.6214Palavras-chave:
humor, ironia, paródia, alegoria, destruiçãoResumo
O artigo analisa o humor em contos fantásticos e insólitos de Julio Cortázar e Lygia Fagundes Telles. Tal humor dessacralizante, que promove a explosão dos costumes, funciona como um “mecanismo de reconstrução, comparável à construção de um túnel, que se constrói a partir dos destroços do que havia; o túnel nasce da destruição” (Cortázar, 2015). Em “Instruções para dar corda no relógio”, em seu “Preâmbulo”, em “Tia em dificuldades”, de Cortázar; e em “As formigas”, “Presença” e “Seminário dos ratos”, de Lygia Fagundes Telles, a ironia tem um papel importante no jogo alegórico, no qual jogo e luto estão intrincados, e encarna o que Benjamin chamou de uma “poética da destruição” (Benjamin, 1987). O artigo investiga o caminho corrosivo do humor nesses textos, em sua potência destrutiva de um riso que só se pode emitir sem pulmões (Kafka, 1999), mas, sobretudo, em sua afinidade alegórica, como janelas abertas a novas possibilidades de significação.
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